Então os veículos de comunicação de massa prepararam suas equipes para a cobertura dos Jogos Pan-americanos no Rio de Janeiro. Manchetes diárias, longos minutos da programação no rádio e na TV… De repente, um avião explode ao lado do aeroporto de Congonhas. E quando um país inteiro ainda lamentava a tragédia, é a vez do ACM passar dessa para uma melhor.

Eu pergunto: depois de uma semana dessas, alguém lembrava que tinha corrida de Fórmula 1 neste domingo?

E olha que os bastidores da categoria estão agitados há dias, graças a um caso muito mal contado. Envolve uma provável (ou não) sabotagem dos carros da Ferrari, feita pelo ex-mecânico-chefe da escuderia italiana, Nigel Stepney. Sujeito cada vez mais enrolado em função de seus contatos misteriosos com o ex-desenhista-chefe da McLaren, Mike Coughlan, que admitiu ter recebido informações confidenciais. Uma história cabeluda, cujo desfecho é uma incógnita.

Enfim, chegamos ao GP da Europa, no circuito de Nürburgring, Alemanha. Logo no treino classificatório, o líder da temporada Lewis Hamilton tentou chamar atenção do mundo de uma forma, digamos, pouco feliz. A roda dianteira direita de sua McLaren quebrou em alta velocidade – Hamilton só foi parar na barreira de pneus. “Aconteceu de tudo comigo aqui. Cheguei resfriado, tive um dos piores acidentes da minha vida, saí duas vezes da pista e ainda por cima choveu”, reclamou Robinho, que apesar de tudo, ainda conseguiu correr e ainda chegar em nono.

Isso porque Hamilton precisou driblar a pista molhada, coisa que praticamente ninguém conseguiu após a largada, culminando com a presença do “carro madrinha”. Nessa altura, um dos únicos que haviam colocado pneus de chuva era Markus Winkelhock – o estreante da Spyker, que comparado ao holandês Christijan Albers, aquele que deixou os boxes carregando a mangueira de combustível, mostrou que é mais esperto. Tanto que, durante algumas voltas, chegou a liderar.

Diante dessa confusão, nosso Felipe Massa fez uma corrida brilhante, assumindo a liderança e sustentando-a praticamente até o fim. Não fosse mais chuva e uma troca emergencial de pneus, dando a Alonso uma chance de ouro para vencer, a sorte do brasileiro certamente seria maior. A ultrapassagem do espanhol metido a besta rendeu um bate-boca entre os dois antes da “festa” no pódio, já que houve um toque entre os dois.

Resumidamente: foi uma corrida e tanto, repleta de alternativas emocionantes. Massa que o diga. “Foi uma pena perder no final, mas este tipo de coisa às vezes acontece. Ainda temos uma longa estrada pela frente na temporada e precisamos ser confiantes”, diz ele. Ainda faltam sete provas, e apesar da diferença grande (Hamilton tem 70 pontos, Alonso 68, Massa 59 e Raikkonen 52), a briga pelo título continua emocionante.

É uma pena que os eventos da semana tenham atrapalhado o impacto dessa constatação.

(Para entender a aposta, leia a parte 1. E se quiser mesmo acompanhar e entender de verdade o mundo do automobilismo, leia o Livio Oricchio, o Fábio Seixas e o Flávio Gomes).