Ponto com ponto bê erre: finalmente, o óbvio

Causou estardalhaço um e-mail singelo enviado pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR nesta quarta-feira – eu mesmo recebi e esbarrei com essa mensagem na web algumas dezenas de vezes. Resumidamente, para quem não viu (o que duvido): a partir do dia 1º de maio, qualquer domínio com extensão COM.BR, outrora exclusivo a proprietários de CNPJ (empresas), poderá ser registrado também por mortais portadores de um CPF.

Isso mesmo: qualquer cururu terá mais essa excelente opção de registro de domínio. Até agora, pessoas físicas e profissionais liberais só podiam se esbaldar com extensões bacanas como NOM.BR, BLOG.BR, GGF.BR, ZLG.BR, CNG.BR ou ainda TMP.BR…

Quer dizer: essas extensões que praticamente ninguém usa vão cair rapidamente no esquecimento.

A maior parte destes domínios-bomba foram criados em 1998, e apesar de fazer todo sentido rotular sites de acordo com o tipo de assunto, nem mesmo dez anos foram suficientes para deixarem seus postos insignificantes. Ou melhor: nos últimos dez anos, nem Fapesp nem NIC.BR se deram conta: o mundo já define qualquer site, independente de forma e conteúdo, como “qualquer coisa ponto com”. Tanto que, desde os primórdios, qualquer brazuca munido de cartão de crédito internacional pode ter em mãos domínios .COM ou mesmo .ORG – é só pagar.

As estatísticas escondem ainda outro detalhe bobo: francamente, o que os interessados sem CNPJ faziam quando desejavam um registro COM.BR? Simples: descolavam um amigo acostumado a trabalhar como free-lance (e, consequentemente, receber seus vencimentos como pessoa jurídica) para realizar a tarefa. A novidade, que não deixa de ser excelente, só oficializa o óbvio ululante.

Outra constatação ainda mais evidente: em pouquíssimo tempo, aquele número de 1,2 milhões de registros COM.BR vai dobrar (alguém arrisca um palpite?). De qualquer forma, pra mim não muda muita coisa: marmota.com.br já tem.

Comentários em blogs: ainda existem? (3)

  1. Ainda tem o agravante de que o nom.br só permite registro de domínio com duas palavras separadas por ponto… a idéia seria que as pessoas físicas registrassem seus nomes e sobrenomes… arrã 😛

  2. Não acho que irão acabar os domínios que não sejam .com.br, .gov.br, .org.br, mas sim acho que eles poderão ser usados de outra forma.

    Um dos grandes problemas da internet brasileira, como sabemos, é a grande quantidade de pessoas que estão no mundo para apenas e tão somente emitirem mais CO2. São aquelas que escrevem comentários idiotas nas notícias, são aqueles que fazem confissões significativas como “só consigo cagar peladão”, entre outros demonstrativos de frivolidade. Não são nem de longe maioria em nosso corpo de internautas, mas são uma minoria das mais barulhentas.

    Muita gente não vai querer esse tipo de audiência em seus sites e, portanto, fará de tudo para dificultar a vida e o acesso desses ANALfaburros funcionais. Uma das características dos tais é a de justamente terem um raciocínio mais binário que o deste computador em que escrevo este comentário.
    Portanto, esses só têm na cabeça a possibilidade de domínios na internet serem .com, .org ou .gov. Toda a outra miríade de domínios simplesmente não consta no software mental (quiçá no hardware) dessas pessoas.

    E é aí que entra o uso dos outros domínios como maneira de selecionar o público sem usar expedientes ostensivos e sem de forma alguma restringir qualquer acesso. Já vi gente famosa por aí que tinha domínio .com.br trocar para .art.br, por exemplo. E garanto que não perderam audiência. Aliás, é audiência das mais fiéis e garanto ser numerosa.
    Por isso, com o acesso ao .com por parte das pessoas físicas e a desvalorização dos ponto-outra-coisa, poderemos ter, isso sim, uma nova abordagem para esses domínios, que mais e mais mostrarão a especificidade que possuem. E quem souber aproveitá-las bem poderá se dar bem.

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