Creio que não há assunto mais palpitante para iniciarmos nossa série de textos aleatórios sobre este grande evento, que nasceu na Grécia Antiga carregado de ideais esportivos, chegou à Era Moderna carregando o lema “o importante é competir” e chega a 2008 ao país com maior potencial consumidor do mundo – perfeito para receber uma competição que, nos últimos anos, só parece ser mais interessante graças aos acordos de marketing…
Mas enfim. Paralelamente às questões econômicas, cada vez mais relevantes num evento gigante como este (qualquer cidade-sede investe bilhões de dólares em infra-estrutura e outras despesas operacionais elevadas), o Tibete fez sua lição de casa: repetiu a repercussão do massacre da Praça da Paz Celestial, em 1989, aproveitando os holofotes da mídia internacional na cobertura olímpica para colocar lenha em uma fogueira que já tem mais de 50 anos. As imagens bélicas e as informações contraditórias produzidas pela incongruente censura chinesa também contribuem na amplificação das vozes em busca da paz.
Pessoalmente, eu sou a favor da liberdade no Tibete e da preservação dos direitos humanos. Também defendo até o fim o seu direito de manifestar sua opinião, seja desligando a TV durante às Olimpíadas, em em seu blog ou na rua, tentando apagar a tocha (é bobo e inócuo, mas enfim). Acho perfeitamente válido associar questões políticas ao evento esportivo (ainda que os assuntos não estejam exatamente relacionados), para abrir os olhos do mundo.
Eu só questiono autoridades e líderes nacionais cogitando a hipótese de não enviar seus atletas aos Jogos, acreditando que esta é uma boa idéia para pressionar os chineses. Por várias razões.
Primeiro ponto – Há uma pequena diferença semântica. Os Jogos Olímpicos não pertencem a Pequim; apenas serão realizados lá. Isto é: o COI utiliza a cidade como um “hospedeiro”, um “estúdio de TV” para produzir o espetáculo. Cotas de patrocínio, direitos de transmissão de TV, venda de ingressos… Tudo isso viabiliza as ações do Comitê Organizador, mas vai parar nas caixas registradoras de empresas do mundo todo.
O que resta aos chineses? Simplesmente o privilégio de receber um verdadeiro “circo” na cidade, mas com uma diferença: boa parte das “lonas” são permanentes. Tanto as praças esportivas (incluindo o inegavelmente sensacional “Ninho de Pássaro”) quanto a infra-estrutura estão sob responsabilidade do país-sede, que deve gastar US$ 40 bilhões só nisso (mesmo com “mão-de-obra barata”). Fica a critério do regime chinês decidir o que vai fazer com os “elefantes brancos” que restarem, ao mesmo tempo em que resolvem questões envolvendo crescimento sustentável. Ou seja: quando terminarem, as Olimpíadas serão mais um problema pra eles.
Segundo ponto – Tudo que um boicote olímpico consegue fazer é espuma. Em 1956, delegações de todo o mundo protestaram contra a invasão soviética na Hungria ou à represália francesa no Canal de Suez, Egito, e não foram à Melbourne. Em 1976, algumas nações africanas inconformadas com a Nova Zelândia, que “quebrou” o banimento da África do Sul (em pleno apartheid) no rúgbi, sentenciaram: “ou vai o país da Oceania ou vamos nós”. E os neo-zelandeses foram a Montreal. Finalmente, em 1980, os EUA convenceram 62 países a desistirem dos Jogos de Moscou, contra um regime que só acabou uma década depois. A resposta birrenta veio quatro anos depois, em Los Angeles, quando os soviéticos e um bloco de 14 países comunistas não participaram.
E eu pergunto: em quê isso interferiu na história? Alguém por acaso lembra da importância dessas desistências todas no cenário político? Entre tantas razões para boicotarem uma Olimpíada, a primeira que me vem a cabeça é Atlanta-1996, um evento descartável que só existiu por causa da Coca-Cola. Essa sim mereceria boicote por total desrespeito olímpico. Outra razão que parece óbvia para evitar uma competição: o regime nazista e a busca pela superioridade ariana em Berlim-1936. Já imaginaram o que seria se os EUA e Jesse Owens tivessem boicotado?
Terceiro ponto, e pra mim o mais importante deles – Nenhuma autoridade ou líder de uma nação sabe o que é viver treinando em função de um ciclo olímpico. Todo atleta de alto rendimento, em qualquer modalidade olímpica e independente das condições financeiras, do apoio das confederações ou da possibilidade de bons resultados, sonha com o dia de participar de uma Olimpíada e ter seu nome gravado na história do esporte – ainda que no rodapé da página.
Claro que, se o dito cujo tiver sua consciência política e, por vontade própria, conversar com seu treinador, seus patrocinadores, seus parentes e fãs, anunciando “quero o Tibete livre e por isso não vou a Pequim”, maravilha. Seria tão bacana quanto não participar das cerimônias de abertura e encerramento, o que eu também apoiaria. Agora, forçar a desistência de um atleta e negar sua participação, seja em Pequim, Londres, Rio ou onde for, é uma falta de respeito descabida.
E outra: se a comunidade internacional realmente quer fazer algo para demonstrar que o Tibete merece liberdade e que o regime chinês não está certo, por que não trocar o manjado barulho olímpico por atitudes mais sérias, como embargos econômicos ou outras sanções comerciais? Mais: esse conflito já tem mais de 50 anos… Por que não agiram antes? Ah, existem um bilhão de potenciais consumidores lá, né? Puxa, que pena.
Manifesto de pijama – É em respeito a muitos destes heróicos cidadãos, especialmente os brazucas, que não pretendo deixar de acompanhar os Jogos Olímpicos de Pequim, ainda que o fuso horário seja realmente ingrato. Quero torcer pelos atletas que tem reais chances, aplaudir a imensa leva de amadores que vão “buscar suas lições para Londres” para, daqui a quatro anos, “buscarem suas lições para a próxima”, dar risada com a eliminação precoce da equipe de futebol masculina, além de me divertir um bocado com as inevitáveis gafes de uma transmissão ao vivo.
Mas enfim, só para não parecer completamente fora do movimento “desligue sua TV durante as Olimpíadas”, desde já anuncio a quem interessar: não pretendo assistir nem mesmo comentar qualquer competição de badminton, levantamento de peso, tiro, luta greco-romana, softbol, além da prova mais entusiasmante: adestramento equestre. Já tá bom, vai.
Não poderia esperar outra atitude de alguém que conta os dias pra chegada dos jogos! 😉
E já conversamos sobre isso: boicote, Alemanha, etc., e concordo contigo. Abaixo o manifesto das bananas de pijama!
Sem contar que essa é a Olimpíada do Nara, não podemos deixar de torcer! hahahahahahahahahahahaha
Marmota, se eu te disser que a-do-ro a prova de adestramento equestre? É fofo, os cavalinhos dançam, andam de ré. Tem o malhadinho, o pretinho, o castanho…
O gozado é que todo mundo de repente esquece que seu próprio país tem problemas também…
Mas isso é algo inerente da raça humana.
Uma burrice que desperta a “coragem edificante indignada em defesa dos indefesos”.
Uma falta de senso escrotamente lapidada no dia-a-dia petrificante, que tira nosso caráter.
E o que dirão as dezenas de pessoas mortas pelo tráfico, só lembradas após a morte de um” fantástico e irretocável” Tim Lopes?
Bonito mesmo, é esbravejar na porta da casa dos Nardoni manifestando sua retidão de caráter, sua “preocupação com as criancinhas” e depois dar dinheiro a uma criança no semáforo.
Os romanos ensinaram bem, na Copa e na Olimpiada, tudo fica supimpa.
Espero que não me contem nas estatísticas do boicote, porque eu nunca assisti Olimpíadas mesmo… 😀
André,
Caso você não tenha lido a edição da Folha do dia 11, dê uma lida aqui:
http://hsliberal.zip.net/arch2008-04-06_2008-04-12.html
Abração
Bem, é um outro ponto de vista, também correto, eu entendo e respeito. Já eu gostaria de ser um dos bobos inócuos que tentam apagar a tocha olímpica, hehehe! E se ela viesse pro Brasil eu tentaria. 🙂
Abraço!
Tirou todas as minhas dúvidas,valeu mesmo ,muito interessante…Adoreiiiii!!
Pois é, cansei de criticar os chinas!
Vamos deixar de hipocrisia!
Na china quem brutaliza um animal é mal visto, e quem come carne de caes e gatos é considerado caipira ignorante! sao pequenas minorias de chineses que brutaliza e come cachorros e gatos. isso é um fato!
Toda essa campanha contra china não passa de preconceito racial com interesses políticos e econômicos. Nos anos 30 ate anos 70 fizeram a mesma coisa com os japoneses, diabolizaram e incriminaram injustamente os japoseses, criaram mitos pejorativo sobre os japoneses com propósito de justificar o genocídio que os yankees cometeram na 2 guerra mundial… os yankees justificaram orgulhosamente o genocídio de Hiroshima e Nagasaki, ocultaram Massacre de Dresden, ocultaram o estupro do Monte Cassino, os abusos no Iraque etc…E todo mundo aplaudiu o genocídio. Os americanos financiaram e apoiaram secretamente o regime de Mao tse tung durante a 2 guerra mundial, portanto, os E.U.A tem toda responsabilidade pelo comunismo chines, eles financiam e depois condenam. Ridículo!
O povinho da china? É justo condenar um povo, um país inteiro por causa do Lula?
Os asiáticos nunca fizeram nada de ruim aki, nunca soltaram uma bomba aki, nunca usaram ópio para escravizar as pessoas, nunca montaram uma campanha de difamação e calunia contra os outros países, o povo chines são na verdade muito pacíficos, eles nao querem dominar o mundo, nao pensam em escravizar a humanidade, os asiaticos nao sao um povo racista, eles sao apenas fechados culturalmente (preconceituosos), os verdadeiros racistas somos nós os ocidentais, que valoriza muito a Pureza racial, DNA, Eugenia, Nazismo, Illuminati, Bildenbergs, Hierarquia racial, Lembrando que tem racismo aki também, os loiros escandinavos são endeusados, e os latinos e mestiços são considerados inferiores, Normal?
São pessoas arrogantes, presunçosos, racistas, sem ética, sem vergonha, sao todos brainwasheds!
Junta todos eles e manda direto pra câmara de gas, e o que sobrar deles junta em uma cidade e manda uma bomba. Terceira guerra mundial poderia ser evitado.