O pequeno exército de Branco Leone

No Canto da Madalena

Semana passada tive o privilégio de reencontrar muitos amigos, além de conhecer gente bacana no Canto da Madalena. O pretexto era literário: Alex Castro e Luiz Biajoni lançaram suas novidades imperdíveis sob a batuta d’Os Vira Lata.

Estava no “canto do canto” trocando figurinhas com o Doni, o Tiago Dória e o Roger quando um garotinho simpático surgiu com uma máquina fotográfica. “É a mini-equipe de reportagem!”, brinquei. Ele sorriu.

Mas eu estava enganado. Ele não era simplesmente a mini-equipe de reportagem. Pedro era engrenagem fundamental para o sucesso daquela editora independente. Não demorou para que o jovenzinho reaparecesse, ao lado de Anna, a irmã mais velha. Exibiam uma folha plastificada, com a relação de livros disponíveis, preços e ofertas. “Vocês querem ver o cardápio?”, diziam.

E eu caí na besteira de de segurar o cardápio. Fiz pior: perguntei “o que vocês recomendam?”. Os dois não só apontavam para as sugestões “combo” (que incluia todos os lançamentos da noite) como ofereciam a “xepa”, com publicações mais antigas (incluindo uma a R$ 5, para quem “não tinha troco”).

No Canto da Madalena

Eu não tinha muito tempo para hesitar: a duplinha insistia, usando artifícios pesados. “Compra, tio! Por favor! Se ninguém comprar, não vamos jantar esta noite!”, diziam. “Mas isso não pode, é exploração infantil!”, retrucava. “Não, tio. Estamos nessa vida por que a gente quer”, devolviam. Definitivamente, não havia como driblar a eficiência da “mini-equipe de vendas”. “Tio, aproveita e leva esse aqui. É muito bom, tá todo mundo comprando também. Vale muito a pena”, reforçava Pedro, indicando Os melhores (e alguns dos piores) textos de Branco Leone. Cujo autor, numa dessas coincidências estranhas do destino, é o responsável pela editora. E pai das crianças.

Antes de cometer injustiças, reproduzo a explicação oficial: “Alex Castro, chantagista profissional, percebendo o poder comercial da pedochantagem, instrui meus filhos para o corpo-a-corpo que deveriam impetrar sobre os que passassem por perto (ou nem tão perto assim) das mesas do lançamento. Quando dei por mim, Anna e Pedro, como moscas na bosta, colavam em todo desavisado que passasse por ali, compra tio, compra tio, mendigos mirins vendendo chicletes num semáforo. Deprimente. Cheguei a ver os dois agarrados às pernas do Inagaki que, por instantes, ficou sem saber o que fazer. Quase comprou os livros de novo, tendo-os”.

Você também pode achar a estratégia discutível, mas eu achei sensacional. Tanto que fiz questão de “rapar a banca” e comprar um de cada. A alegria e o entusiasmo das crianças foi tanta que, para celebrar, decidi que Pedro e Anna deveriam autografar o livro do Branco Leone. “Pelas recomendações de todos, e principalmente minha, você acaba de receber um ótimo livro”, escreveu Pedro, sem qualquer influência ou sugestão minha. “Quando eu crescer, vou escrever meu livro também”, revelou, entusiasmado. Tomara, Pedro. “Ah, eu quero assinar também”, interpelou Anna. “Obrigada por comprar estes livros, você está nos ajudando muito”.

No Canto da Madalena

Enquanto os marmanjos se divertiam madrugada adentro, os pequenos heróis terminaram a brincadeira, escolheram uma das mesas, cochilaram e sonharam um pouco mais, alheios a tudo. Como toda criança deve fazer.

Ah, sim. Para conhecer Pedro e Anna, os irmãos precoces, basta assistir ao comercial do livro. Quer mais fotos? A Sandra colocou várias aqui.

Comentários em blogs: ainda existem? (8)

  1. marmota, meu rei, estou aqui em salvador e queria te pedir uma ajuda. o assunto cuba vai ser forte no esporte esses dias. eu nao conheco ninguem na imprensa esportiva a nao ser vc… vc nao teria como repassar esse meu ebook de cuba pra alguns colegas seus por aih que estejam planejando pautas pra falar de cuba nao? vc eh lindo, meu rei… alex castro, de salvador…

  2. Marmota, precisava ver a cara deles lendo isto. Adoraram e agradecem a deferência.
    Engraçado é perceber que tudo parece um plano (malignamente?) engendrado desde o comercial do meu livro no YouTube. Não foi. Isso acontece só porque eles estão comigo o tempo todo, participando de tudo sempre satisfeitos (ai deles se não estiverem!), e dá nisso.
    Espero que goste do livro.
    Valeu. Abração.

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