Declarações infelizes

O Grêmio é mesmo imortal! Isso é mais uma prova da imortalidade do Grêmio!”, teria dito disse o diretor de futebol do Grêmio e rei das frases estúpidas, Paulo Pelaipe, à Rádio Bandeirantes de Porto Alegre, ao tranquilizar a torcida e as famílias informando que a delegação tricolor não estava no vôo JJ 3054, aeronave que se acidentou na noite desta terça-feira em São Paulo.

(Por uma coincidência extemamente infeliz, o advogado e ex-presidente do Inter Paulo Rogério Amoretty estaria no vôo, segundo as primeiras informações estava no vôo).

Mais infeliz ainda foi a declaração do superintendente da Infraero, Edgar Brandão Filho, no dia 29 de junho, a respeito da ausência de ranhuras na pista em Congonhas. Antes da obra, quatro aviões tinham derrapado na pista, e por essa razão a pista foi interditada e reformada, mas entregue sem o chamado “grooving”, responsável pelo escoamento de água e a frenagem das aeronaves. “Mesmo sem ter o grooving, a pista poderá operar normalmente. Não há possibilidade de chuva forte até lá”.

Pois é. Antes da tragédia da TAM desta terça, outro avião, da Pantanal, também derrapou. Estranho, não?

Atualizado – É óbvio que a tragédia mexeu com todo mundo, o primeiro sentimento é de tristeza. Convém lembrar, no entanto, que essa infelicidade só amplifica outras declarações infelizes, como “os passageiros podem ter um pouco mais de paciência,” “é a prosperidade do país, mais gente viajando”, “a responsabilidade é dos acontecimentos”, “o país pode agüentar essa situação indefinidamente” e, como não poderia deixar de ser, “relaxa e goza”.

Angar da TAM? ANGAR???Atualizado, de novo – A Laura deu a dica aqui, e o professor Alex Primo trouxe em seu blog outra história infeliz: a Globo Online embarcou em uma matéria da RBS, colocando um professor de comunicação entre as vítimas. A discussão sobre o fetiche do “tempo real” é das antigas – o que dizer desse parágrafo lançado por alguém da Gazeta Mercantil, minutos depois da colisão? Trata-se de mais um, entre os inúmeros tópicos, que podem ser debatidos após este o acidente.

Comentários em blogs: ainda existem? (10)

  1. A cobertura ao vivo produz grandes pérolas, como essa declaração infeliz do diretor de futebol do Grêmio.

    (Alguma chance de o Pan voltar a ser destaque na mídia amanhã?)

  2. Acho inconcebível ainda a simples existência de uma aberração como Congonhas no meio de São Paulo. Quantos acidentes vamos ter que acompanhar impassíveis até que alguém tenha o bom senso de trocá-lo por um mais afastado da cidade? As autoridades responsáveis pelo setor no Brasil realmente conhecem o movimento de pousos e decolagens daquilo? O número de casas construídas ao redor (o que, por si só, é um erro desde o começo)?

    Mas ainda acho que a suposta frase do Pelaipe foi de um mau gosto tremendo!

  3. Caro,

    Antes de escrever sobre o que você ACHA que alguém disse (como é o caso do dirigente do Grêmio), pesquise antes e tenha certeza. Ele não disse isso, e no link indicado, também não tem nada.

    Se for só pra fazer sensacionalismo, poupe-nos.

    É curioso como ninguém se identifica quando faz uma crítica. Se alguém me disser que, realmente, ele não soltou essa frase em uma transmissão ao vivo da Bandeirantes de Porto Alegre (o link indicado é a Globo.com, não vai ter nada mesmo), a retratação é imediata.

  4. ontem um repórter na transmissão ao vivo, entre outras pérolas, lançou: “o mais engraçado é que não encontraram carros, motos no local”

    Engraçado foi de total infelicidade, dentro do contexto.

  5. André:

    Tava lendo o blog da Gabriela tardão de madrugada (ou cedo na madrugada) quando ela citou o desastre e perguntei ao ar: outro?
    As bruxas estão soltas. Tadinho do Grêmio, com boca grande não se entra no céu, que nem conta a piada do sapo e do corvo.

  6. As declarações a respeito da imortalidade do Gremio estrapolaram o “nervosismo” que, eu espero, o presidente estivesse tomado naquele momento. Alguns gremistas conseguiram elaborar o mesmo comentário em listas privadas do time. LAMENTÁVEL A FALTA DE HUMANIDADE!

    Somando-se a todos os absurdos, a cobertura ao vivo foi mesmo “ouro” na noite de ontem. Um exemplo? Uma matéria do webjornal “Globo Online” anunciou a morte de um professor da comunicação no acidente – ele não estava no vôo.

    O erro grotesco aconteceu pq o jornalista da RBS (de onde partiu a notícia) jogou o nome de uma das vítimas no google e o primeiro link remeteu o ‘jornalista’ ao curriculo Lattes do referido professor. A matéria subiu pro Globo Online… 🙁

    Felizmente o professor está bem, não estava no vôo.

  7. O pessoal da Gazeta Mercantil nem parou pra pensar que é inviável um hangar do outro lado da avenida à frente do aeroporto. Já imaginou o avião atravessando a Washington Luiz toda vez que precisasse voltar pro hangar?

    Sobre o acidente, creio que o único jeito de acontecer algo é nós, passageiros, nos negarmos a decolar ou pousar no aeroporto de VERGONHAS. Eu já comecei o boicote.

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