Tinha preparado meu espírito para a última sexta-feira santa, na expectativa de que o assunto primordial da noite seria o evangelho apócrifo de Judas. Divulgaram esses dias que o manuscrito é realmente do século III ou IV – o que não quer dizer que o seu conteúdo seja verídico. Também concordo com a Luciana em outro aspecto: se Jesus sabia ou não exatamente qual seria o papel de Judas – “eu sei que você vai me trair pensando em me tornar um grande líder” -, o fato é que a malhação do sábado é uma ode desnecessária à violência.
Mas enfim. Judas foi o quarto assunto mais comentado da mesa – basicamente porque Márcio “encarnou” o personagem ao lado do primo Adriano, o “Jesus”. O primeiro tema foram as figurinhas da Copa, evidentemente. O segundo foi a ida de Lello Lopes a Buenos Aires, o que enfraqueceu nosso encontro ecumênico: normalmente, as grandes asneiras religiosas saem da boca dele.
O terceiro assunto predominante em nosso tradicional encontro foi o termo “paixão de Cristo”. Porque todos sabem o significado: Jesus carregou sua cruz até chegar ao monte Calvário, onde morreu para salvar a todos. A história, todos conhecem. Mas o que tem a ver o termo “paixão” com isso? Você tem alguma idéia?
A pergunta foi levantada por Narazaki, que logo emendou com sua resposta: a palavra “paixão” foi empregada como uma mensagem subliminar pelos cristãos, em alusão à forte presença de Maria Madalena nessa história. Opinião compartilhada pelo Marcelo. Para esquentar o debate, Pinguim trouxe sua incrível versão. “No dia da morte de Cristo, este voltou aos céus, à casa do Pai. Ou seja, voltou a pisar no chão da casa de Deus. Por isso é Sexta Feira da Pai Chão”. Incrível.
Minha opinião foi outra, ligada diretamente à pior definição do termo. Qualquer um que tenha se apaixonado um dia na vida sabe o quanto isso pode acarretar. Ela pode te dar prazer, mas ao mesmo tempo esfola nosso corpo, deixando marcas durante muito tempo. Tem paixão que nos fortalece, e tem aquelas que nos destrói. E as duas, a boa e a ruim, são a mesma ao mesmo tempo.
A noitada regada a picanha e maminha na manteiga rendeu algumas figurinhas novas, mas não uma resposta. Já em casa, fui ao dicionário em busca de respostas. E lá estava a definição religiosa: “as provações de Cristo e dos mártires – usa-se Paixão com maiúscula”. Mas também estavam as outras. Movimento violento e impetuoso do ser para o que ele deseja. Afeto excessivo. Arrebatamento, cólera. Sofrimento, padecimento prolongado.
Nada me tirou da cabeça a idéia de que as duas idéias se confundem. Assim como Jesus, qualquer apaixonado se entrega por amor, e vai para o sacrifício sem pedir nada em troca na maioria das vezes. De um jeito ou de outro, nos dois casos, a paixão converge para o mesmo significado: ninguém gostaria de passar por um caminho confuso e dolorido, mas vez ou outra é necessário. A sensação é péssima, mas a ressurreição virá.
Não deixe de perder ainda:
– A Via Sacra segundo os Estúpidos
– O Evangelho segundo os Estúpidos
– O Pentecostes segundo os Estúpidos
Continuo achando a minha versão a mais palpável.
Um abraço!
é nos debates que construimos o conhecimento. Sem esse tipo de experiência você não teria a curiosidade de procurar a palavra Paixão no dicionário, hehehehe. Você deveria ler Operação Cavalo de Tróia para ter mais coisas com que debater.
Eu li Operação Cavalo de Tróia 1, 2, 3 e 4! De fato, a obra enriqueceu meu arsenal de asneiras para serem faladas a cada Sexta-Feira Santa na Churrascaria.
Sigam-me em direção ao inferno!
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=11733663
Eu não quero é nem saber fui o judas da noite mesmo e quero mais é encontrar com Jesus no inferno porque ele tambem se acabou de comer carne ahahhahahahahaha.
Ano que vem estaremos nos lá novamente .
abração a todos.
SalVe, amigão!
1º gostei do seu espaço. Venho lhe visitar mais vezes. Gosto de blogs com conteúdo, e o seu tá dez!
Sobre Jesus e Judas, acho interessante saber embora não vá mais mudar alguma coisa na história sobre o tema, não é?
A essa altura do campeonato, não adiantaria mais nada saber a verdade.
Jesus já morreu mesmo!
Mas, em termos cultural é bem interessante…
E parabéns pelo blog!