A TV Pirada de Yankovic

Quem nunca conversou com a família ou os amigos sobre a qualidade do que se vê na televisão? Quantas vezes você já não discordou da maioria deles ao insistir que “aquele programa é uma droga”? Sem falar nas muitas situações em que você é obrigado a ficar na frente da telinha gastando o dedo no controle remoto, se perguntando como alguém é capaz de assistir tanta porcaria.

Esse assunto, que vez ou outra aparece na mídia principalmente às vésperas de novas estréias e formatos inovadores, já rendeu também uma série de filmes, discutindo essa verdadeira máquina de fazer doido e principalmente de quem domina essa encrenca. Entre aqueles que eu tive a chance de ver, destaco um que certamente poucos tiveram o prazer de encontrá-lo: chama-se TV Pirada (nome original: UHF), dirigido e estrelado pelo músico e comediante ‘Weird Al’ Yankovic.

Para quem não conhece, Yankovic fez um grande sucesso nos EUA, especialmente na MTV americana durante a década de 80, graças as suas paródias musicais, tais como “Smells Like Nirvana” e “Fat”. Um de seus trabalhos mais conhecidos foi a abertura do filme “Duro de Espiar”, em 1996, onde aparece com seu visual inconfundível: óculos, cabelos compridos e enrolados e um bigode do tipo “gigolô”. Da mesma forma ele aparece de relance nos filmes da série “Corra que a polícia vem aí”.

Mas voltando. O filme, de 1989, conta a história de George Newman. Um sujeito sonhador, daqueles que divagam e se perdem em seus próprios pensamentos na pele de Indiana Jones ou Mac Gyver. Mas ao contrário de nós, reles mortais assalariados, Newman recebeu de mão beijada uma chance de mostrar suas idéias ao público: seu tio ganhou um canal de TV no pôquer – isso mesmo! – e lhe deu de presente.

Animado, Newman chama um amigo para elaborar a programação do Canal UHF 62. No começo, os sonhos deram lugar a dura realidade: audiência fraca e, por consequência, problemas financeiros. A um passo da falência e totalmente desanimado, Newman dá uma chance ao faxineiro Stanley Spadowski de comandar um programa infantil. Afinal, já estava tudo perdido mesmo.

Este é o ponto chave do filme: Spadowski, um faxineiro nitidamente debilitado de suas faculdades mentais, se transforma num grande sucesso instantaneamente. Seus atos diante das câmeras, muitos deles até escatológicos, entusiasmam os telespectadores – para o delírio de Newman, que percebe o fenômeno e acaba incrementando a sua programação com programas ainda mais estúpidos.

Um outro detalhe: o faxineiro-retardado Spadowski era funcionário da maior rede de TV dos EUA antes de ser demitido pelo seu dono – o ganancioso R. J. Fletcher – e ir parar na TV pirada de Yankovic. Ironia do destino: foi justamente em função do sucesso de Spadowski que a grande emissora passou a perder pontos preciosos no ibope. O filme, que ainda conta com uma paródia de “Money for Nothing”, termina com o embate entre George Newman e Fletcher, que tenta a todo custo acabar com o fenômeno televisivo.

O filme de ‘Weird Al’ Yankovic é uma daquelas comédias despretensiosas dignas da Sessão da Tarde. Mas também não deixa de ser mais uma feliz confirmação da clássica regra: a vida imita a arte, e nesse caso, mais do que nunca. Se você der de cara com “TV Pirada” na estante da locadora, pense duas vezes antes de deixá-lo ali. E aproveito para fazer um apelo: quem souber de alguém ou de algum lugar que tenha esta verdadeira raridade, avisem desde já: estou comprando!

(Escrito há uns bons anos pro SpamZine, numa época em que o filme sequer tinha edição em DVD)

Comentários em blogs: ainda existem? (2)

  1. Eu lembro deste cara! Exatamente do clipe de “Smells like nirvana”. Achei hilário, assim como sua abertura para o filme “Spy Hard”. Muito bom…

  2. Olá Marmota, bom dia.

    Possuo o filme “TV Pirada” em DVD, sou colecionador e mandei digitalizar esta obra a partir do vhs.

    Abraço

Vai comentar ou ficar apenas olhando?

Campos com * são obrigatórios. Relaxe: não vou montar um mailing com seus dados para vender na Praça da República.


*