Toda vez que converso com os amigos sobre altos e baixos num relacionamento, fatalmente interrompo o papo e digo “eu tenho uma teoria”. Em seguida, lanço alguma idéia bastante discutível e facilmente desconstruída com argumentos sólidos. Ou mesmo quando algum sem-graça diz que isso não leva a lugar nenhum e logo propõe um novo tema em substituição ao anterior. Assim, normalmente tudo que eu disser após a frase “eu tenho uma teoria” não deve ser levado muito a sério.
Mas enfim, eu tenho uma teoria.
Cada um de nós perde muito tempo a procura de alguém que veja sentido em compartilhar qualquer coisa. Uma história, um lar, um monte de dívidas… Não importa, desde que os dois envolvidos consigam uma verdadeira proeza: conciliar suas próprias vidas e objetivos particulares com esse negócio compartilhado, construído em conjunto. A maior dificuldade nesse desafio é justamente a primeira: encontrar alguém disposto a fazer isso com você.
Ocorre que, por razões absolutamente pessoais, a obviedade acima não acontece, ou surge após muito esforço ou sacrifícios. A teoria que explica essa dificuldade está em uma subdivisão grosseira entre os indivíduos que, nesse exato momento, estão procurando esse objetivo ou se matando em função dele. Todos eles podem ser separados em três tipos extremamente básicos. Vamos batiza-los usando letras aleatórias: B, C e… M, vai.
O tipo B é o cidadão mais comum, pacato, simpático, objetivo… Isso lhe dá a pecha de “bonzinho”. Uma pessoa bacana, sensacional, legal pra caramba, que faz tudo certinho… Resumidamente, um verdadeiro chato. Normalmente, é aquela pessoa que parecia legal demais, mas aos poucos vai se transformando num completo estranho.
Já o tipo C é o mais desencanado, livre de amarras, disposto apenas a acompanhar a maré da vida. Passam todo o tempo “curtindo o momento” e se divertem a valer. São os primeiros a não darem a menor pelota para sentimentos mais sinceros quando eles aparecem, e por essa razão, fogem completamente de qualquer tipo de compromisso.
Por fim, o tipo M. Esse é o mais complexo, já que normalmente enxergam o mundo por um prisma só seu. Das duas, uma. Podem ter convicções firmes e rígidas, insistindo fortemente em seus conceitos sem flexibilizar. Ou simplesmente não fazem a menor idéia do que querem. Resumindo: ou seguem seu próprio caminho ou estão totalmente perdidos.
A idéia básica dessa teoria é simples: instintivamente, ao sentir vontade de se relacionar, partimos sempre para o caminho mais difícil. Assim, se você consegue se posicionar em um desses tipos nesse momento, obrigatoriamente seu alvo em busca daquelas coisas todas compartilhadas pertence a um grupo diferente. É praticamente impossível pessoas do mesmo tipo se relacionarem: um encontro desse tipo tende a amizade.
Claro que a coisa não é tão simplória quanto parece. Não é moleza definir qual é o tipo predominante em cada um dos pobres coitados. Ao mesmo tempo, não se trata de um rótulo fixo: quem não conhece alguém que tenha pirado num primeiro momento, tentou fazer a coisa certa num segundo e simplesmente chutou o balde num terceiro? Mais do que isso: há pessoas que parecem ser do tipo B, mas agem como C e, no fundo, são M. De qualquer jeito, a idéia é a mesma: os tipos insistem na rota de colisão inevitável.
Se você também se identificou com essa idéia, não se desespere. A solução é simples: esquecer os três grupos. Tenho um amigo que enxergou essas incompatibilidades todas por muito tempo, e nunca acertava. Até que uma antiga conhecida reapareceu em sua vida. Eles já se conheciam há pelo menos 25 anos, mas só agora sentiram algo que era pra valer. Ele diz: “nunca senti o que estou vivendo desta vez, desde o primeiro momento com pleno desejo de me casar e passar toda a vida com ela”.
Ainda é possível duas pessoas compartilharem suas vidas, desde que sintam algo verdadeiro, sem qualquer distinção. Felizmente, isso simplesmente acontece, não se escolhe – até porque, se pudéssemos, cairíamos nos tais grupos. Quando acontece, as barreiras que distinguem os tipos se tornam insignificantes. Acredite: um dia acontece com todo mundo.
- Marmota, mas que sopa de abobrinha!
- Ah, não exagera. Tem muita gente que vai concordar.
- Claro que vai! Afinal de contas, todo mundo se encaixa nessa sua divisão idiota. E eu saquei a bobagem das letrinhas.
- Bobagem das letrinhas?
- É! B de bobo, C de canalha e M de maluco!
- Mmmhhh... Agora que você falou...
Bom, eu tenho uma teoria: quanto mais uma pessoa se preocupa em arranjar um par, mais ela afasta as pessoas do sexo oposto.
Isso significa que a solução é curtir a família e os amigos e deixar que a vida cuide do resto…
A vida é feita de clichês, mas tem alguns MUITO certeiros. Dois deles são: A) Quando vc desencanar, a coisa rola.
B) Ela vai surgir de onde vc nem imagina. Mas vc vai ver que ela sempre esteve ali.
Um abraço!
achei complexo
Eu também tenho uma teoria: não dá pra ficar fazendo teorias sobre o que atrai duas pessoas.
O melhor comentário que ouvi sobre essa idéia foi: “essa classificação tá parecendo aquele negócio do Fantástico sobre videntes…vai falando umas generalidades e sempre vai ter um pra encaixar”. Estou me sentindo um charlatão.
meu caro, conheci teu blog com a novela Porto do Desespero, e estou gostando de vir aqui!
peço licença pra te linkar, ok?
um abraço!
A questão é: quando duas pessoas se identificam, e partem para algo mais além da amizade, se há, realmente, o desejo de estarem uma ao lado da outra, ambas convergem para uma coisa só. Aquele lance do casal ser uma unidade, sabe? Acredito veementemente nisso, e arrisco dizer que o negócio é deixar a batata assar e ver o quão ambos, homem e mulher, estão dispostos a mudar, ceder e relevar em prol do relacionamento que mantêm juntos. Aliás, esse procedimento pode ser muito bom, já que, com ele, vem a afinidade, o entrosamento, e outra coisas mais. É um processo lento, mas deveras agradável e estimulante.
E, como já disseram, a pessoa especial aparece quando menos se espera. Isso é fato, caro Marmota, então, não esquenta… Como já cantava o ébrio filósofo popular, deixe a vida te levar!
[]’s
Olá. Acredito piamente no lance da unidade falada pelo Rodrigo, acho que o casal deve olhar na mesma direção. Agora, o mais importantes num relacionamento é a admiração mútua e constante. É o que realmente justifica ficar junto e sustenta o amor. Falo admirar de achar a pessoa bacana, da companhia ser agradável, de achar coisas especiais nela, e saber que vc acharia isso da pessoa mesmo que ela não fosse seu marido, esposa e afins. Sabem aquele povo que vive falando mal do parceiro? Que só vê defeito? Afe!! Ninguém merece.
Acho que o lance é o seguinte: tem que ter química, paixão, amor, tesão, olhar na mesma direção, objetivos comuns, tudo isso vem no pacote. Mas, pra mim, a admiração é o que realmente sustenta a relação. Fui no google procurar um significado objetivo para admiração e explicar melhor o que quero dizer. Achei um artigo que vale a pena ser lido.
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/geae/a-admiracao-e-o-amor.html
Abraços
Vanessa
HAHHAHAHHAHAH, sério que você tem essa teoria??? Bem, eu também tenho várias, sou uma pessoa de teorias, mas uma como a sua é a primeira vez que vejo. E quando não nos encontramos em nenhuma das classificações?? OU só os outros podem nos definir?!! E você de qual delas faz parte??