O misterioso (misterioso?) copo vermelho

Já citei rapidamente aqui o termo “marketing de guerrilha”. Você pode questionar os métodos, mas não pode negar que existe muita gente pensando em como posicionar marcas e produtos diante do público, sejam meios físicos ou virtuais – já pensou se fosse possível anunciar sua empresa no MSN?

Mas enfim. Como disse, você pode até torcer o nariz diante de algumas ações. Mas o processo é irreversível e vai mexer com você, cedo ou tarde. A última delas respingou aqui, diante da perguntinha grudenta: O que diabos tem dentro do copo vermelho?

A idéia da Espalhe (onde trabalha Mr Manson, o homem-cocadaboa) é interessante: fazer todo o barulho possível em função dessa pergunta. Fora da grande rede, os caras espalharam tonéis vermelhos em forma de obra de arte em algumas capitais brasileiras, para qualquer transeunte refletir nessa importante questão. Até algumas pichações e outros eventos badalados levaram a marca colorada.

Eu só fiquei sabendo dessa onda toda quando o Charles Pilger descobriu o que realmente existe no tal copo. É Johnny Walker Red Mix (deve ser um tipo de whisky com groselha). A proposta do “por favor falem mais sobre o copo vermelho” ganhou um elemento de impacto essa semana: como levar os mesmos tonéis das calçadas para a Internet?

Simples! Instigando um monte de blogueiros! Sem mandar um único e-mail de aviso e usando uma pagininha vagabunda, a turma da Espalhe anunciou uma festa, convidando “alguns dos mais atuantes blogueiros do Brasil”. Balela. Pra começar, meu nome está lá, ao lado de outras tranqueiras. O do deputado português José Pacheco Pereira, que deve estar preocupadíssimo com o copo vermelho, também está. Nenhum dos caras do Verbeat, entre outros blogueiros muito mais “atuantes” na minha opinião, não estão na lista. A campanha com blogueiros foi intensificada com anúncios personalizados no Google Adsense.

A lista da festinha serviu para atiçar a galera, provocando comentários e promovendo a marca (sem as mesmas proporções do prêmio ibesta, a ação mequetrefe de marketing viral que virou empresa). Enfim, conseguiu! Uma busca no Technorati é o suficiente para ver o impacto dessa iniciativa. Obviamente, muitos não viram a menor graça em ver seu blog associado a uma bebida alcoólica sem qualquer autorização. O Charles Pilger foi um deles, e dou razão aos motivos dele: “tem muita gente que entrou nesse esquema sem parar para pensar nisso, sem parar para refletir que está vinculando a sua reputação a um ação de marketing”.

O Edney vai mais longe na reflexão: “quase todos os dias a blogosfera espalha campanhas de marketing viral sem nem saber que está fazendo marketing (comerciais circulando pelo YouTube por exemplo)”. E aqui retomo o que disse no princípio: suas opiniões, convicções, tudo aquilo que está ligado ao seu nome ou ao blog, vão continuar no seu controle. Mas de alguma forma, alguém vai explorar esse mercado rico e qualificado para fixar um produto e vendê-lo. Seja whisky com groselha ou o que for. Estejam preparados.

Pessoalmente, odeio cerveja e já passei um mês na Alemanha. Por que não participar de uma boca livre ao lado de gente bacana? Acho que dá pra trocar idéias consistentes com o Inagaki, o Alex Castro, a Rosana Hermann, o Fábio Seixas… Sem precisar engolir um único gole de whisky com groselha, e sem a pecha ridícula da “nata da nata” e egos inflados por manter um blog. É como diz o Fernando Gouveia, o Gravataí Merengue: pode ser um dos poucos encontros blogueiros sem o jeitão de programa de índio!

Comentários em blogs: ainda existem? (8)

  1. Pois é…não é que um tempo atrás, na Paulista tinha uma espécie de “instalação” onde havia um copo vermelho com um bloquinho de papel do lado?
    As pessoas eram instigadas a olhar dentro do copo e escrever no bloquinho o que havia dentro dele.

    Eu, do alto (há!) de meus 1m56 não consegui ver quê diabos tinha lá dentro e escrevi: “Não sei. Essa porra foi feita só pra gente alta”.

    Será que o padrão vai se repetir na festa?

    Beijo

  2. Concordo com você: o método mkt de guerrilha é cruel mas parece ter dado resultado. Pricipalmente por ser o 1º (se não estou enganada) a usar os blogs como divulgação. Há muita gente falando na tal festa. Mas esse furo de ter colocado blogs de outros países e não ter colocado os Verbeaters mostra que não há blogueiros participando da organização….

  3. E eu que achei que era o copo do Francisco coletivo.

    Sabe, uma metáfora em forma de vasilhame, receptora de tudo aquilo que a sociedade considera inútil passado um mês. Sobre o lixo cultural, nesses tempos em que a efemeridade dos valores urbanos extrapola e real importância das coisas.

    uau.

    Abraço!

  4. o que NÃO tem no copo vermelho? Ética!

    Me desculpe, mas dizer que “pode até torcer o nariz mas ele vai afetar você” como forma de defender esse marketing predatório é idiotice.
    É dizer literalmente que os fins justificam os meios!

    A publicidade agora vai se disfarçar de arte para reconquistar a atenção perdida pelo desgaste exagerado das outras mídias?

    é como se a publicidade dissesse “é eu sei que eu sou feia e errada e as pessoas, se conseguem, me evitam, então agora eu vou fazer de conta que sou aquela parente distante e honesta, a arte, aí quando voces estiverem quase gostando de mim eu tiro a máscara e grito AHAAA TE ENGANEI! AGORA COMPRA COMPRA COMPRA COMPRA ENGOLE ENGOLE”

    o que vai restar do copo vermelho? mais sujeira inútil na cidade. E lá vamos nós pra outra campanha. Nem a emergente arte de rua, que é genuinamente de protesto, reflexão e anti-propaganda, tem o seu terreno respeitado..

    é foda, mas o pop não poupa mesmo ninguém.

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