Antes de contar porque diabos eu vou me entusiasmar ao rever os capítulos de A História de Ana Raio e Zé Trovão, que deverá ser reapresentada em alguns dias, uma sugestão: leia Os Irmãos Karamabloch. Entre as histórias divertidíssimas contadas por Arnaldo Bloch, sobrinho-neto do eterno dono do império Manchete, conta o apogeu noveleiro da emissora em detalhes, a partir do estrondoso sucesso de Pantanal.

Claro que, depois de desbancar a Rede Globo no tipo de produção que ela tanto se esmera, esperava-se um novo trabalho de alto nível. Não podemos negar: a idéia de mostrar “o Brasil que o Brasil não conhece” e usar caminhões como cenário itinerante, além de dezenas de atores e profissionais de circo, rodeio e música, era mesmo ousada.

O folhetim de Marcos Caruso e Rita Buzzar durou quase um ano: entre dezembro de 1990 e outubro de 1991. Mas apesar da emissora vender patrocínios acreditando que a trama alcançaria picos no Ibope (tão altos quanto os 40 de Pantanal), os 16 pontos de audiência – apesar de muito bons – não foram suficientes para minimizar os os intermináveis problemas financeiros. Como fã da antiga Manchete, tudo que posso dizer é: uma pena.

Resumidamente, Ana Raio (nascida Ana de Nazaré) foi violentada ainda criança por Leopoldo Canjerê (Nelson Xavier). Desse episódio veio à luz Maria Lua (a então estreante Micaela Góes, irmã da Georgiana), que foi raptada pelo pai ao nascer. Ela cresce e, interpretada pela então esposa do diretor Ingra Liberato (oba!), se transforma em uma exímia peoa. Enquanto tenta se firmar no mundo dos rodeios, parte em busca da filha e, numa dessas, esbarra na caravana de Dolores Estrada (a sumida Tamara Taxman), cujo astro da companhia é… Tcha-nan! José Almir Pirilampo Trindade Sater, o Zé Trovão! Ah sim, a mocinha tem a ajuda do amigão-que-fica-na-mão-no-fim, o João Riso (Giuseppe Oristânio), mas no final reencontra a filha (lógico) e fica com o violeiro.

Engraçado que nunca fui desses neo-cowboys, que desfilam suas botas, fivelas e chapéus em ambientes como o Villa Country. Mesmo assim, adorava a história e de seus ares mezzo-rurais mezzo-mambembes. Ao mesmo tempo, gostava da trilha sonora (ainda não imaginava que poderia um dia sofrer com a dobradinha Jayme Monjardim e Marcus Vianna).

A coisa começou a ficar interessante quando a caravana da novela abandonou cidades com nomes fictícios e chegava a cidades de verdade, como as catarinenses Treze Tílias, Joinville e Jaguaruna… E as gaúchas Santa Rosa e Piratini! E como essa última fica praticamente na Grande Pelotas, meus primos ficavam animadíssimos. Alguns chegaram a bisbilhotar as gravações, entusiasmados!

Mas enfim. Na tentativa de reativar minha memória e recordar aqueles tempos felizes, encontrei o vídeo abaixo. Não deixe de vê-lo até o final.

Repararam nos créditos finais? Pois é. Meus olhos brilharam da mesma forma que muitos fãs, que aparecem via Google neste blog procurando por “dvd novelas” ou seus afluentes. Na mesma hora, escrevi para o rapaz, perguntando detalhes.

A resposta veio prontamente: trata-se da gravação feita na reapresentação da história, em 1993. História resumida em noventa capítulos, registrados em 26 discos. Não é a exibição original, mas traz o suficiente para garantir algumas das melhores cenas e entender a história.

Retornei a gentil mensagem, perguntando outros detalhes e uma curiosidade pessoal – que pode interessar a você – sobre a relação do rapaz com novelas antigas. A resposta me surpreendeu: não curte muito, apenas de histórias bem contadas. Como é o caso de Ana Raio e Zé Trovão e Pantanal, que em sua época, tiveram excelente produção.

Por conta desta preferência, o rapaz do vídeo acima também guarda, com carinho, a novela Pantanal. De minha parte, fiz minha compra perdulária e vou tentar rever Ana Raio e Zé Trovão antes de todo mundo. Agora, para viajar novamente pelo pantanal, escreva pra ele. E se sua busca por “novelas dvd” ainda não acabou, insista: certamente há muitos loucos para vender e comprar (como, você ou a turma da comunidade da novela no orkut) por aí.