Duas entre tantas unanimidades reforçadas pelo enxame de blogs mundo agora. Um: com tanta gente distribuindo pensamentos, é cada vez mais difícil identificar o que é realmente criativo, já que é cada vez mais fácil encontrar idéias parecidas – ainda que seus autores jamais tenham se esbarrado.

Dois: uma das formas mais poderosas (se não for a principal delas) para conectar pessoas através de comunidades virtuais é com música. O poder aglutinador da música pode ser medido pelo last.fm, mistura de web radio com rede social onde cada assinante mostra suas preferências, vê o que seus amigos estão ouvindo, trocam informações… São mais de 20 milhões de usuários.

Lancei este preâmbulo simplinho para falar de um simpático livrinho, encontrado despretensiosamente durante minhas andanças. Chama-se “The Pocket DJ”, autoria de Sarah Lewitinn – considerada uma das pessoas mais influentes no mundo da música (ao menos nos EUA). O livrinho é bem saboroso: trata-se de um guia para montar setlists variados. Começa com os gêneros e artistas essenciais, e passa por “playlists de celebridades” (canções recomendadas por alguns músicos famosos).

Mas é o capítulo final que me chamou a atenção: “other playlists”. Ali ela se transforma em Rob Fleming, o gênio das fitas-cassete personalizadas em Alta Fidelidade, e sugere listas de músicas para as mais variadas situações da vida. Coisas como “músicas de luta”, “músicas para cantar sozinho no carro”, “para o primeiro encontro”, “as preferidas do karaokê”, “volta às aulas”, “canções alternativas de aniversário”, “para andar sozinho na cidade”, “cinco da manhã e eu preciso dormir”, “festa na piscina”, “antes de encontrar com a maldita ex”…

“The pocket DJ” pode não ser a melhor publicação do gênero em todo o mundo. Além isso, convenhamos: não há nada de inovador ou surpreendente uma compilação de setlists, especialmente nesse modelo divertido proposto por Sarah Lewitinn. Tanto que, logo na primeira folheada no livrinho, pensei: “ah, não tenho a menor dúvida, com certeza já existe um blog do gênero por aí”.

Para minha total surpresa, não encontrei nada parecido. No máximo uma ou outra lista aleatória, ao estilo “o que estou ouvindo”. Chegamos então a uma terceira unanimidade gerada pelos blogs: o que diferencia uma grande idéia de outra parecida é o tempo que seu criador leva para executá-la.

Então, você conhece algum “blog de setlists”? Caso eu não tenha procurado direito, diga onde ele está. Se ele realmente não existe, o que está esperando para colocar a mão na massa?