Você confia, a Shell responde!

Você deve lembrar de uma propaganda da Texaco, anunciando o sorteio de uma viagem e a distribuição de fascículos sobre como cuidar melhor do seu carro. Os cinco livretos da promoção “Texaco Cinco Estrelas” remetem, inevitavelmente, ao bom e velho “Shell Responde”, uma coleção que movimentou a distribuidora em forma de concha por mais de dez anos.

Tudo começou em 1982, em um reclame cuja frase inicial ficou marcada na cabeça dos motoristas e de muitas crianças de cinco anos, como eu: “que chuva, não?”. Era o anúncio do primeiro número, mostrando dicas de como dirigir na chuva com segurança. Ao longo de toda a década de 80, foram mais de 20 números, cada qual com um tema diferente: dicas de como não desgastar o veículo, como comprar um usado, situações de emergência, manutenção, poluição, férias e feriados prolongados na estrada, relação entre ônibus, motos e caminhões, educação de trânsito para crianças e adolescentes, o novo carro a álcool, os velhos – e perigosos – efeitos do álcool no motorista…

Todas as edições traziam dicas bastante genéricas e, salvo algumas exceções, até um tanto atemporais. Tanto que, em 1992, a Shell compilou as dúvidas mais frequentes em um único fascículo, trazendo basicamente os mesmos textos e figuras didáticas dos folhetos anteriores. Nessa edição comemorativa, os editores informam que a edição número 22, a primeira da década de 90, foi a recordista de cartas (cartas, lembram?): foram 11 mil. O tema? Cinto de segurança: usar ou não… O sucesso da campanha pode ser visto ainda na tiragem: algunss números ultrapassaram os dois milhões e meio de exemplares.

A última edição de “Shell Responde”, a de número 30 (se contarmos aquela edição especial) circulou há quase dez anos, em 1994. Eram dicas para cuidar dos freios, trazendo ainda explicações sobre o avançado sistema desenvolvido recentemente, o ABS. Mais nada. Nem um comentário final, uma despedida… E certamente não foi por esgotamento de temas ou falta de interesse – só o novo código de trânsito e as últimas inovações tecnológicas valeriam uma nova pancada de títulos.

Nem precisei voltar aos anos 80 e mandar uma carta para a Caixa Postal 62053, Rio de Janeiro-RJ, CEP 22252-970, e perguntar o porquê do final repentino. Um e-mail para a assessoria de comunicação da Shell trouxe tudo que eu precisava saber.

Prezado Sr. André, informamos que infelizmente não existe previsão de relançamento da edição. Este ponto ainda esta em estudo. Agradecemos a sua sugestão e informamos que é muito importante para a Shell este tipo de comentário por parte de seus consumidores. Informamos ainda que estamos estudando a possibilidade de reformular a coleção e trazê-la em um novo formato, mas, assim que decidirmos, haverá a comunicação pela mídia ou por outro meio conveniente. A Shell não autoriza a reprodução dos folhetos Shell Responde. O motivo e que os mesmos estão desatualizados, devido a novas especificações dos veículos, novo Código de Transito, etc. Contamos com a sua compreensão.

Portanto, cuidado ao reler seus folhetos – ou será que eu sou o único cururu da face da terra que ainda tem em casa esse tipo de coisa?

(Postado em 26/03/2003)

Comentários em blogs: ainda existem? (17)

  1. Nossa, e eu pensando que só eu era velha…Shell responde é bem antiguinho…mas era bem didático mesmo, e a frase: “que chuva, não?” é até hoje bem “forte”, tem gente que fala e nem sabe de onde vem, por que o charme é a entonação! Mas você poderia desenvolver uma série de dicas baseadas nessa idéia. Que acha?

  2. A frase “que chuva, não?” é repetida seeempreee lá na minha casa. Mas… sabe que, pensando bem, acho que meus meninos não têm idéia de onde tiramos essa entonação diferente? Vou chegar em casa hoje e perguntar…

  3. Acho que sei qual é o problema da Shell, aliás da British Petroleum. Eles aprontaram a maior poluição no eco-sistema dos Grandes Lagos, os quais afetam as grandes cidades de Detroit, no Michigan e Chicago, a terceira maior do país. Aliás, além destas grandes cidades afetadas pela poluição da BP, a Bp comprou uma cidadezinha no Indiana, ao lado de Chicago, Whiting, os impostos aumentaram abusivamente para expulsar os moradores de lá.
    No YouTube Os Mutantes com seu “Algo Mais” — que curti de montes — Levaram bronca. Um blog de música irlandês, o Nialler, tirou o patrocínio da Shell e arruma maneiras independentes de ganhar $. É uma pena que nossas memórias sejam poluídas pela ganância mas nem a Shell é perfeita.

  4. Apesar de corinthiana, ops, esse é outro texto 😉 Recomeçando: apesar de ainda na flor da idade, eu também tenho a coleção de Shell Responde. Tudo porque essa empresa tão legal em forma de concha fez a gentileza de mandá-la para a minha casa, sem eu pedir, quando tirei minha carta de motorista. O Depto. de Marketing deles devia estar diretamente ligado ao Detran. Ou eles tinham alguma espécie de convênio com as seguradoras, para ajudar a catequizar os motoristas novatos, vai saber. Mas os fascículos todos me foram muito úteis!

  5. Nossa, de repente lembrei do Shell Responde e vim procurar no google, encontrei este blog!
    Fiz parte da turma que produzia o Shelle Responde, trabalhei na area de Comunicação da Shel de 80 a 85, que saudade! Quanta coisa inventamos.
    Infelizmente não lembro mais o nome do inventor real do Shell Responde, mas lembro do nome João Madeira, o cara que mandava na area de RP da Shell.
    Exploramos muito o Shell Responde, tinhamos um ótimo apoio da revista Quatro Rodas, cada edição era muito curtida.
    Que saudade, naquela epoca a Shell era lider de mercado e a cada semana tinha uma promoção ou novidade.
    That´s it!

  6. Olá pessoal, eu tbem tinha varios shell responde, que saudade.
    Algum amigo que tenha a coleção completa poderia quebrar o galho e postar pra gente baixar e matar a saudade como comentou o colega acima.
    Contamos com vcs.
    Obrigado.

  7. Prezado Marmota,
    Achei seu site dando busca para Shell Responde. Estou fazendo uma matéria sobre motocicletas no trânsito e por isso estou procurando a edição de Shell Responde que trata do assunto. Lembro-me bem da propaganda na tv quando passava, o título da edição era algo como “Carros e Motos: vamos fazer as pazes?”.
    Gostaria de saber se você tem essa edição e se poderia fazer a gentileza de me enviar em formato digital (escaneada). Se não tiver, alguma ideia de onde eu posso conseguir isso, ainda que somente para consulta?
    Por favor, entre em contato comigo por emeio.
    (este comentário não precisa permanecer no ar depois de lido.)
    um abraço

  8. Eu participei da filmagem do shell responde (acho que nº7), estava lembrando o quanto foi engraçado, uma japonesona de 1,80mts correndo atrás de um japonesinho de 1,50mts….vim pesquisar e achei vcs! Gostaria muito de rever o filminho…
    abraços a todos

  9. Em uma fase saudosista buscava lembranças de um tempo em que o automobilismo realmente corria nas veias dos brasileiros, qualquer moleque sabia um pouco de mecânica e quase a totalidade sonhava com essas reluzentes maravilhas sobre rodas, e alguns poucos se aventuravam em modificar e aprimorar seus bólidos, agora quando muito dirigem “caixas pretas” e mal se lembrar de trocar o óleo lubrificante (tendo que ser avisados pelo plano de revisão da concessionária), eis que em uma rápida busca encontro este site e o parabenizo, e ainda acrescentando uma pergunta: algum bom samaritano (apesar do trabalho que vai dar) vai postar esta coleção em formato digital?

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