Por Rafael Porto, do blog Alforria
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Devo muito de minha paixão por viagens a minha mãe. Lembro-me de quando ainda era criança, morador de Linhares — município de 100 mil habitantes localizado ao Norte do Espírito santo — e era arrastado quinzenalmente à Capital, Vitória.
Com pouco dinheiro, íamos minha mãe, minha irmã e eu em uma só poltrona. Sempre muito tagarela, acabava fazendo amizade com a mulher da poltrona ao lado e viajava no colo dela. Garoto esperto.
E assim o tempo passou e me encantei pelas viagens. Não fui a muitos lugares — somente Minas Gerais, São Paulo e alguns municípios do ES — mas isto não me impediu de aprender a enxergar a beleza das idas e vindas.
Andar na estrada, em alta velocidade, com vento no rosto, não é simplesmente observar belas paisagens. É conversar consigo mesmo.
Vejo as viagens como algo super instrospectivo. Ao pegar o ônibus à noite, na volta para casa, quem nunca pensou na vida olhando pela janela? Ou falou sozinho enquanto calculava as contas do mês?
Se as viagens em família já eram belas para mim, imagine como me senti com a invenção — e popularização — do mp3. A trilha sonora individual, perfeitamente ajustável ao clima de cada momento, transforma viagens de 30 minutos em noites inesquecíveis.
Lembro da noite em que voltei da faculdade pela primeira vez com minha namorada, do dia em que fui trabalhar pela primeira vez na empresa, da manhã em que meu avô faleceu. É como se a vida passasse junto com as casas e prédios, com direito a trilha sonora. Um longa metragem exibido em câmera lenta.
Um dos meus filmes favoritos é Elizabethtown, com Orlando Bloom e Kirsten Dunst, dirigido por Cameron Crowe — do excelente Vanilla Sky. O ponto alto do longa é a viagem feita por Drew, personagem de Bloom, passando por cenários clássicos dos estados sulistas dos EUA.
Na cena, viajamos junto com o ator. Enquanto ele conversa com o pai — sem spoilers — vivendo cada lembrança que tem da infância. É impossível não ser tomado por um sentimento nostálgico e lembrar das partidas de futebol de botão, brigas de almofadas e cafunés no sofá.
Parte destas lembranças são geradas pela excelente trilha sonora do filme — basicamente folk e Cowntry. Violões, gaitas e guitarras dão um ar de estrada até às cenas mais estáticas, provando que viagem e música são mais próximas que imaginamos.
Lembra do link inicial do texto? Ouça a canção do vídeo de olhos fechados. Se imagine na Route 66, ao lado da família, rindo e contando histórias.
E boa viagem!
Enquanto Marmota lamenta ter esquecido seu ipod genérico em casa, a série Colônia de Férias apresenta textos gentilmente preparados por seus amigos de ouvido e coração muito bem sintonizados.
Amei a associação entre música e viagem. Realmente a música nos proporciona uma rica imaginação: lembranças, amores, sofrimento e dor, alegrias, fantasias, enfim nos conduz em uma trilha com seu destino ao nosso EU.
Que delícia de texto.. parece que a gente viaja junto.
E Elizabethtown tbm é um dos meus favoritos.
Beijo
Não é que o texto ficou bonito aqui?! Pareceu até mais inteligente.
hehehhe
=)
E já agradeço à Lana pelos elogios.
^^
Pena que o endereço publicado foi o antigo ainda “rafaelporto.blogspot.com”. Agora paguei meu domínio e estou no http://www.alforria.org.
=)
Eu concordo: trilha sonora é fundamental. Todos os momentos da nossa vida deveriam ter trilha sonora. Fica mais leve, mais poético e mais reflexivo. Uma verdadeira viagem, mesmo se a gente não sair do lugar.
Que legal, eu também vejo meu iPod como minha própria trilha sonora particular! Hehehe! Me identifiquei bastante com esse texto.