#vamosjogarbola

Então a agência África desenvolveu uma campanha para o banco Itaú, estimulando uma reflexão a partir de uma hashtag capaz de conectar uma bola de futebol ao desenrolar nacional rumo à Copa. Mais do que isso: nos próximos meses, a ação promoverá encontros nas doze cidades-sede, convocando a comunidade para arregaçar as mangas. A frase imperativa, cujo sentido vai além da interpretação literal, é simples.

“Vamos jogar bola! Jogar bola é ir em frente, é arregaçar as mangas. A grande festa do futebol vai ser na nossa casa. Vamos jogar bola, que vai dar certo. Jogar bola une as pessoas; jogar bola muda o amanhã”. É esse o texto do primeiro filme da campanha, que certamente você já viu na TV. “Com este convite otimista o banco aposta no poder transformador do futebol e convoca a todos que amam o esporte e o país a acreditar nas mudanças e trabalhar para realizá-las”, anuncia o texto de lançamento.

Apesar da proposição otimista, todos os envolvidos já devem pressupor que, em função da amplitude dos potenciais significados, o mesmo convite pode ser apropriado de múltiplas formas. Afinal, o que mais significa “jogar bola”?

Jogar bola é organizar a partida, convidar a patota para dividir a grana dos patrocinadores e arrumar umas notinhas fiscais para justificar a verba.

Jogar bola é arrumar um campinho pra botar as traves, ainda que seja um puxadinho. Melhor ainda é ter um terreno e obras subsidiadas.

Jogar bola é avisar quem gosta pra assistir. Agora, eles precisam ter condições para chegar, circular, ficar, aproveitar.

Jogar bola é ter a chance de escolher os melhores para jogar ao seu lado, mas só se tiver um golpe de sorte e ganhar no par ou ímpar.

Jogar bola é definir se vira cinco e acaba dez, ou se vai ter cronômetro. Enfim, deve haver algum prazo claro para o final.

Jogar bola é contar com um sujeito imparcial e que entenda as regras do jogo para apitar quando vê alguma coisa suspeita.

Jogar bola é improvisar com talento. Mas todo lampejo criativo só aparece quando se sabe (e executa) a tática “feijão com arroz”.

Jogar bola é se transformar, temporariamente, em alguém que não costumamos ser: pode xingar, gritar palavrão, cuspir, fazer uma ou outra falta.

Jogar bola é gritar “gol”. Simultaneamente, sempre que alguém marca, outro grita “chupa” pro torcedor adversário.

Jogar bola é competir, saber que é possível ganhar ou perder. Desde que vencer seja obrigação; do contrário, todos serão lembrados como fracassados.

Jogar bola é celebrar o esporte, mas lembrar que tem pouca diversão na hora de organizar. Muito menos quando vier a conta depois.

Jogar bola é amar o futebol. E quem ama melhor é, por definição, amador. Vamos jogar bola, que vai dar certo, né?

André Marmota pode perder um grande amor, um amigo de longa data ou uma oportunidade de trabalho... Mas não perde a piada infame. Quer saber mais?

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