Me sinto tão perdida, faz dias que estou andando por aí, sem rumo.
Hoje quase um carro me atropelou… Ninguém me valoriza, quase ninguém me vê – ou pior, alguns que me vêem querem me bater, me tirar dali.
Dormi na rua outra vez. Tenho medo, muito medo.
Não sei mais quanto andei. Amanhece e não sei se quero ver esse dia novo.
Não sei mais o que é carinho ou afeto.
Estou tão cansada e com fome…
Vejo um jovem andando na rua. Não tenho opção, vou atras dele, quem sabe ele possa me dar um pouco de comida…
Por sorte ele me convida a entrar em sua casa!
Desconfiada, entro. Apesar dele e de sua mãe terem um abrigo e ajudarem outros, o clima é estranho. Ninguém se sente em casa. E ainda existe uma sensação de medo grande dentro de mim.
Passam-se quase dois meses comigo nesta casa; estou melhor fisicamente, apesar de ter sofrido uma cirurgia recentemente, não passo fome nem fico na rua, mas ainda tenho medo. Outros vêm e vão e ninguém sabe qual será seu futuro.
Um dia chegam duas pessoas para me ver, uma delas é uma mulher que está super feliz em me ver, não me lembro dela… Mas ela parece se lembrar de mim, ou mesmo de repente eu lembre alguém especial para ela – afinal, como posso ser eu especial para alguém estranho, que nunca vi?
O companheiro dela é mais reservado, me olha com carinho e um certo medo… Não é um medo físico – ele é bem grande – mas parece medo de gostar de mim.
Depois de alguns minutos, estas duas pessoas saem comigo dali. Não sei direito para onde, novamente o medo é a coisa mais real para mim.
Decido tentar conforto com o homem, ele me passa algo mais… Não sei dizer o que é…
Desculpem se minha história começa meio triste, mas é a mais pura verdade e precisava ser contada para poder dar o devido valor ao meu dia perfeito. Já faz mais de um ano da chegada deste casal ao abrigo, e esse foi meu dia perfeito. O dia mais perfeito da minha vida! O dia que ganhei meu pai e minha mãe, que ganhei donos que me amam e cuidam de mim!
Ass: Lilo

Enquanto Marmota passa por dias perfeitos descansando e viajando, a série Colônia de Férias apresenta textos gentilmente preparados por seus amigos.
Ai.
Meu nariz ficou com aquela coceirinha na ponta de quem vai chorar.
A Lilo é o único cachorro no mundo que eu gosto e que bom que vocês a adotaram.
Beijo pros três.
😉
Me emocionei… de verdade!
Me emociona pensar nela e no que ela passou na rua.
Hoje, não se passa um minuto sem que eu pense nela.
Adorei o “depoimento”.
E ganhou até madrinha!!!!!!!
Ela é mesmo uma graça, um amor e merece todo o carinho do mundo!
Que historia linda cara, eu tambem amo muito meu cachorro que se chama BRUCE. Eu considero meu terceiro filho. Me emocionei.
Texto lindo, pena que pra tantos semelhantes não aconteça um fim tão feliz, se cada um de nós tivessemos o cuidado de zelar por estas vidas e nos responsabilizar por pelo menos por um desses seres tão frageis mas com tanto amor para nos dedicar, com certeza o texto seria outro.
Posse responsavel, posse com seriedade e acima de tudo parceria no amor e carinho incondicional (como eles nos dão). Utópico neste mundo, mas ideal para a raça humana. Pensem nisto…
Ela escreve muito bem, pra quem não tem dedos!
Linda a história do Lilo!
Claro que ela tem dedos, Trotta: cinco em cada pata!