Sabores do McDonalds na Copa (ou: cadê o hambúrguer de calabresa?)

Como bom gordo, aguardei com expectativa o retorno da “Copa do Mundo de Sabores”, promoção sazonal do McDonalds, um dos patrocinadores-master da Fifa. Durante este animado período, os chefs subordinados ao palhaço Ronald criam lanches alusivos aos times que disputam o Mundial. Vou mais longe: gordos entusiasmados com estes sanduíches diferentes são capazes de lembrar quais eram os especiais desde seu primeiro lançamento no Brasil, em 2002.

É uma pena que as mentes criativas da empresa não aproveitam a oportunidade para inventarem sabores realmente exóticos, coisas como McÁfrica (hambúrguer de antílope e molho especial zulu) ou McEslováquia (hambúrguer de cordeiro, bacon, queijo de ovelha), entre outras bombas calóricas respeitáveis. Para 2010, mudou o nome da brincadeira (agora é “Favoritos McDonalds”), e por tabela, um bolão valendo R$ 2 milhões – na prática um sorteio, já que você precisa de sorte para pegar um palpite factível.

Agora, por mais que alguns dos sete novos sabores sejam realmente gostosos, quero registrar aqui minha indignação. Como levo muito a sério o lema “tradição é tradição”, tinha absoluta convicção de que voltaria não apenas o McBrasil, como também sua base principal: o hambúrguer de calabresa. Alguns achavam apimentado; outros, como eu, pediam dois e comiam na hora. Pois o McBrasil realmente está na lista, mas… Sem a calabresa!!! Como assim?!?

Enfim, vamos dar uma repassada histórica nos sabores, com direito a uma breve análise totalmente parcial.

Domingo

2002: McAlemanha. Há oito anos, a rede trouxe pela primeira vez sua versão requintada de “hot dog”: tinha salsichão, muita salada e molho de mostarda – era um dos melhores daquela Copa.

2006: McItália. Bastante familiar: polpettone recheado com queijo e molho pomodoro, além de uma fatia de tomate. Bem parecido com o desse ano, mas em outra data…

2010: McAlemanha. Parecidíssimo com 2002: salsichão, molho de mostarda, mix de folhas (eufemismo para “saladinha”), maionese e queijo mussarela no pão especial. Bastante saboroso!

Segunda

2002: McUSA. Nenhum sanduíche norte-americano deve ser bom. Naquela Copa, era estranho, mas gordurosamente interessante: hambúrguer, molho barbecue, cebola, picles, bacon e queijo cheddar.

2006: McFrança. Esse vem sempre com alguma expectativa, já que os franceses são tidos como exímios gourmets. O daquela época tinha frango empanado, molho quatro queijos e salada. Ou seja, apenas ok.

2010: McEspanha. Inédito! Provei e curti, apesar do tempero forte. Tem filé de merluza empanado, molho de tomate com alcaparra (quer dizer, apenas sabor de alcaparra) e mix de folhas (saladinha, pô!) no pão especial.

Terça

2002: McFrança. A essência se mantém, mas o primeiro era muito menos enfeitado (e bem gostoso) que a versão 2006: tinha filé de peito de frango, maionese, queijo roquefort e uma misteriosa fatia de queijo processada com três sabores: prato, cheddar e provolone.

2006: McArgentina. Um dos poucos que não comi, tanto pelo país quanto pelo sabor. Hambúrguer de churrasco com molho vinagrete (na verdade, uma geléia vagabunda) salada, tomate e queijo emmenthal. Bem diferente da atual versão do…

2010: McArgentina. Ainda não provei, mas deve ter melhorado bastante. Num pão especial, temos hamburguer, queijo mussarela, tomate, mix de folhas (saladinha, né?), bacon em tiras e o “molho chumichurri” – que desta vez está no país certo, ao contrário de 2006.

Quarta

2002: McItália. Definitivamente, este mudou pra melhor. A primeira versão não tinha o polpettone recheado: era um sanduíche meia boca com hambúrger, tomate, salame peperoni e maionese.

2006: McInglaterra. Taí um lanche que parece não ter agradado em nada… O McInglaterra tinha filé de peixe, molho de limão, alface e tomate. Bem light – quer dizer, talvez tenha ficado light demais.

2010: McFrança. Em sua terceira metamorfose: queijo emmenthal, filé de frango empanado, “melt de cream cheese com ervas”, mix de folhas (você já sabe, né?), tomate e queijo parmesão ralado no pão especial. No meu singelo ponto de vista, é o melhor desta nova safra.

Quinta

2002: McJapão. Esse eu definitivamente não comi: era uma homenagem aos donos da casa. Tinha frango empanado, molho teriaki e salada. Não faz sentido um sanduíche japonês sem cara de sushi ou alga.

2006: McUruguai. Só apareceu naquela Copa por uma razão: a empresa optou por escalar os campeões mundiais. Curiosamente, o Uruguai não disputou o Mundial da Alemanha! Talvez por isso tenham desleixado tanto: hambúrguer tipo churrasco, salada, tomate, queijo, bacon e o “molho chimichurri” do país vizinho…

2010: McBrasil. Mudaram não só a data, como também sua alma. Quiseram lhe dar um ar de “lanche de estádio”, com hamburguer de pernil, molho de maionese temperada, queijo mussarela, tomate, mix de folhas (alface, repolho… A porra da saladinha) e cebola fresca no pão especial. Ficou ok, mas nem de longe alcança o saboroso hambúrguer de calabresa.

Sexta

2002: McBrasil. Era pra ser campeão, ter sotaque arretado. Hambúrguer de calabresa, molho de tomate, cebola e o misterioso queijo processado de três sabores. Apesar da minha preferência, meio mundo reclamou: era temperado demais.

2006: McBrasil. Tradição é tradição, pô: calabresa, tomate, cebola, duas fatias de queijo e o famigerado “pão bola”. Reitero, parafraseando aquela mocinha perdida num show irrelevante: tirá-lo da seleção foi uma “puta falta de sacanagem”.

2010: McEstadosUnidos. Ou simplesmente McUsa. Das saborosas sextas de outrora, só restou o “pão bola”. Dentro, aquela norte-americanizada básica: hambúrguer, molho barbecue (com gosto de fumaça), o já insuportável mix de folhas, cebola fresca e cheddar. Volta, calabresa!!!

Sábado

2002: McArábia!!!. Felizmente, a receita dessa bomba ficou perdida em algum ponto inóspito entre as areias abençoadas por Alá. Tinha quibe, salada, mussarella e gergelim no molho e no pão preto. Esse já foi tarde.

2006: McAlemanha. Experimentaram uma substituição interessante, em homenagem ao então país-sede: saiu o salsichão, entrou a costelinha de porco, com direito a tradicional mostarda escura, salada, cebola, tomate e queijo emmenthal. Era muito bom!

2010: McItália. Ao menos uma coisa boa: o melhor das duas versões anteriores reapareceu no final de semana. Pão bola, polpetone recheado, molho de tomate e manjericão, fatias de pepperoni e queijo parmesão ralado. Simples, mas muito saboroso!

E então, qual deles lhe parece mais apetitoso? Em tempo: o excelente Coma com os Olhos fez um review completo dos sete sabores. Veja lá!

Comentários em blogs: ainda existem? (3)

  1. Sou de Porto Alegre/RS, aonde o McDonald’s chegou em 1989. Durante um bom tempo na minha infância e minha adolescência, fui fã desses sanduíches e iguarias tão saborosos quanto caros e pouco saudáveis.
    Hoje ainda como, mas com uma frequência menor (e daí??)
    Esses sanduíches homenageando os países foram uma ótima sacada da rede americana de fast-food! Na sua primeira edição no Brasil, em 2002, saboreei TODOS os sete sanduíches! Já nas edições de 2006 e de 2010, não cheguei a experimentar todos os sabores, por motivos de contenção de gastos e também porque não faz mais sentido para mim ser consumidor assíduo do McDonald’s.
    Cabe lembrar, também, que em meados de 2003, exatamente um ano após a Copa no Japão e na Coreia, a rede resolveu lançar a “Volta ao Mundo em 7 Sabores”, seguindo essa mesma linha, com sete países representados em sanduíches um em cada dia da semana. Aliás, seis novos, porque não poderia ficar de fora o McBrasil. Os outros foram: McArgentina, McEspanha, McAustrália, McMarrocos, McChina e McÍndia. Tive curiosidade e fui experimentar esses também. Depois dessa edição, só nas Copas que o “Mac” fez esses cardápios.
    Para a edição 2010, eu esperava também um “McÁfrica”, homenageando o país-sede, ou um “McMéxico”, homenageando os países que mais participaram de Copas (14 incluindo essa), grupo que inclui o Brasil, Itália, Alemanha e Argentina. Só que aí, na posição seguinte, os países que participaram de 13 Copas são três: Espanha, Inglaterra e França. O que totalizaria oito países. Nesse caso, não daria para contemplar todos em uma semana.
    Abraço e boa tarde.
    Guilherme – funcionário público – Porto Alegre.

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