Agora que o prazo para o envio de bolões por aí praticamente esgotou, posso adiantar duas coisas. A primeira: em praticamente todos os placares, apliquei a boa e velha tática do “um gol” (tasquei 1 a 0 ou 1 a 1 em todos os placares possíveis). A segunda: refiz meu palpitão usando o simulador simplão do blog e constatei algumas modificações em relação ao meu chute original.
Basicamente derrubei França e Dinamarca, promovi Sérvia e Camarões, botei a África do Sul como campeã do grupo, rebaixei o Paraguai a segundo lugar, mantive a Costa do Marfim… Sim, essa foi a consequência natural: só mexi nos classificados, mas deixei os últimos dois jogos intactos: Inglaterra x Costa do Marfim decidem o terceiro lugar, enquanto Brasil x Argentina decidem qual dos dois treinadores novatos entram para o clube de campeões treinando e jogando, como Zagallo e Beckembauer.
Uma das poucas graças que ainda atraem nossa atenção pra competição é o fato de termos, nos próximos dias, um torneio extremamente curto, cujos placares sofrem diante de variáveis totalmente sem controle. Um timaço pode perfeitamente ser eliminado num relance. Assim, se eu, você ou qualquer um soubesse realmente o destino da taça, poderíamos tentar a Mega Sena ou algo que dê mais dinheiro.
Curiosamente, são os economistas os mais entusiasmados em tentar prever o que acontecerá no planeta em 30 dias – tanto com nossas finanças quanto com o título mundial.
Os holandeses do ABN Amro foram os primeiros que tive notícia. O estudo “Soccernomics” analisa o cenário econômico atual e, comparando as nações que disputam a Copa, indicam qual país, ao sair vencedor, representaria uma euforia em sua população e, consequentemente, impulso maior à economia mundial. Para o banco, o país campeão cresce, em média 0,7, ponto porcentual a mais que no ano anterior. O primeiro estudo saiu em 2006, e acredite: em abril daquele ano, eles diziam que o melhor panorama global seria possível em caso de vitória… Da Itália!
Curioso pra saber o que o Soccernomics 2010 indica? Por incrível que pareça, não seria uma vitória da Grécia, mas sim da Alemanha. Convém ressaltar que, para a Euro 2008, um estudo similar desenvolvido pelo ABN Amro sugeriu a vitória de França, Itália ou Holanda. E, no fim das contas, deu Espanha.
Particularmente, estou convicto de que a Fúria não vai me decepcionar e, como de praxe, vai tropeçar no mata-mata, sem qualquer possibilidade de realizar a final. Não é, no entanto, o que indica o site de apostas britânico Sportingbet.com, que apontam os espanhóis como favoritos. Voltando aos palpites econômicos, o banco suíço UBS indica como favoritos, em ordem de preferência, Brasil (22% de chances de título), Alemanha (18%) e Itália (13%). O UBS, no entanto, afirma que não usa variáveis econômicas em sua análise: considera basicamente o desempenho histórico e a força dos jogadores nos últimos três meses.
Agora, se variáveis matemáticas realmente representassem algo próximo das possibilidades reais, o matemático suíço Roger Kaufmann venceria facilmente qualquer bolão. Ele criou um algoritmo denominado Análise Dinâmica Esportiva (em alemão, DSA), utilizando-o tanto em alguns campeonatos europeus quanto no Mundial da África do Sul. Além do ranking da Fifa, o cálculo leva em conta a média de gols marcados, desempenho como visitantes e donos da casa e possibilidades de confrontos.
Para o software do suíço, segundo cálculos de 26 de maio, Brasil e Espanha são as favoritas para uma decisão, e cada uma tem algo como 15% de chances de conquistar o título. Enfim, os mesmos números também colocam Inglaterra e Argélia com chances equivalentes de conquistarem o Grupo C, além de Nigéria superar a Argentina no Grupo B – será que a matemática faz mesmo sentido?
Enfim, apenas para efeito de comparação, os cálculos de Kaufmann em em 2006 davam como favoritos Brasil, Holanda, República Tcheca… Considerando apenas o então Grupo F, Japão e Croácia tinham mais chances de classificação do que a Austrália.
Pois é. Hein Schotsman, responsável pelo Soccernomics do ABM Amro é quem parece ter razão: “uma previsão de sucesso, muitas vezes, depende tanto da sorte quanto da habilidade; esta é uma lição que é frequentemente é esquecida quando tratamos de quantificar o futuro”.