Quanto custa recuperar um arquivo importante?

Você já se viu em alguma situação desesperadora, cuja única solução dependia de algum pagamento? Essa equação maldita, onde o dinheiro é diretamente proporcional ao estado psicológico, estimula toda sorte de extorsões – e nem é bom pensar naquela raça mal-intencionada, capaz de trocar a vida de outra pessoa (ou até mesmo a própria) por qualquer quantia irrisória.

Minha situação é infinitamente mais amena, mas não menos assustadora. Nas últimas semanas, estou me dedicando em um trabalho extenso, canalizado em um arquivo de PowerPoint. De tanto acrescentar e modificar seu conteúdo, o arquivo original já estava com algumas dezenas de megabytes. “E eu com isso”, pensava, enquanto prosseguia concentrado.

Eram mais de duas da manhã quando, subitamente, a janelinha fechou. E meu arquivo tinha apenas 2Mb. Tentei abri-lo novamente e encontrei algo assim: “PowerPoint cannot open the file, it may be corrupt, in use, or of a type not recognized by PowerPoint, There was an error accessing, I can`t read… Sorry, but you have a big problem… Ih, see foo dale”.

Ainda estava naquele estado letárgico entre o “será que não tem jeito” e o “vou ter que refazer tudo” quando acionei São Google, usando todas as palavrinhas-chave possíveis: freeware recover powerpoint corrupted file mac os no backup yes imloser please save me. Obviamente, em qualquer caso do gênero, é impossível encontrar qualquer programinha gratuito: ninguém em sã consciência libertaria um arquivo sequestrado pela tabela de alocação de arquivos sem cobrar o resgate.

Decidi baixar a versão demo do software com as melhores avaliações e opiniões entre os usuários. É uma espécie de “caçador” de fragmentos perdidos: primeiro ele faz uma devassa em todo o HD, depois exibe um relatório com tudo que pode ser ressuscitado. Tinha documentos do word escritos há mais de um ano… “Esse negócio é bom mesmo”.

Mas a versão demo não recupera nada sem o registro e o serial number adequado. Como todo castigo pra bobo é pouco, era impossível prever o conteúdo do único PPT passível de resgate. Só podia ser o meu arquivinho, mas e se não fosse?

Antes de fazer a coisa certa, decidi “vestir uma capa preta e chapéu” e me aventurar no submundo do horror. Nem imaginava que ainda existissem alguns desses sites malware: o buscador underground “astalavista” era o mais popular nos primórdios da web, e ele ainda estava lá. Não fiquei muito tempo naquelas páginas horrendas, repletas de banners eróticos. Fui checar o preço do registro: eram 39 doletas.

“Puxa, são semanas de trabalho prestes a serem resgatadas do limbo… O programinha é útil, pode resolver esse problema inclusive nas próximas vezes… E com o dólar a R$ 1,95, esse não é um preço muito alto a pagar por algumas horas de sono tranquilo”. Passava das quatro da manhã quando finalmente troquei setenta reais por uma sequência de caracteres, usadas para validar o salvador da pátria.

Sucesso? Praticamente. Apenas um ou dois slides desatualizados. Bem melhor que refazer 80. Talvez nem precisasse passar por essa odisséia (bastava gravar uma cópia de segurança), mas no fim, não doeu tanto assim.

André Marmota dialoga muito com o passado, cria futuros inverossímeis e, atrapalhado, deixa passar algumas sutilezas do presente. Quer saber mais?

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Comentários em blogs: ainda existem? (8)

  1. Proxima vez vc baixa o emule, escreve “nome de programa.versão serial” na busca e acha o serial em dois segundo.
    Abraços, j. colmeia

  2. Nada se compara a comprar software, ao invés de pirateá-lo. A tranqüilidade, a leveza de consciência, a eficiência do procedimento, tudo isso compensa, e muito, pagar por um programa. Isso sem falar ns vantagens específicas, como o caso apresentado.

    Ah, além do dólar, outra dica legal é verificar se o fabricante aceita pagamento em PayPal (http://www.paypal.com/). Recebo alguns pagamentos nesse formato, e como hoje em dia é impossível converter em reais (o Sendep, que fazia isso, parou), uma boa saída para os dólares pendentes lá é incrementar o Windows com programas úteis.

    []’s!

    Ps: acho que o botãozinho “Visualizar”, ao lado do “Enviar seu comentário”, não está funcionando…

  3. Meu documento perdido era um comprovante de pgto da 2.ª parcela do IPVA. A idiota da concessionária não aceitou uma declaração do Detran de não haver débitos pendentes nem teve boa vontade pra entrar com o renavam do meu carro no site do Detran. Ainda queria cobrar R$ 50 pra “recuperar” o papel perdido. A indignada aqui providenciou o papel sozinha e pagou R$ 23,50 para o Detran. Para eles apertarem um botão e imprimirem uma folhinha. Enfim, recuperar qualquer documento perdido, real ou virtual, dá dor de cabeça… que bom que você teve sorte!

  4. cara, perder arquivo para mim é um pesadelo. Principalmente fotos de algum evento importante que se tornam impossíveis de serem refeitas. Perdi muita coisa nos primóridos do mundo digital e agora aprendi a lição. Além do HD tenho cópias em CD e em DVD. Alguns dizem que pode ser paranóia, mas faz muito tempo que não perco nada.

  5. Rapaz, sobre dados perdidos, que tinham sido obtidos a custa de muito tempo e trabalho, tive no início dessa semana uma experiência que quase me levou ao pânico pré-suicídio.

    No momento, estou fazendo um trabalho que depende exclusivamente da resposta, via e-mail, de muitas empresas. Pois bem, de quase 800 mensagens enviadas por mim, obtive resposta de umas 300, logo na primeira semana. Pois bem, eis que, num dado momento, fui abrir o meu gerenciador de e-mails (Thunderbird) e… cadê as mensagens??? Pesquisei pasta por pasta e nada. Pronto, uma semana de trabalho mala jogado no lixo, concluí.

    Ao invés de me entregar ao impulso inicial, que era me jogar pela janela, preferi recorrer ao Google. Meia hora depois, lá estava eu, aliviado por reencontrar as mensagens fujonas, agora fazendo backup de tudo.

    Moral da história: quem não tem backup caça com Google. 😛

  6. Os softwares de recuperação de dados são uma boa opção mas é preciso tomar algum cuidado para não piorar mais as coisas.

    Se os dados forem de média importancia acho que dá para arriscar, porém se os dados forem muito importantes eu acho melhor mandar para quem conhece.

    Os softwares da Ontrack são os mais conhecidos. Acho que vale a pena dar uma olhada no site deles para dar uma atualizada no que existe hoje.

    No caso de fotos apagadas de cameras (ou pen drive, memory card, HD, etc) e que devem ser recuperadas fica mais complicado quando são tiradas novas fotos e ai existe a sobregravação de informações. Nesses casos é necessário contar com a sorte também. A recuperação pode ser parcial ou mesmo não ter nenhuma recuperação.

    A ultima chance em casos mais críticos é o envio para uma empresa especializada em recuperação de dados. Quando eu preciso eu mando lá na SOS HD http://www.soshd.com.br pois eles só fazem isso o dia inteiro e portanto devem conhecer mais do que nós micreiros normais. O problema é que eles cobram caro. Tem também a Doctor Byte http://www.doctorbyte.com.br

    Melhor mesmo é não perder nada mas ninguém é perfeito e acidentes acontecem. Até mais…

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