Primeiro dia: susto na estrada!

Marmota e sua família animados, afinal, estavam todos a caminho do sul! A aventura começou um dia depois do Natal, era uma quinta-feira que prometia muitas nuvens e algum cansaço. Os primeiros relatos do Diário de Bordo do Marmota foram feitos em solo gaúcho, ao final daquela noite.

Cachoeirinha, Grande Porto Alegre.
Hoje é 26 de dezembro de 2002.

Olá, Diário de Bordo! Estava com saudades de você! Cá estamos juntos novamente na casa da tia Dair, depois de umas 48 horas acordado... Sim, meu caro. Depois de passar o dia de Natal preparando a retrospectiva para o meu blog e arrumando a mala, resolvi assistir ao Intercine. Era um filme bacaninha, onde uma bela loira, especialista em pequenos furtos ao lado de sua sobrinha de sete anos, conhece o segurança de uma loja. No fim, com a ajuda do Papai Noel, os dois descobrem que se amam. E eu, uma pedra.

Mas voltando. O filminho terminou justamente as três da manhã, hora em que o meu pai já estava em pé, pronto para partir. Sequer pude cochilar, já estava ao lado do Dani, meu irmão, a caminho do sul! Como todo castigo para pobre é pouco, nossos lugares são os mesmos há alguns anos: o banco de trás. A diferença é que tanto eu quanto o Dani crescemos um bocado. Resultado: pernas espremidas nas próximas horas!

Pois bem, saímos de casa as quatro e vinte da manhã, e pouco antes das oito da noite, após 1100 quilômetros e duas trocas de motorista - o Dani nos guiou entre Florianópolis e Torres, e eu a partir daí até o restante do trajeto -, estávamos finalmente aqui em Cachoeirinha. E aqui, um adendo interessante: ganhamos preciosos minutos graças a uma obra nova, o anel viário de Curitiba: a estrada, concluída recentemente, fez com que não precisássemos entrar na capital paranaense, como sempre fazíamos. É isso que o Rodoanel de São Paulo pretende ser daqui uns dez anos...

Ah, mas antes de chegar ali, passamos um apuro nunca vivido até então. Estávamos na Régis Bittencourt, a alguns quilômetros da divisa com o Paraná. Uma fina garoa nos acompanhava desde o ingresso na estrada, transformando a pista num verdadeiro sabão. Nessas condições, todo cuidado na estrada é pouco! Pena, mas nem sempre as pessoas se dão conta disso. Principalmente aqueles que dispõe de carrões invocados, capazes de deixar o nosso voyaginho 93 no chinelo.

Enfim. Naquele ponto da estrada, duplicado recentemente, um Citroen Xsara, cor de vinho, que havia nos ultrapassado minutos antes, perdeu o controle e rodou. Isso a apenas alguns metros na nossa frente! Meu pai, que estava no volante, pisou no freio no mesmo instante. Mas com a pista molhada, o carro não respondia, seguindo em direção ao Xsara.

Assustador! Já estávamos vendo o estrago diante dos nossos olhos! Nosso final de ano no sul estaria perdido, tudo em função de um contratempo fora dos nossos planos! Num súbito relance, a direção do carro mudou, e a 50 centímetros do Xsara, paramos. Bendita seja esta divina mão invisível!

Saímos logo de perto: o incidente aconteceu logo depois de uma curva, e um caminhão a toda velocidade poderia não ter a mesma sorte. Logo a frente, vimos uma Parati escura, no meio da lama. Seus passageiros, apenas jovens, saíam tão bobos quanto nós estávamos. Certamente também se assustaram, mas subiram na guia e foram parar fora da pista, sem condições de seguir viagem. Também pudera: mal conseguimos engolir os pedaços soberbos de costela com polenta, comprados ainda no Paraná, para forrar o estômago. Provavelmente, vamos dividir as expectativas desse final de ano com a inevitável recordação do Xsara cor de vinho. Mas vamos em frente. Amanhã tem mais!

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