Final de dezembro. Madrugada. Todos em pé. Malas prontas e acomodadas no carro. Família a bordo, hora de encarar mais de mil quilômetros entre São Paulo e Pelotas, sul do Rio Grande do Sul. Depois de mais ou menos dezoito horas, uma escala na cidade de Cachoeirinha, que fica a dez quilômetros da capital gaúcha. Mais três horas os separam do cenário onde os meus pais cresceram, e que atualmente representa saudosas recordações. Vira a folhinha, muda o ano, até a hora da volta. Ao pisar em São Paulo, é como se o novo ano estivesse começando naquele instante.

Essa história fez parte da minha vida em pelo menos 20 dos meus 25 finais de ano. Alguns poderiam dizer que “isso é uma tremenda chatice, afinal, toda vez é a mesma pataquada”. De fato, até poderia ser assim. Surpreendentemente, cada vez que meus pais, meu irmão e eu colocamos o pé na estrada, podemos esperar: novas histórias, algumas surpresas e, infelizmente, decepções, estão devidamente reservadas!

Desde 1989, mantenho um hábito metódico, mas ao mesmo tempo prazeroso: registrar os momentos marcantes deste importante episódio da minha existência. Hoje, mesmo com o advento dos blogs, ainda recorro ao velho papel e caneta – afinal de contas, não é todo mundo que pode andar por aí de laptop. Um dia eu chego lá.

Como prometido, resolvi aproveitar o potencial deste espaço para recordar os dez dias da minha temporada 2002/2003, recriando aqui o meu Diário de Bordo. A brincadeira começa hoje mesmo, no post abaixo. Quem aparecer por aqui durante uma semana, vai sentir que dez dias, quando bem aproveitados, passam muito depressa…