“PQP, perdemos a Copa”

Enquanto Dunga se justificava ao batalhão de 500 jornalistas, porta-vozes dos outros 190 milhões de potenciais repórteres e técnicos, Rodrigo telefonou para seu pai, o ator Roberto Cezaretti, ansioso por uma opinião a respeito dos 23 jogadores convocados pelo treinador para o Mundial. Ouviu um desabafo irritado.

– Putaqueoparil, perdemos a Copa hoje.

Não parece um comentário diferente do que, segundo o senso comum, foi ouvido em outros recantos do país pouco depois das treze horas da última terça. Esse, no entanto, vem respaldado por um pedaço de papel entregue a Rodrigo em 1993. Com ele, um recado.

– Guarde isso aqui, filho. Deixe para abrir só daqui algum tempo.

Fez isso anos mais tarde. O bilhete começava com uma lista de jogadores que fariam parte da Copa no ano seguinte, seguido por um prognóstico: com essa base, a seleção conquistaria o tetracampeonato. Acertou boa parte da escalação e o palpite.

Mas havia um outro parágrafo. Baseado apenas em sua atenta observação e sensações, Roberto Cezaretti escreveu que o embalo do título, somado ao desempenho dos outros adversários, seria capaz de colocar o Brasil nas finais das duas Copas seguintes. Só que o time fracassaria na primeira, levando o caneco apenas na segunda.

Convenhamos: dá pra não respeitar alguém que ousa prever o desempenho brasileiro em três mundiais seguidos e acerta?

Enfim, Roberto não precisou de qualquer esforço para cravar o que seria do Brasil em 2006. Mas essa era barbada: historicamente, quando o torneio acontece na Europa, dificilmente os convidados de outros continentes levantam a taça. A festinha brazuca em Weggis, que ajudou a abrir um buraco no “quadrado mágico” de Parreira, sacramentou o resultado.

Quando ouvi a história pela primeira vez, pedi ao Rodrigo para que o pai dele imaginasse seis dezenas aleatórias de um a 60 e me entregasse. Ele respondeu que o chute não foi fruto de adivinhação, mas sim conhecimento e “feeling” de um torcedor calejado. Perguntei ainda se o patriarca da família Cezaretti já havia sentenciado nosso destino em 2010. A resposta foi animadora: seríamos campeões.

De fato, há razões para isso: com o time principal, Dunga disputou a Copa América em 2007 e a Copa das Confederações ano passado. Começou ambas aos tropicões, mas faturou os dois títulos. Comprovou que sua postura rigorosa, oposta ao festerê que marcou nossa presença na Alemanha, deu resultado.

Neste semestre, no entanto, o feeling do Roberto fez com que mudasse de idéia. Tudo porque, entre os comprometidos ao sistema de Dunga, há jogadores com rendimento em queda ou lesionados – Kaká, por exemplo. Uma combinação entre os titulares de sempre e reservas que podem segurar o rojão em caso de necessidade. Só faltava a convocação final para que ele pudesse enxergar o que virá pela frente.

A essa altura, só nos resta duvidar da visão além do alcance de Roberto para torcer. Ou zicar algum perna-de-pau durante a preparação e abrir caminho para Ganso, Ronaldinho Gaúcho ou quem você desejar.

Comentários em blogs: ainda existem? (6)

  1. Prefiro que acabe então. Prefiro perder essa Copa a ter que torcer por Ganso e Neymar na Seleção. De repente, vai que a CBF decide fazer caridade lá na Africa do Sul, em algum lar espírita, e aí seria vergonha MUNDIAL saber que os moleques – no sentido mais baixo da palavra – não desceram do onibus.
    Infelizmente terei que aturar o Robinho, mas dentro do discurso de coerencia do Dunga, é o jeito.

  2. Concordo com vc e lhe parafraseio: “A essa altura, só nos resta duvidar da visão além do alcance de Roberto para torcer. Ou zicar algum perna-de-pau durante a preparação e abrir caminho para Ganso, Ronaldinho Gaúcho ou quem você desejar”

  3. Gente, kd o neymar e o ganso? o ronaldinho gaucho está meio cansado de jogar, porém mudanças na seleçao sao compreensiveis pois muitos dos jogadores nao jogam no brasil! alias a grande maioria……..

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