O que significa ser chamado de “macaco”?

Estava devendo o resultado de nossa última enquete. Agora vai.

Todo mundo conhece o Felipão. Quem o conhece sabe que foi ele o “paizão” da seleção do Penta. Alguns também sabem que, atualmente, ele comanda a seleção portuguesa de futebol. Destes, talvez a maioria lembre que Felipão começou sua carreira no futebol como zagueiro no interior do Rio Grande do Sul. Tanto seu esporte quanto seu estado de origem não admitem, digamos, frescuras.

Felipão esteve no Brasil há uns quinze dias. Concedeu duas entrevistas – uma ao programa Roda Viva, da TV Cultura, e outra coletiva durante sua presença na Apas, feira sobre negócios em supermercados (???) em São Paulo. Em ambas, falou sobre a punição ao argentino Desábato, o argentino preso após xingar Grafite de macaco durante um jogo.

Disse o treinador: “Fora de campo tem de se tomar atitude, porque não é apenas uma pessoa que grita. Dentro de campo é uma grande palhaçada, porque o futebol tem a sua própria linguagem… O jogador não pode começar a querer se mostrar como vítima. Deixa o futebol para ser resolvido dentro de campo”.

A opinião do técnico bate com a do multimídia Marcelo Tristão Athayde de Souza (ou Tas, como queiram). “Dentro do campo, os jogadores de futebol se xingam, se beliscam, se cospem… Futebol é o teatro de uma guerra. Só que ninguém morre no final. É um jogo, literalmente… Sou totalmente contra a violência no futebol. Já me posicionei várias vezes a respeito. Mas transformar uma briga dentro de campo num impasse internacional, acusar o argentino de racismo como se o cara fosse um Hitler, pra mim passou do ponto. E deturpou uma legítima posição que poderia ter sido elegante e didática”.

A opinião acima, publicada em seu blog logo após o episódio, rendeu mais de 300 comentários inflamados, tanto discordando como criticando sua “postura infeliz”. Outros 300 surgiram no dia seguinte, quando Tas voltou ao assunto, ratificou que é contra o racismo mas manteve sua opinião essencialmente futebolística. E foi além: “o preconceito está dentro de nós todos. Vamos todos nos educar e aprender com esse episódio. Não devemos combater preconceito com outro preconceito”.

O barulho provocado pela banana do Desábato (sem conotações, por favor) serviu como tema para a nossa pesquisa periódica. Afinal de contas, se um jogador chama outro de “macaco” no meio de um jogo, o que isso representa? Pouco mais de 100 pessoas deram sua resposta por aqui – a todos, novamente, obrigado!

Vamos as escolhas de nossos visitantes. Para 27,9%, foi racismo. Não há o que discutir, a prisão é o caminho certo para coibir essas atitudes. Apenas 10,6% concordam com Felipão e Marcelo Tas, definindo a atitude do zagueiro argentino como normal, pois Faz parte do calor da partida.

Outros 19,2% preferiram subir no muro e consideraram a atitude discutível. Afinal de contas, tudo depende de como é feita a ofensa – se a um indivíduo ou a toda raça. Para 17,3%, a prisão de Desábato foi ridícula – ou alguém já viu alguém gritar “branquelo” ser preso?, complementava a alternativa. Por fim, 25% dos nossos visitantes escolheram nossa alternativa “paunuku”: afirmaram que não gostam de futebol nem de macacos.

Nossa atual enquete, mais amena e bem menos polêmica, tem data de validade. Como sempre, ficaremos honrados com a sua participação em mais essa intrigante questão! Desde já, muito grato!

André Marmota acredita em um futuro com blogs atualizados, livros impressos, videolocadoras, amores sinceros, entre outros anacronismos. Quer saber mais?

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