O panetone e suas incríveis variações

Diz a lenda que, no Século XV, um gaiato milanês tentou se aproximar de uma jovem donzela. Seu pai, o padeiro Toni, não aceitava o namoro. Para impressioná-lo, o figura criou um pão doce diferente, fermentado, cuja forma lembrava a cúpula de uma igreja. Para barganhar a mão da moça, o cururu atribuiu a nova receita ao Toni. Virou sucesso: todos queriam experimentar o tal “pan de Toni”, que aos poucos, virou simplesmente panetone.

O negócio saiu de Milão para ganhar o mundo. Mais do que isso, a fórmula caseira, aliada a tradição, fez com que a iguaria ganhasse vida própria e se transformasse nas diversas ceias do planeta. Panificadoras tradicionais inventam coberturas e recheios diversos; donas de casa cortam o negócio e enchem de sorvete ou outras gororobas; alguns cozinheiros mais ousados criam novos sabores, como este inigualável panetone de torresmo! Ou pior: fazem pudim ou rabanada com todo o panetone que sobra da festa!

Enfim, não importa o que sai do seu forno: vamos nos ater ao panetone industrializado, aquele que a maioria conhece. Até bem pouco tempo, os poucos fabricantes enchiam as prateleiras apenas com o tradicional produto com uvas passas e frutas cristalizadas. Há alguns anos, os fabricantes sacaram que nem todo mundo gostava daquelas coisinhas verdes. Assim, surgiram as primeiras alternativas: a versão só com uva passa e o “chocotone”, com gotas de chocolate.

Veja a foto antes que acabe!

Ano passado, ganhei de presente o meu primeiro “panetone modificado”: um delicioso recheio de goiabada. Fiquei apaixonado pelo sabor – tanto que decidi comprar uns doze esse ano. Nessa rápida visita ao supermercado, constatei que a imaginação dessa gente não tem limites. O chocolate, seja preto ou branco, segue como a grande vedete: além do já tradicional chocotone, alguns vêm recheados com musse de chocolate. Outros tem chocolate inclusive na massa.

As variedades vão além. Além dos meus 37 panetones de goiabada, comprei um com recheio de doce de leite, só pra ver como é. Já com a consciência pesada, resolvi dispensar alguns de chocolate e levar um panetone light, com menos calorias.

Nããããããooo...Quando pensava ter encontrado todas as alternativas possíveis, descobri a Village: os fabricantes, com sede na Vila Prudente (mostrando a força da nossa ZL) são os mais alucinados. Além dos tradicionais, do chocolate com gotas de chocolate e da goiabada, a turma inventou o panetone sabor Floresta Negra. E mais: criaram o bizarro PaneCola, o panetone sabor Coca-Cola!!! O de goiabada estava delicioso, mas o PaneCola eu tive medo de comprar, comer e passar a tarde arrotando…

Aos mais ortodoxos, aqui vai minha humilde opinião a respeito dos panetones tradicionais: o da Bauducco é indiscutivelmente bom, mas ainda acho o da Visconti melhor – a massa não é tão seca. Agora, francamente: depois do PaneCola, não tem como não ficar com água na boca e esperar pela industrialização do panetone de torresmo!

(Postado em 25/12/2004. Tempos depois, os gênios da Village criaram o de frutas tropicais, com banana, mamão e goiabada, e o Panetone Capuccino, com gotas de chocolate e café.)

Comentários em blogs: ainda existem? (9)

  1. Já experimentei o panetone normal, o chocotone, o com musse, e o com doce de leite (do Havana, é bom!!!). Ah, e experimentei um da Ofner com um recheio amarelo que leva vinho (tudo amostra grátis).
    Esse ano não quero nenhum industrizlizado: quero ir na Di Cunto, na Mooca!! Experimentar o tão famoso panetone de lá!! Depois te falo o que achei!

  2. Só esqueceram daquelas pessoas que não gostam é da UVA passa. Fazem um panetone só de uva passa e não existe um só com as frutinhas, SEM a uva passa.

    Enfim, viva o panetone de torresmo. Já virou lenda pra contar pros netos!!!

    Abraço!

  3. Moro na Espanha e minha sogra é suíça-catalã e ainda tenho que ouvi-la freqüentemente perguntar se os panetones que se come no Brasil são importados da Itália, com todo este sortido que se tem aí. Saudades destes panetones modificados!!

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