Acabou a brincadeira. Os Jogos Olímpicos de Atenas terminaram neste domingo. E se nos anos 80 a polarização entre EUA e URSS ditavam o ritmo das medalhas, em 2004 a coisa foi mais distribuída. Mais do que isso, o mundo conheceu uma nova potência esportiva: a China.
Em 1988, os chineses terminaram os Jogos de Seul na 11ª posição. Já em Barcelona e Atlanta, terminaram em quarto. Em Sydney, figuraram na terceira posição. Agora, ficaram atrás apenas dos EUA – ficaram atrás por apenas três medalhas de ouro. Na Grécia, os chineses surpreenderam o mundo, conquistando vitórias incríveis em modalidades com pouca tradição – natação, atletismo, natação e tênis, por exemplo.
Sem coincidência alguma: o crescimento chinês no quadro de medalhas acompanhou a evolução econômica do país, que cresce 10% ao ano. Dá para o Comitê Olímpico Chinês distribuir cerca de US$ 200 milhões por ano – metade desse valor vem do governo, que vai deixando de lado suas raízes socialistas a passos largos.
Com a festa de encerramento, os chineses tornaram-se oficialmente os protagonistas da próxima festa, marcada para 2008, em Pequim. Claro que os asiáticos pretendem fazer um evento tão inesquecível quanto o de Atenas. Mas a missão da China para os próximos Jogos é ainda mais ambiciosa: superar o mundo no quadro de medalhas.
Quem viver, verá. Veremos, então, daqui a quatro anos. Alguém me acompanha?
Eh, Brasil! – Antes de falar nas medalhas, não custa lembrar dos últimos grandes momentos em que o país gritou Eh, Brasil: diante da apática seleção feminina, que desmanchou após jogar no lixo sete bolas que poderiam lhe dar uma vaga na final, e o decepcionante revezamento 4 x 100, pódio nos dois últimos jogos e último colocado em Atenas. Aliás, parece que Rei Medas esteve na Grécia no último sábado…
Eh, Brasil 2! – Foram duas semanas tranquilas, sem problemas relacionados a segurança – desmentindo toda a paranóia terrorista concebida antes dos Jogos. Pois o único atentado em Atenas foi sofrido por um brasileiro! Absurdo! Felizmente, Vanderlei Cordeiro de Lima, um dos melhores fundistas do país, driblou o maluco e correu para o bronze – com gostinho de ouro! Aliás, a história vai registrar o corredor que conquistou medalha mesmo após ser agredido por um irlandês tantã. Poucos vão lembrar quem ganhou!
Eh, Brasil às avessas! – Enfim, conqustamos quatro medalhas de ouro, recorde absoluto, graças ao vôlei masculino. Pena que, entre todas as modalidades que competimos, as mesmas de sempre foram as responsáveis por medalhas… Como diria o velho Eymael em sua campanha eleitoral, “chegou a hora da renovação!”.
Tá cum dô – Entre os esportes “inesperdos”, quem chegou mais perto de uma surpresa foi o taekwondo, com dois quartos lugares (um deles da minha nova musa, Natália Falavigna). O outro “quase-bronze” veio com Diogo Silva, que falou tudo após sua participação: “Por mais que a gente batalhe, nosso sacrifício não é recompensado. Foi meu protesto para que o Brasil veja a dificuldade que o esporte amador enfrenta. A gente merecia mais apoio do governo e dos empresários. Infelizmente, o Brasil é movido a medalhas. Quem briga por resultado é por amor ao esporte, por ter orgulho. Quem busca retorno financeiro, fica frustrado Acho que tudo vai continuar igual”.
As Olimpíadas acabaram, mas até o final da semana, o assunto continua por aqui. De qualquer forma, voltamos com a nossa programação normal!
Só lhe faço uma pergunta: Quantas medalhas Pierre de Coubertain tem os EUA ou a China? Existem trilhões de medalhas de ouro no planeta, agora a PR, só 3…
Marmota,
A seleção de volei feminino me decepcionou MUITO!! Falta de fibra, falta de vontade, falta de tudo. Perder um jogo daqueles e ainda jogar com toda aquela apatia contra as cubanas…. Não merecia o ouro. Não merecia medalha. Pra mim, esa vai entrar na lista de fatos inexplicáveis do esporte, junto com a final de 98 da França. Abração.
Como já perguntei no blog do Japa, esta medalha Fair Play foi pelo fato do Vanderlei não ter dado umas porradas no Irlandês? E você já viu quantas comunidades no Orkut a respeito? Parabéns. Foi divertido, como sempre. Eh, Brasil.
Marmota, foi mal ter furado no lance da feirinha do Bixiga. Saí tarde do teatro e preferi ir pro albergue. Grande abraço!
Eu naum lembrava que o cara já tinha aprontado na F1 também… Enfim, era bom de mais pra ser verdade: um brasileiro ganhando a maratona, na Grécia, nos jogos olímpicos. Eh, Brasil!
Abraços!
Exelente análise das olimpíadas e, especialmente, da campanha brasileira. Aliás, toda a sua “cobertura” foi adorável. Também achei que o depoimento do lutador Diogo Silva disse tudo. Estava mesmo dizendo que, das quatro medalhas de ouro que ganhamos, duas são do iatismo, esporte praticado por atletas com mais alto poder aquisitivo, pelo investimento que requerem. Isso mostra bem o quanto é preciso que o governo invista em esportes no Brasil.
Abs, Elisa