Sabe aquela sensação horrível que bate quando tudo ao seu redor absorve sua energia? Seja um desafio profissional do tamanho de Júpiter; as agruras corriqueiras no trânsito; burocratas e incompetentes atravancando seu progresso; e a pior delas, a impressão de que seus contatos virtuais o vêem como mais um número relevante para seus planos de monetização. Com todo esse peso sob os ombros, a melhor coisa que você pode fazer é lembrar de alguém e convidá-lo para um café.
Isso fica ainda mais fácil em São Paulo, onde o “tomar um café” pode ser a qualquer momento. Seja em horário comercial, no balcão da padaria ou naquele cantinho bem decorado que você conhece (só não me venha falar em Starbucks), ou justamente naquele período onde seu amigo já não quer mais saber de estatísticas ou rotinas de produção: no final da noite/início de madrugada. Nessa hora, ao menos dois nomes estão na ponta da língua dos paulistanos. Um deles é o Fran’s. Na capital, é possível esbarrar em uma das filiais a qualquer momento, mesmo sem querer. E praticamente todas estão abertas 24 horas.
Com o tempo, dá para identificar peculiaridades e idiossincrasias próprias de cada unidade: a da Paulista com a Carlos Sampaio é a mais vulnerável a presença de “amigos do alheio”; o da Vila Madalena é o mais descolado, graças ao volume de livros e revistas; o da Benedito Calixto separa os agitados dos sossegados em seus dois andares; e tem o da Haddock Lobo, sempre cheia de gente feliz. Em todas, duas coisas em comum: o cardápio e a morosidade no atendimento. Qualquer Fran’s é perfeito para conversar por longas horas – tempo para o garçom aparecer duas, três vezes na sua mesa.
Ultimamente, o Fran’s tem sido a opção notívaga número dois. A primeira é a doceria Ofner, fundada em 1952 pela família de mesmo nome e devidamente “profissionalizada” nos anos 70. Lá tem até café: o melhor é a infinidade de guloseimas bacanas.
Localização: ****MUITO BOM. A doceria tem 16 lojas na Grande São Paulo, incluindo quiosques em alguns shoppings centers. Três delas são 24 horas: a do Itaim Bibi (Nove de Julho, esquina com a João Cachoeira), a da Avenida Ibirapuera e a minha preferida, na Alameda Campinas: é a única onde eu consigo parar o carro na rua sem me preocupar. Já tive a infeliz idéia de ir até lá caminhando, a partir da Paulista (com amigos, sempre).
Ambiente: ***BOM. A grande vantagem de chegar bem tarde é encontrar mesas vazias. Nem sempre isso acontece, especialmente em horários humanamente aceitáveis: já tive situações em que precisamos migrar para o Fran’s, em função do movimento. Se o clima contribuir com a melhor das hipóteses, não só vai ter lugar lugar como também será possível desfrutar de uma mesinha ao ar livre.
Atendimento: ***MUITO BOM. Aqui, o cliente está acostumado a pedir suas comidinhas no balcão e carregar sua bandeja para a mesa. Mas algumas moças, munidas de cardápio e bloquinho, ficam estrategicamente espalhadas pelos salões, atentas aos desavisado que chegam, sentam e esperam por uma palavra amiga.
Acepipes: *****ÓTIMO!!! Você pode até conseguir pedir só no café, um capuccino, um chocolate quente… Até mesmo um refrigerante ou uma água sem gás. Mas não tem como não se perder em meio aos bolos, tortas, doces e chocolates. Destaque para os tradicionais musse de chocolate e torta holandesa, servidos num copinho descartável muito prático. Sugestão da casa para a sua próxima visita: Especial de Morango, com uma camada de pão-de-ló forrada com geléia, chantily e pedaços da fruta – que merecem ser saboreados por último.
Preço: **REGULAR. Calma. Se você não abusar na quantidade de coisinhas, a conta não fica tão absurda. O negócio começa a ficar feio diante de alguns produtos mais refinados, como caixas de bombons e bolos de festa… Alguns preços dessa área são realmente assustadores: quem pagaria quase 100 reais num panetone decorado?
Avaliação geral: ****MUITO BOM. Não tenho dúvidas: a Ofner é um grande pretexto para você sacar o seu celular ou até mesmo reativar aquele contato perdido no MSN. Deixe de ser tão cabeça dura, esqueça por alguns instantes as bobagens mundanas que consomem o seu dia-a-dia, vai jogar conversa fora olhando nos olhos de alguém – comendo um doce e tomando café.
Você não falou da eclér… A eclér da Ofner é de outro planeta!
Ah, adorei o “gente feliz” no Frans da Haddock Lobo. Uma vez eu saí de lá sob olhares ameaçadores… =P
Ofner é uma delícia.
Doces, salgados, tudo… difícil é resistir rsrs
Eu gosto de criar hábitos, ritos, como diria a raposa do pequeno príncipe… e é por isso que apesar das muitas ofner espalhadas, gosto mesmo só de uma – assim como peço sempre o mesmo doce (e quando não tinha dele, fiquei só na água).
já fiquei no andar de cima, no andar debaixo, já voltei porque estava lotada, já sentei ao ar livre e bati um bom e velho papo furado com o alexandre, já fiz minha amiga lúcia ir até lá mesmo que sem mim.
a ofner é mesmo a melhor das recomendações pra quem gosta de um docinho bom, como eu – mesmo não sendo da turma do café… 😉
Prefiro o Fran’s do que a Ofner…