Contrariando todas as manchetes políticas e econômicas do dia-a-dia, toda relação de notícias mais lidas dos portais trazem sempre fofoquinhas de famosos ou tragédias. E nesse último grupo, quando a informação comove profundamente a população, elas ganham o patamar de “notícia mais relevante”.
É uma pena constatar que aberrações de caráter, como jogar uma criança pela janela, estejam se tornando frequentes – seria melhor trabalhar para que o comportamento humano evoluísse. Mas diante do inevitável, nossos coleguinhas de imprensa aproveitam para resgatar o velho debate: afinal, o interesse pela pauta surge da importância do crime ou da simples necessidade de espetáculo?
Concordo com quem defende a presença maciça de jornalistas em uma busca frenética de respostas, confrontando testemunhas e investigadores (muitas vezes com perguntas nitidamente despreparadas, mas enfim). Num extremo, o discurso é: “esse é o nosso papel, quem não está contente pode mudar de carreira”…
Pessoalmente, questiono profundamente o tempo dedicado a essa cobertura, com repórteres informando “o que a madrasta tomou no café da manhã em seu primeiro dia preso”. Ou as famosas entradas ao vivo no meio da programação, simplesmente para dizer que “não há novidades nem depoimentos”. Então cale-se, oras!
O pior é constatar que nem sempre esse show é elaborado com a devida cautela. Independente da sua opinião sobre os culpados pela morte da menina, o que você conclui diante da manchete do Diário de S. Paulo da última terça-feira?
Se serve de consolo: a “era do espetáculo” não é exclusividade brasileira. Ok, eu sei, isso não serve de consolo…
Não, pra mim, o pior de tudo MESMO é que a tal da mulher tem o meu sobrenome! O.o
“Adoro” ver como os jornalistas não se freiam antes de mandar de cara uma informação nova sobre a qual não se tem certeza quase nenhuma…
Não é a primeira vez que uma dessas acontece e os envolvidos acabaram no “ó” depois que tudo foi resolvido. Acho que isso só tem uma solução: dar na cara dos responsáveis.
E, sim, post sobre isso até amanhã. Aguardem.
Concordo com você. Hoje mesmo está conversando no meu trabalho sobre isso. A proporção que essa notícia tomou é absurda. E, com certeza, deverá atrapalhar no processo de investigação do crime.
Um exemplo disso foi o caso da juíza do município de Abaetetuba, aqui no Pará. Foi ela quem deixou uma menina de 15 anos presa com mais 20 homens em uma cela. Por causa de uma nota divulgada em um jornal de grande circulação da cidade, o Tribunal de Justiça do Estado decidiu não abrir Processo Administrativo Disciplinar contra ela. Ou seja, um absurdo. A população está indignada e eu também.
Falando em responsabilidades da imprensa… alguém se lembra do caso da Escola Base?
É lamentável, né?
É o quarto poder… Cidadãos Kane de todo o mundo, uni-vos!
Escrevi sobre isso tb,esse espetáculo mórbido me dá enjoo.
Tá com uma cara de virar uma nova Escola Base…
Tá com cara de virar uma nova Escola Base… (2)
Numa sala de espera, onde sempre rola o pior da TV, vi o trecho de um desses programas vespertinos de variedades. Nesse, mostravam imagens e mais imagens da menina assassinada na companhia da mãe dela, tendo como trilha sonora “Eu Sei que Vou Te Amar”, cantada pelo Tom Jobim. Apelação extremamente tosca. Bem, pensando bem, poderia ser pior, ao colocarem alguma romântica do Calypso…
Nossa, não agüento mais este caso. Quem deve adorar algo assim agora é o mosquito da dengue e o César Maia. Pensa bem: sem este caso, estariam falando dez vezes mais sobre os dois.
E como disse o Tuca, lamentável ver o sensacionalismo barato em programas de tv. Chega a dar ânsia.
(Sim, claaaaro que eu achei o assassinato dela a coisa mais brutal e covarde que soube nos últimos dias, não sou insensível. Mas insensíveis são estes diretores de programas, que só pendam em Ibope…)
Pois é, aí é que tá.
Crimes como este (talvez cometido pelo pai e pela madrasta) não são a coisa mais incomum do mundo. No percentual geral de crimes violentos (que fatalmente acontecem dia a dia) existe uma parcela praticamente regular dos que são cometidos por pais. É normal? Não. É terrível? Sim. Mas não é incomum: não foi o primeiro nem será o último.
É claro que se tem dó da criança; qualquer ser vivo que tenha compaixão o teria, mas o sensacionalismo também deixa qualquer ser decente de cabelos em pé.
Cansei. Cansei da estrelinha que morreu com apenas 5 anos.
[…]Entrementes, no meio termo o Brasil inteiro acompanhou cada pormenor da investigação, cada detalhe, cada minúncia insignificante do caso. Hoje, um mês após a morte da menina, a Rede Globo ainda comenta o caso exaustivamente em seus noticiários. […]
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