– Viu que o Rafael Galvão fechou o blog dele?
Nem “oi”, “saudade”, “como você está” ou outra demonstração de afago. Foi assim que começou meu dia. Só por curiosidade, fui ver o último texto publicado por um sujeito que conheci e aprendi a admirar graças a essa ferramentinha simples, que teve seu tempo de festa mas hoje não consegue arrumar tempo para se enturmar com sistemas que fazem a mesma coisa, só que melhor (leia “Facebook”).
“E com tudo isso o tempo passou e escrever um blog deixou de ser tão divertido”. Como eu entendo o que o Rafael quer dizer. Na década passada, as motivações para compartilhar idéias normalmente brotavam dentro de si, como uma válvula de escape. De repente, entendíamos o verdadeiro significado de “rede”: conectar pessoas incríveis, diferentes, com suas virtudes e defeitos, passou a ser mais fascinante do que elaborar parágrafos repletos de entrelinhas.
Mas tem mais. Estamos falando em conectar pessoas a partir de uma ferramentinha simples. Pense em uma ferramenta qualquer. Por mais que ela permaneça útil com o passar do tempo, ela se torna obsoleta. E se a metáfora do instrumento pura e simples não for suficiente, imaginando que para “conectar pessoas” é preciso um lugar agradável como um chalé, a ferramenta deixa de ser simples. “Mas os cupins; é preciso ser veloz ou os cupins comem toda a madeira, e o preço do concreto pela hora da morte?”, lembrou o Tiagón, ao falar da depreciação e falta de “novas luzinhas piscantes” no condomínio que administrava, o Verbeat, e que fechou ao final do ano passado.
A bem da verdade é que, salvo algum novato entusiasmado com alguém que (ainda) ouviu falar em monetização, poucos ainda tem paciência com blogs. Acabamos aproveitando nossas 24 horas diante de prioridades necessárias para a nossa sobrevivência, enfraquecendo aquelas conexões – ou otimizando-as a partir dos sistemas melhores, onde boa parte daquelas pessoas estão agora (leia “Facebook”).
“Foi, o condomínio, se transformando numa espécie de pensão de avôzinho simpático, enrugadito, sempre sorridente, esperando moradores e amigos com um café”. A imagem que o Tiagón identificou em seu Verbeat é bem parecida com a que este Dialética.org acabou se transformando. Com uma diferença: aqui, os responsáveis pela pensão não param mais em casa, encontraram coisas mais importantes pra fazer – e ainda que procrastinem, estão fazendo.
– Ah, nós fechamos nossos blogs também. Só não anunciamos.
Antes que eu pudesse perguntar como ela ainda vê esta nossa tapera com mato dessa altura no terreiro, assombrado por algum espírito sem paciência com as imperfeições humanas, como se estivesse faltando algo para ser um lugar divertido e acolhedor (nem precisa ser como quando as mãos suavam e as pernas tremiam apaixonadamente), ouvi, ainda com um tom confuso e melancólico:
– Ei, por favor, não feche o Dialética. Eu ainda o vejo como um miniportal familiar.
Então hoje passei aqui, diante da porteira, vi a casa ao longe e preferi ignorar a sujeira acumulada. Vi apenas saudade e lembranças. Num dia azul de verão, sinto o vento; há folhas no meu coração, é o tempo. E gira em volta de mim, sussurra que apaga os caminhos… Enfim, deixa o tempo passar, acumular folhas, cristalizar idéias. Vou ali dar uma volta, resolver algumas coisas. Quando você quiser, volto por aqui e te ajudo a varrer, queimar papéis e galhos secos, trocar a fiação elétrica.
Ainda guardo um carinho imenso por blogs, e por esse portal familiar do qual faço parte com muito orgulho!
Foi através de blogs que conheci pessoas maravilhosas, como você e a Lu!
Por diversos momentos esse ano já pensei em colocar isso ou aquilo no blog… mas o tempo passa, faço outras coisas… e as idéias não saem do abstrato.
Não tenho tempo tb pro facebook… onde apareço um pouco mais é no twitter, mas não chega nem perto do que a maioria das pessoas ficam…
Muitas informações novas por segundo… acho demais pra mim! Às vezes tenho a sensação de que não dou conta de tanta modernidade! risos…
Ei, que tal marcarmos algo ao vivo? Colocar papo em ordem, falar de tudo e de nada… dar risada…
Sinto que tenho que achar espaço pra mim mesma na agenda tão atribulada!
(Nossa, esse comentário ficou um mini-post!)
Já tive a oportunidade de visitar lugares do meu passado que ficaram entregues às folhas, cumpins e vegetação… Não me senti bem na época e não vejo o Dialética assim…
Aqui, no máximo, é a casa de praia, que, por estarmos mais velhos, fica de lado…
Mas sempre se volta lá, mata-se a saudade de tempos em tempos…
Tecnologias, ferramentas, podem ficar obsoletas sim!
Mas idéias, textos estão tão vivos como sempre estiveram!
O problema é o nosso momento de vida, nossa geração está na crise da idade…
Querendo viver tudo de tudo ao mesmo tempo.
Esse é o motivo das teias. Não a substituição da ferramenta.
Principalmente porque, para nós que escrevemos aqui, deixamos nossos corações aqui…
Este lugar…
É UM LAR!
O Dialética não é uma ferramenta, é a união de pessoas, o que independe da ferramenta!
Este blog encontra-se na minha primeira página do igoogle,onde tenho,entre outras,a da bbc.Quando entro nessa cidade,sempre dou uma olhadinha pra ver se tem alguém,se deixou alguma mensagem;tinha visto esse novo post e não fui logo assim de repente,ler;esperei uma hora mais sossegada.Acostumada a ver blogs todo estilosos,sempre achei esse aqui meio esquisito,mas adorável.Sigamos em frente.A casinha do dialética continua à esquerda da minha página e,toda vez que vc estiver,eu saberei.E virei aqui.
Esse post deveria ser proibido para pessoas que pensam em fechar blogs.
Uma manifestação romântica e eloquente como esta é de fazer a gente mudar de idéia rs.
Os blogueiros “adolescentes” e “jovem adultos” de dez anos atrás hoje são “adultos ocupados” ou “pais de família”. É um processo inevitável. Para nós, blogueiros veteranos e cansados de guerra, a melhor forma de manter viva a mídia blog é mesmo praticar o slow-blogging: postamos quando queremos, sobre o assunto que quisermos, sem pressa, sem a obrigação de um novo post a cada dia.
O que me incomoda mais é que eu não me vejo pensando/rindo/emocinando/ficando puto por alguma coisa que seja “twittada”. Sei que agindo assim corro o risco de ficar como meu pai que não via necessidade alguma na mudança do VHS para o DVD e ainda apontava as “desvantagens” ^^
Sei que o twitter não é um substituto para o blog (seria mais algo que agrega) porém é realmente notória a quantidade de gente que não sente mais tesão em ler ou escrever. Sendo assim, eu fico um velhinho simpático mesmo. Prefiro.
Já voltei em vários lugares que frequentei. Recentemente pude retornar ao prédio onde morei por 15 anos e que não via por causa de problemas com o tráfego. Os traficantes ficavam na esquina da minha rua próximo ao Morro dos Macacos, no RJ. Fizeram uma UPP e eu fui visitar pessoas que ficaram para trás.
Eu tinha escrito um comentário gigante sobre o assunto, mas pensei melhor e agora tenho outra teoria bem mais consistente:
Os blogs da velha guarda estão acabando porque os blogueiros finalmente arranjaram mulher.
Olá pessoal do Dialética.
As tecnologias, assim como as tendências do momento também podem mudar, mas no fim é a interação que conta.
Sempre admirei vocês e o trabalho aqui desenvolvido merece meu respeito. O Dialética não deve acabar… mas como a fênix… deve renascer das cinzas com novo formato e quem sabe assim estimular a criação de novas tecnologias de interação. Palavras de Pedro Bial: “O vencedor não é o mais forte ou o mais inteligente, mas o que consegue se adaptar as mudanças.”
Até mais…
Não concordo com a afirmação de que “escrever um blog deixou de ser tão divertido”. Essa frase carrega um ranço de saudosismo típico de quem está envelhecendo e não consegue acompanhar as mudanças. A diferença dos blogs de hoje e do século passado é que não existe mais aquela panelinha que chamavam de blogosfera.
confesso que estou passando absolutamente por acaso por alguns blogs e lendo o que as pessoas estão escrevendo chamou minha atenção, sinto que o mundo esta mudando ou talvez seja apenas a minha percepção ; seja o que for estou impressionado com o que estou descobrindo , novas portas estão se abrindo em todas direções especialmente no entendimento , parece que essa ferramenta possibilita que aconteça uma comunicação profunda entre as mentes e vejo as pessoas falando do fundo de seu íntimo dando condições pra que possa acontecer a mágica poder ver a alma de alguem
Engraçado.. li um texto aqui há quase um ano e hoje recebi uma visita no meu blog vindo deste!
Fiquei super feliz que a referência era daqui e resolvi voltar e dar uma fuçada em como andavam as coisas por aqui. Li o título do texto e não quis muito acreditar.
Uma pena!
adoro blogs !!!