Bom seria se o meu final de ano fosse igual ao do conterrâneo Marcelo Tadday, que já deixou o Canadá para passar duas semanas no sul do Brasil. Agradeço ao Papai Noel Velho Batuta por me deixar em São Paulo neste reveillon.
Por um lado, vai ser interessante ficar mais de um ano sem ver parentes e amigos e vê-los apenas em dezembro de 2005, com aquela incrível sensação de que “todo mundo ficou muito mais velho”. Por outro lado, já sinto falta de alguns trejeitos que aprendi a amar, ainda que convivendo boa parte do tempo à distância. Em especial, os trejeitos porto-alegrenses.
Aliás, o próprio Marcelo publicou, recentemente, mais uma dessas mensagens anônimas perfeitas, que circulam nas caixas postais. Quer saber como identificar alguém que já se ambientou completamente na capital gaúcha? Siga os passos abaixo.
1. Divide o domingo entre antes e depois da “passadinha no Brique” ou no “Parcão”.
2. A partir de julho, o porto-alegrense pára de comprar livros para aproveitar os descontos e os balaios da Feira do Livro.
3. Odeia o muro da Mauá.
4. Fala mal das praias gaúchas, mas nunca recusa convite para passar o fim de semana em Imbé ou Atlântida.
5. Desfila, em qualquer rua de qualquer cidade, com cuia e garrafa térmica como se fosse coisa “trinormal”.
6. Ama ou odeia o PT. Não tem meio termo.
7. Acredita que a última batalha não será entre o bem e o mal ou entre a luz e as trevas, mas entre gremistas e colorados.
8. Em uma tarde consegue mostrar todos os pontos turísticos da cidade aos amigos que vêm de fora.
9. Acha que Porto Alegre tem quase todos os defeitos de uma cidade grande e mais algumas desvantagens de uma cidade pequena, mas parte para a briga com qualquer estrangeiro que ouse dizer uma “barbaridade” dessas.
10. Acredita piamente que existe uma comprovação científica para o fato de o pôr-do-sol no Guaíba ser o mais bonito no planeta. Talvez pelo fato do paralelo trinta passar na Rua da República…
11. Chama o carinha ali de “bagaceiro”; come “negrinho”, “branquinho” e ainda compra “cacetinho”!
12. Diminiu metade das palavras e nem se dá mais conta disso: “findi”, “churras”, “super”, “níver”, “refri”, “ceva” (essa tem o sinônimo “cerva”, também)…
13. Quando quer dizer sim, diz “ã rã”, com um jeito típico de Porto.
14. Ama Porto Alegre! O porto-alegrês é uma das línguas mais difíceis do “Ocidente” (que não é o hemisfério, e sim um bar em Porto Alegre ).
Para começar, só existe uma interjeição: “báh!” – que é usada em mais ou menos 462 situações diferentes. Para complicar, “bah!” tem, também, 497 entonações diferentes: pode ir de um simples “beh!”, até um complicado, “pãh!” dependendo do que tu queres dizer.
E tem também as gírias. Porto Alegre é equipada com mais ou menos 15 fábricas de gírias funcionando sem parar. Algumas chegam até a ser exportadas: “viajar na maionese” e “pirar na batatinha”, que agora estão na moda no Rio, são faladas há anos, ou em porto-alegrês, “há horas”, que pode ser “há uma data” ou “há uma cara”, como em outros lugares.
Outras expressões cruzam a fronteira, mas nunca chegam a ser compreendidas. “Deu pra ti”, por exemplo, que é o nome de uma música que fez o maior sucesso no Brasil inteiro. Talvez porque pensaram que “deu pra ti” fosse uma sacanagem, quando na verdade só queria dizer “chega!”.
Também tem o “trilegal”, “há horas ninguém fala trilegal” em Porto Alegre. Se fala “tribom”, “triquente”, “triafim”, “trigente”, “trijóia”, “triafu” (muito usado), “tri” o que tu quiseres.
Mas nada é mais porto-alegrense quanto falar: “tu vai ir?”, que muitas vezes fica “tu vai i?”, com o “i” bem pronunciado e longo…
Repita agora, com sotaque: “Báh, mas tu vai i? Bah, mas se tu for, eu também vou i”.
É, aqui é o único lugar do mundo onde a gente lava “Os pé” e lava “as mão”. E “deu pra ti, viu guri”! Não há nada melhor do que poder dizer: “Báh, eu sou de Porto”. com sotaque mais cantado possível… E a cara mais orgulhosa do mundo!
Porto Alegre é TRILEGAL!!!! … E “sirvam nossas façanhas de modelo à toda terra!”…
Definitivamente, vai ser um longo 2005…
Tô sentindo que esse Fim de Ano vai ser meio de araque pra ti, né? Tomara que 2005 seja relamente melhor que 2004 pra você, camarada!
um abraço!
Marmota,
Conheço porto alegrense e alegretense e frederiquense que andam com garrafa térmica e cuia na normalidade aqui também!!! *sorriso* E no capítulo das interjeições só faltou o “Capaaaazzzzz”, que só a gente do sul sabe falar! Abração, Juceline
Oi André!
Adorei o post!!!
Não sou de Porto, mas sou de bem pertinho… E não que as coisa são bem assim mesmo?
Beijo!
Que bacana o site do seu amigo “canadense”. Mais um que se aventurou (e continuará se aventurando, pelo que entendi) pelas bandas de Toronto! E assino embaixo do último post escrito por ele: nosso comportamento no trânsito é brutal, quase assassino mesmo. O Brasil tem coisas maravilhosas, incríveis e únicas, que, por incrível que pareça, me dão a certeza de que não conseguiria viver longe daqui pra todo o sempre, mas, no trânsito, somos mesmo Terceiríssimo Mundo…
Abração!
Opa, faltou! O jovem porto-alegrense a cada 3 palavras insere a expressào “tá ligado?” no meio. O que é uma façanha já que 3 palavras não tem meio, mas eles conseguem.
(e é o hábito mais irritante de porto-alegrenses.)
Olá, André!
Obrigado pela citação. Para ser bem sincero, a minha viagem para cá foi a trabalho (mas claro que unindo o útil ao muito agradável de rever minha casa, família e alguns amigos, não todos, pois o tempo foi escasso). Na próxima segunda-feira já retorno ao norte do mundo para, aí sim, passar uns dias de férias com minha família (que vai ao norte ficar comigo por uns dias).
Pena que não podes vir para o sul neste final de ano. Ano que vem, quando vieres (e se eu conseguir vir também) talvez possamos trocar impressões de viagem, já que ambos já fomos ‘Perdidos’ na Europa.
abraço
(ah, MUITO bom o vídeo sobre a viagem!!)
André,
Tenho vontade de ir a POA, conversar com o povo de lá e aprender um pouco o jeito de falar deles (se o Zé ler isso ele me mata, hahaha), já que ‘meio’ que aprendi o “catarinês”, falta esse para eu completar mais uma fase do sul…
Abraços…
André,
Tenho vontade de ir a POA, conversar com o povo de lá e aprender um pouco o jeito de falar deles (se o Zé ler isso ele me mata, hahaha), já que ‘meio’ que aprendi o “catarinês”, falta esse para eu completar mais uma fase do sul…
Abraços…