Como a sua vida pode mudar

Berlim (Alemanha) – Qualquer dia desses relembro aqui a historia do meu pai, que saiu do Rio Grande do Sul para trabalhar como tecnico em eletronica e so conseguiu se estabelecer em Sao Paulo. Outro personagem dessa aventura foi um colega de sala, que acabou virando uma especie de “irmao” do meu pai – e, anos mais tarde, meu padrinho de batismo. Por essas e outras, sempre considerei o filho mais velho dele, o Danilo, como um primo.

Nos viamos pouco, mas era sempre uma festa quando as duas familias se juntavam. Em muitas vezes, a tradicional viagem de fim de ano ao Rio Grande era em “caravana”: a minha familia e a dele. Dividimos outras historias, como um Carnaval acampado em Juquitiba e um bate-volta no Chui, extremo sul do Brasil.

Danilo fez o curso tecnico de processamento de dados no colegial, e dividia comigo todo tipo de novidades no ramo da informatica – chegamos a disputar uma partida de Civilization via modem. Foi um dos primeiros a conectar uma camera de video VHS em uma plaquinha de captura e brincar com um software novo para a epoca, o Premiere. Isso foi no inicio dos anos 90. Desde que entrei na faculdade, gracas a essas injusticas da vida, tive pouco contato com esse grande amigo.

Evidentemente, sempre tinha noticias. Encarei com extrema surpresa quando soube que ele havia se mudado para Vicosa e ingressado na faculdade de agronomia. Sempre o via como um sujeito extremamente urbano (como eu), o que seria um desafio e tanto nessa nova area. Pois ele nao so se formou engenheiro agronomo como, gracas a essa guinada na vida, conseguiu uma bolsa de estudos aqui na Alemanha.

Antes de viajar para o Velho Continente, casou-se com a Natalia em Vicosa – meus pais foram a festa, so nao pude ir gracas aos plantoes de final de semana – e agora vive em Potsdam, cidade historica distante 30km do centro de Berlim. Evidentemente, nao podia deixar escapar a chance: com o final do curso, e hora de dar um grande abraco e matar saudades dessa grande figura! E de quebra, voltar a capital alema e concluir o passeio que fiz esses dias.

Quando deixei o Brasil, tinha em mente um curso de jornalismo esportivo para brasileiros e lusofonos africanos, algo bastante especifico. Acabamos indo bem alem, criando uma familia espetacular – e que sentiu muito no dia do adeus. Teve ate jantar na casa do coordenador, algo impensavel em qualquer curso (ainda mais na Alemanha). Posso dizer, sem medo de errar, que esta entre as maiores experiencias que fiz em toda minha vida.

Outras coisas que vou sentir falta: a catedral de Colonia, os arredores de Bad Godesberg, a Internet do Saddam, a voz da moca dos trens de Bonn indicando a estacao e a direcao da saida, o cafe da manha e o meu espacinho no quarto 217 do Insel Hotel, os jantares no delicioso Bago Bistro, as aulas no predio da Deutsche Welle e fora dele, os jantares … Sem falar nas pessoas que eu nao conhecia, mas que se transformaram em velhos amigos. Ao menos dois vivem em Sao Paulo, e mais dois em Porto Alegre, exatamente as minhas “duas cidades” no Brasil.

Pergunta estupida que nao quer calar: por que na Alemanha todos os banheiros de locais publicos, como restaurantes, hoteis ou estacoes de trem, ficam abaixo do nivel do solo?

E no proximo programa, o dia que fui dirigindo um Astra entre Bonn e Amsterdam. Nao deixe de perder.

Comentários em blogs: ainda existem? (12)

  1. ô, querido! Que bom que está curtindo tudo por aí! 🙂 Tenho certeza de que você vai sair daí com grandes novos amigos. Estamos com saudades! beijossss

  2. Ah, Marmota! Por favor, poe uma foto do Danilo e da Natalia em algum lugar (Orkut, manda por email, o q der), pq se for quem eu estou pensando, acho q eu conheco os 2… e eu morei em Potsdam! Quero verificar se minha lembranca estah certa. Poe umas fotos de Potsdam tbm soh pra eu babar de saudade… 🙂

    Marmota, esses seus relatos alemaes estao maravilhosos! Beijos!

  3. André! Fico feliz em saber que sua viagem está sendo tão bacana! E mais ainda em saber que, logo, logo, o Portal Marmota volta a ser atualizado diariamente com acentos e cedilhas!
    Beijo grande!

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