Cinco grandes sucessos do Balão Mágico (e mais cinco que eu curtia)

Programa Raul Gil, início dos anos 80. Uma menininha de três anos, extremamente alegre, roubava a cena com suas doces interpretações musicais dançantes. Não muito longe dali, um garoto chamado Vimerson, de família circense, já aparecia na mídia em outros programas de TV e comerciais. Na mesma época, um menininho fotogênico chorava em rede nacional em pleno Fantástico, por conta de seu pai, o criminoso britânico Ronald Biggs.

Imagino a cara de Edgard Barbosa Poças, músico e produtor de inquestionável talento, ao perceber que a mistura desses três jovens talentos poderia gerar algo interessante, divertido, mágico… Um balão mágico. Assim, em 1982, surgiu a primeira grande banda infantil de caráter totalmente comercial no Brasil. Com uma forcinha de Fofão, Cascatinha e da grade matutina da Rede Globo, a Turma do Balão Mágico subiu para um longo vôo, que duraria até 1986.

Paralelamente ao sucesso do programa de TV, Edgard Poças trabalhou com afinco, escolhendo algumas músicas de bandas hispânicas, como Menudo, Parchis e Timbiriche. Tratou de traduzi-las e produzi-las, elaborando a cada ano um LP repleto de canções que viraram sucesso absoluto entre a meninada. Foram sete discos no total – apesar dos fãs guardarem com carinho apenas os quatro primeiros.

O auge do Balão veio justamente no terceiro disco. Tudo flutuava muito bem com Fofão e Cascatinha, Baby e Pepeu, quando surgiu “o mais novo do Balão”. Jairzinho, que ja tinha aparecido cantando com seu pai. Algumas línguas afiadas consideram sua presença maléfica para a turma: afinal, se nos primeiros discos a temática era estudantil e romântica, o quarto álbum é carregado de apologia ao “final de semana sem aulas” ou ao “verão cortado após notas vermelhas”. A fase coincidiu com a saída de Tob, o mais velho da turma: pegava mal um rapazote andar de balão mágico. Como diria aqueles que acompanhavam quem seria o par de Simony: “Tob vacilô, Jairzinho faturô!”.

O Balão começou a murchar quando entrou o Ricardinho no lugar do Tob, e desinflou de uma vez na época em que o rótulo foi parar em duas menininhas gêmeas e um rapaz simpático cantarolando “bruxinha bonitinha da vassoura de capim”. Época em que Jairzinho e Simony ainda faziam corações juvenis palpitarem com “Coração de Papelão”. Aliás, nem Balão, nem Trem da Alegria ou mesmo qualquer banda infantil nacional soube crescer junto com seu público – como o Timbiriche, que revelou Thalia para o mundo e, trocando em miúdos, soube passar de “Balão” para “Dominó”.

Enfim, sem maiores delongas, aqui vai a baciada Top 5 Balão Mágico. A começar pelos cinco sucessos que ninguém esquece.

#5 Ursinho Pimpão – Ao lado do Cãozinho Xuxo e da Teia de Charlotte, é uma das coisas mais tristes que qualquer criança dos anos 80 pode ouvir. Mas mais triste mesmo é a versão a seguir: Simony, já uma mãe de família, relembrando este verdadeiro clássico na Ploc 80 (a “trash” do Rio).

#4 A galinha magricela – Não confundir com a “Dança dos Passarinhos”, que também está no primeiro LP, mas que só ficou pop na voz de Gugu Liberato. A galinha da vizinha que botava ovo pela sala garantiu a entrega do disco de ouro para a trupe, no saudoso Cassino do Chacrinha.

#3 Amigos do peito – Essa deveria ser a faixa 1 lado A do grande disco do Balão, e conta com a participação de Fábio Júnior – além da entrada oficial de Jairzinho. Melhor que a canção original é esta incrível descoberta, autoria de Mr. Guga e Tony Vecchi: de trás para frente, a música se transforma em uma fuga de monstros que vão nascer! Azucrina, azucrina!!!

#2 Se enamora – Sim, já posso ouvir as moças suspirarem. Algumas fãs exaltadas vão exigir que essa canção toque no dia do casamento. Pessoalmente, considero este grande sucesso como sendo a expressão máxima da filosofia “Tob vacilô, Jairzinho faturô!”.

#1 Superfantástico – Com a participação de Djavan (que até nesta inofensiva música infantil é capaz de gerar virunduns), é sem dúvida o sucesso mais executado do Balão Mágico até hoje. E ao lado do Ursinho Pimpão, salvaram os cruzeiros de quem teve a coragem de comprar o segundo disco.

Finalmente, chegamos ao “lado B” da minha coletânea.

#5 Meu mocinho meu caubói – Era para entrar aqui meu sucesso preferido do primeiro disco: “pato zito, o pato cantor”. Infelizmente, nenhuma boa alma se atreveu a colocá-lo no YouTube, por isso escalei novamente Jairzinho, mostrando sua lábia nota dez em cima da Simony. Aproveitem para tentar explicar o que faz Jorge Laffond nesse clipe.

#4 Quadrinhas e um refrão – Eu adorava essa. Usa poucas palavras para atravessar o país de norte a sul, chegando ao lugar onde o “vento minuano sopra de verdade”. É uma das poucas letras que Edgard Poças criou exclusivamente para o Balão, sem precisar de qualquer tradução.

#3 Mãe, me dá um dinheirinho – Repararam que só dá o volume 3? Aqui a turma começava a botar as manguinhas de fora, obviamente com o empurrão do casal Baby e Pepeu – que, diga-se, são campeões em participações no Balão. Atenção especial ao grito de Baby Consuelo, estilo Frank Aguiar sutil, logo no início da música.

#2 Um raio de sol – Pra não dizer que não citei o quarto disco, repleto de participações muito bacanas como Erasmo Carlos e o barato bom da barata. Mas não há nada mais divertido do que cantar “chalalalalá, ô ô ô” com Baby e Pepeu. Aqui, na voz do grupo infantil Parchis, já que a versão original é mais antiga ainda (vai por mim: a do Balão é bem mais animada, e ainda tem um “gatinho infernal que dá um beijinho e faz miau” na letra).

#1 Não dá pra parar a música – Esqueçam a versão original dos Menudos. Essa é a campeã por conta do arranjo, meio épico na hora do refrão “sim, é mesmo incrível / a música é invencível”. Traz boas lembranças, especialmente ligadas a voz de Virginie, da Banda Metrô – aliás, por onde ela anda?

Só para concluir, uma rápida lista com as piores: Upa upa (cavalinho alazão – professor Girafales só não cantava “lá vai o trolinho”!!!), Mochila azul (Jairzinho sertanejo), Soldadinho de chumbo (letra triste e horrenda), Palha e aço (“eu me arrisco a dar um trambolho”!!!), e a tenebrosa CO CO UÁÁÁÁÁ!!! (medo).

André Marmota tem uma incrível habilidade: transforma-se de “homem de todas as vidas” a “uma lembrancinha aí” em poucas semanas. Quer saber mais?

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Comentários em blogs: ainda existem? (13)

  1. AAAAAAAAAAAAAAAA! Balão Mágico Roots!
    “Sou Jairzinho, o cretino do Balão!” hahahahahahahahahaha
    Enquanto o Tob era do Balão a Simony acordava de manhãzinha e ia pra escola porque claaaaaaaaaaro, ela ia encontrá-lo!
    E lógico: Se enamora tem que tocar no meu casamento. 😛

  2. Você também vai fazer um post sobre o Trem da Alegria? =P

    Eu acho que já contei essa história, mas vale o registro: a minha vizinha chamava maristela e nós cantávamos a “galinha maristela” pra ela. Sim, eu era uma criança má e cruel como uma cascavel!

    E o meu quase-afilhado já ouve balão. É lindo!

  3. Adorava Balão (que por sinal nasceu no mesmo ano que eu) e o Trem tb!
    Que versão horrenda a da Simoni cantando depois de velha e a música com a Fábio de trás pra frente! Ai! (E são as músicas que mais gosto!).

    O que é aquela minhoquinha dançante no superfantástico? Juro que não me lembrava dela! Que medo!
    Sua seleção foi bacana (reparou que nos dois primeiros a roupa é igual?).
    E eu gosto de Cocouá!!!

  4. Bahhhh

    Balão Mágico era demais…a infância dessa época insuperável, e por mais que se diga, por mais que tenha um enamorar por ali…não havia essa putaria que tem em qualquer programa infantil nos dias de hoje…vide …ah…vcs sabem o que passa por ai

  5. Nossa! Parece que foi um dia desse que eu via aquela menininmha tão fofa e tão encantadora, apresentando um programa de televisão na Rede Globo. Você não tem idéia de como eu curtia seu programa junto com a minha filha ainda bem pequenininha. Simoni o que eu mais queria é saber como faço para adquirir o seu CD com as musicas do Balão Mágico poxa! Como eu gostaria de ouvir essas músicas outras vezes, caramba que saudade! Tem como eu conseguir essas músicas? Se tem me diga como conseguir, você não sabe o bem que vai me fazer relembrar aqueles tempos.Beijosssss

  6. a musica “Nao da pra parar a musica” não é original dos Menudos, mas sim do grupo The Village People, e tambem foi regavada pelos menudos, assim como pelo balao magico…

  7. Estive lendo artigos e reportagens que falam sobre o Balão Mágico e porque não se tem mais grupos infantis como esse nos dias de hoje. Cheguei à seguinte conclusão:as crianças de hoje não são como as do tempo que o Balão Mágico fazia sucesso. Hoje, as meninas de sete, oito anos têm vergonha de brincar de boneca; os garotos dessa idade não soltam pipas (papagaios, pandorgas, ou seja lá o nome que cada região do Brasil dá a esse divertimento). Hoje, os divertimentos das crianças se resumem em vídeo-games e computador.
    Que pena!
    Tenho muita saudade daquele tempo! Até escrevi um livro, intitulado “O Balão Mágico”, ainda inédito,baseado nas canções inesquecíveis desse grupo fantástico!

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