Igor Ribeiro e Fabrício Teixeira assinam a matéria “Igual, mas diferente” da Revista Imprensa – cuja capa deste mês bate em uma tecla desgastada: “blogueiro não é jornalista”. Tanto quem ouve esse papo há meses quanto as pessoas que já perceberam o óbvio (tem espaço pra todo mundo), o assunto já esgotou completamente. Mas se lembrarmos que o público-alvo da revista é formado por profissionais alheios ao mundo pop da blogosfera, pode-se dizer que o texto, pautado na geladeira da Coca-Cola, resume bem a polêmica e é bastante equilibrado.
Certamente a resposta mais adequada ao texto veio do veterano jornalista e blogueiro novato Ricardo Kotscho: “… Se blogueiro não é jornalista, então o que é que eu sou agora? … Toda generalização é perigosa. Por que questionar o conteúdo digital fora das redações? Quer dizer que só quem trabalha numa redação tem esse direito? Não importa onde o cara escreve _ se na redação, em casa, ou na praia _, mas o que ele escreve… Blogueiro pode ser jornalista ou não _ só não pode ser irresponsável”.
Acredito que a panelinha de sempre nem deu bola pra matéria por razões óbvias (“chega disso, pô!”). Talvez por isso ninguém tenha reparado em uma informação bombástica. Para incrementar a discussão, a revista apontou quem é formado em jornalismo entre os blogueiros mais relevantes, baseado no ranking da Cynara Peixoto (cujo maior impacto está, infelizmente, nas cabeças de quem não está nele).
Então chegamos à posição 11, com o Contraditorium. Mesmo quem não conhece seu autor consegue descobrir rapidamente que Carlos Cardoso, atualmente entusiasta dos blogs como fonte de receita e reputação, tem sua carreira marcada pela informática – desde seu primeiro CP-200 até sua atuação como analista de sistemas na área de e-learning. Mas também tem seus tentáculos na comunicação: é formado em publicidade e autor de onze livros na área técnica.
Nos últimos meses, todo e qualquer comentário sobre esse tema deixou bem claro seu ponto de vista: a independência. “Os jornalistas insistem em querer que nós sigamos seus passos, acham que nós almejamos nos tornar seus iguais. Desculpe, pessoal, mas não quero mais ser jornaleiro, eu quero ser colunista. E sou. Ou melhor: sou Bloguista”.
Lógico que esse detalhe do ranking pode ser considerado um pequeno lapso de apuração – ou então Carlos Cardoso é mesmo jornalista, o que duvido. Essa pequena informação duvidosa reafirma o discurso do Kotscho: não importa sua formação, mas sim sua capacidade em lidar com uma informação. O que mata, de uma vez por todas, qualquer discussão idiota sobre “eiros” e “istas”.
Ah, sim. Para quem, como eu, acompanhou um tiquinho algumas discussões dessas, o “jornalista: sim” ficou cômico. Eu, pelo menos, dei risada.
Tecnicamente, blogueiro não é jornalista, já que não precisa ter registro no DRT etc e tal.
Mas, tipo, alguém se importa? A Lei de Imprensa bate nos dois indiscriminadamente…
Grande Marmota, há quanto tempo!
Sobre o caso do “paradoxo blogueiro/jornalista”, cheguei a uma conclusão meio preguiçosa, mas que também tem se revelado muito útil: nada disso interessa. No fim das contas, o que vale é o veículo, seja ele um site ou um blog, ser confiável aos olhos do leitor – seja este blog de uma pessoa comum ou de um jornalista formado ou o blog que fica dentro do portal noticioso de um jornal de renome e confiança. Se o autor do blog publica informações corretas com um ponto de vista dele, deixe que as pessoas leiam, oras, e sejam todos felizes 😉
Titulos, são apenas titulos, o que vale é o cerebro com conteudo !
interessante o ponto que vocÊ tocou, acho eu que quem transmite noticiais opinioes e derivados pode ser jornalista sim, o que faz de uma pessoa jornalista, ela ter um bom conteudo e proprio, nao copiar de sites alheios? Isso nao deve ser diferente no ig, uol, terra, g1 e etc…
A verdade é esta mesmo. Nós, blogueiros, estamos cansados desta discussão. Acho que blog é blog e jornal é jornal.
Assim como a mesma notícia é tratada de modo diferente num jornal e na televisão, não podemos cometer o mesmo erro com os blogs!
E o Inagaki é jornalista? Achei que ele era bancário…
César, a Lei de Imprensa só vale para jornalistas. Blogueiros não-jornalistas respondem ao Código Civil ou ao Penal.
Bom, o lance é o seguinte: Tem um monte de jornalista por aí, despeitados porque descobriram que existem muitos blogueiros que escrevem melhor do que eles que são formados. E ficar implicando com os caras, é uma forma de tentar tirar os brilho deles. Gente, pelo amor de Deus, a faculdade não ensina a escrever, nem aumenta o QI. Entendam que eu não estou generalizando. Mas, hoje o que vale é o canudo, né? Então, blogueiro não é jornalista. E quem disse o contrário. Ah, já sei, os jornalistas… Será que vão implantar o curso de blog nas universidades? Hunf! Vô te contar, viu. tsc,tsc.
Não cheguei a ler esse texto da revista Imprensa, só tinha visto a capa mesmo. Mas agora quero vê-lo. Sou jornalista (de formação, mas com pouca experiência), mas não sou blogueiro (ainda).
E ainda mantenho contato com pessoas que estão na faculdade de comunicação, mas que de tão cansados (e também decepcionados com as perspectivas da profissão), cogitam trocar o diploma por um blog.
Mudança de paradigmas, quem diria.
Pobre Cardoso;
Sena, tal qual T.S.Eliot já fui bancário. Agora digamos que eu “estou” publicitário. 🙂
blogueiro é blogueiro e jornalista é jornalista. a menos que não seja mais necessário 4 anos de faculdade de comunicação, e o essencial: experiência prática como jornalista. ( coisa pra poucos nos dias atuais )
Embora, porém, nada impede que o blogueiro tenha conteúdo, escreva com qualidade e conquiste audiência.
Gosteiiii! Achei vc bacana e sbe de que mais, ta certo, pelo menos quem escreve em blog e por amor e nao por obigacao e de mais a mais nao somos comprados e enem nos vendemos, abraco, e continue a dizer o que pensa, seja autentico pq esse direito foi conquistado e esta estabelecido e quer sber nada melhor que a verdade
Acho que essa historia de debater quem é jornalista ou não e se blogueiro é jornalista não leva a nada. Pra mim ser jornalista tem relação direta com ser ético e responsável naquilo que escreve. Uma redação não pode definir um profissional. Há muitos profissionais ruins dentro de boas redações – alguns nem merecem ser chamados de jornalistas. Assim como há muito blogueiro que é mais jornalista o que blogueiro.
Estou impressionado, Marcelo, como este texto (antigo, sobre um tema que já era datado na época) ainda merece um comentário.