Você já deve ter ouvido falar por aí do BlogCamp, encontro bolado pelo Manoel Netto e abraçado por quase 150 pessoas. Quando fiz a minha inscrição, lembrei do BarCamp, tentativa bem-sucedida em “materializar” URLs e listas de discussão, onde as pessoas se entreolhavam e não sabiam exatamente quem era quem. Foi pensando nisso que decidi encomendar uma camiseta personalizada.
Na hora da execução, decidi usar um expediente pouco original. Lembrei de uma antiga frase da Zel: “O que é ser celebridade em mundinho de blog, meu Deus? É, como disse alguém, mais ou menos como ser miss minissaia do festival das flores de lambari”. O Edney usou uma expressão parecida esses dias: é como ser “campeão de pular corda de pirococó da serra”. Decidi adaptar o mesmo conceito, homenageando um singelo bairro da zona leste paulistana.
A mensagem, em princípio, soa no mínimo contraditória: então estampo o endereço do meu site nas costas e, na frente, decido negar a propaganda? É, pode ser. Mas a frase não deixa de representar minha maior crítica ao que convencionou-se “blogosfera”.
Certa vez, encontrei um colega – eu estava ao lado de um dos blogueiros mais conhecidos. Quando o apresentei, ele emendou exatamente assim: “Ei, mas você é aquele cara famoso lá… Aquele… O do blog… Putz, eu sei!”. Já esses dias tive o prazer de almoçar com outros amigos blogueiros. No meio da conversa, comentamos a respeito do Mapa do André Dahmer (que, diga-se, incitou claramente a necessidade da galera em se tornar “Miss Cangaíba”). E lembramos que um dos nomes, tão popular quanto o do exemplo acima, não aparece lá. Um dos amigos virou e perguntou: “Tá, mas quem é esse?”.
Onde eu quero chegar com isso? Antes, cabe uma ressalva importante. Acho realmente sensacional chamar pessoas para discutir as possibilidades da ferramenta, e dentro do que se viu nos temas propostos pelo Wagner Fontoura, é possível encontrar inúmeras alternativas para crescer e se desenvolver.
Mas ao mesmo tempo, surge um ponto de interrogação gigantesco ao constatar muita gente incorporando vícios comuns da mídia tradicional. O pior deles: acreditar que blog é mais um “veículo de massa”, onde o autor é quem manda, centralizando o poder da informação. A comunicação se torna praticamente unilateral: ainda que os visitantes queiram participar, acabam relegados a uma função passiva, de um mero espectador. Tenho certeza de que você já teve uma sensação assim em alguns blogs, e é esse conceito deturpado que ainda fortalece a expressão “blogueiro famoso”.
Dá para usar blogs como “veículo de massa”? Lógico. Mas o potencial é mais amplo. A essência colaborativa da rede é bem mais complexa do que um simples “informativo de renome patrocinado”. É um processo aberto, uma via de mão dupla, uma troca constante: qualquer um pode criar seu espaço, estabelecer contatos, participar e conversar… Tudo isso sem sequer imaginar a existência de um fenômeno exatamente igual rolando em outro lugar – seja ele um blog, uma conta no flickr, um perfil do orkut…
E tem muita gente bacana em busca daquilo que é a base da audiência consolidada e dos lucros no adsense, baseado nos links que aumentam pagerank: reputação. Usar seu blog como uma extensão autêntica dos seus pensamentos – ou de alguma personalidade bem definida em sua mente, não necessariamente a mesma do seu dia-a-dia. Uma coisa é “ter sucesso com um blog”, outra é “ser um blogueiro famoso”. Quer fazer um diário? Quer escrever poemas, crônicas, contos? Quer divulgar suas fotos? Quer dar notícias da sua rua, do seu bairro, do seu clube? Quer ganhar dinheiro? Quer fazer amigos e influenciar pessoas? Existe espaço pra todos, independente do objetivo: uma terapia, uma diversão, uma forma de aperfeiçoar seu texto, uma fonte de renda ou, em uma palavrinha simples, “basicamentepacumêmuié”.
A identificação dos visitantes e dos prováveis “lincadores” virá a partir da relação com o autor, dessa conversa diária. Assim se constrói uma imagem positiva, ainda que ela represente um saquinho de jujubas dentro desse mundo abarrotado de gente afim de conversar também. E isso é bem diferente de fama: quem entra na brincadeira pensando simplesmente em status corre o grande risco de se frustrar. Ou talvez se sinta poderosíssimo ao encontrar um lugarzinho de destaque dentro de sua nanoaudiência – é a “Miss Cangaíba”.
Se o BlogCamp reunisse apenas “blogueiros famosos”, certamente encontraria dezenas de palpiteiros alienados, falando sobre coisas que mal conhecem, sedentos por links e exposição infinita para alimentar seus egos, conduzir seu alpinismo social bloguístico e, consequentemente, seguir em busca de dinheiro fácil. Como eu acredito realmente que blogs são, acima de tudo, pessoas, tenho certeza de que vai ser um barato encontrar amigos, conhecer gente, conferir a diversidade de ideias e pensamentos… Enfim, sentir o “lado humano” dos blogs – o que, convenhamos, deveria acontecer também online.
Atualizado: Ninguém deu muita bola para a camiseta, como eu suspeitava. Apenas um sujeito veio perguntar se a frase “tinha continuação”. Devia ser um blogueiro famoso, curioso com o significado.
Cara, confesso que seria interessante conhecer alguns blogueiros que admiro, mas acho que nenhum deles entra na categoria famosos. Eu prefiro chama-los de blogueiros respeitados.
Veja você! Sou um blogueiro famozérrimo e nunca dei autógrafos… nem um virtual que fosse! hehehe
Falando sério agora, blogueiro famoso é o Edney que Já foi até no Jô! (ounão? Será que tô doido?!)
Abração
A Folha Online inventou um jeito (tosco) de tentar aumentar a ‘fama’ dos blogueiros e colunistas do site: fotinho no topo da página principal. Será que adianta?
Pena que a camiseta não fez tanto sucesso. A idéia é muito divertida 😀
Você está com a cara ótima. É a Zona Leste que é tripudiada, não é?
Não me lembro mais da geografia paulista, SP. A idéia é ótima. Assumo ser a Mrs. Pico Neighborhood. O ghetto latino de Santa Monica.
Bom dia!
André, BOM DIA!
a primeira vez que entrei em seu blog, foi qdo vc esta negando carona a um cara de pau que havia te proposto parceria…heheheh
achei o máximo e fiquei visitante constante, e ficando apaixonada pelo jeito que as coisas são escritas e descitas aqui!
vc sabe que sou meio avoada de links, blogsroll( neim sei como escreve), etc, etc…
mas, posso te contar, COM TODA CERTEZA, fiz amigos geniais ao longo desses meus 16 meses de blogueira…
há uns dias atrás, escrevi por que blog, e foi um post simplinho, e todos concordaram que o que vale é o que se leva daqui…,ou seja, os amigos que fazemos ao longo das trocas de ideias, emails e comentários)
Portanto, estou contigo e num abro, e o meu voto pra Misss Gamgaiba vai para…??????? heheheheh
MAIS… adorei a camiseta!!!!!!!!!!!!!!
quero uma…rsss
bjos e bom domingo!
Gabriela acertou na mosca: o que importa é reputação. Fama, como costumo dizer, só virá mesmo no dia em que formos convidados para a Ilha de Caras…
Opa André!
Vai ver que na vida real é como na blogosfera… o pessoal só lê o título… por isso a camisa passou despercebida 🙂
[]’s
hahahahaha Adorei a camisetinha!
E particularmente achei ridícula esta coisa de mapear, que na verdade só serviu pra mexer com os brios da moçada que se acha acima da média.
Beijos
Oi André,
Só li este texto sobre Miss Cangaíba depois do BlogCamp, ao chegar em casa. Que pena. Mas gostei muito de conhecê-lo pessoalmente. Beijos,Li.
Ah, vai! Nós comentamos que a sua camiseta era uma extensão do Adsense!
ufa! agora entendi você. é que como meus ídolos na blogosfera e na internet são pessoas como vc não tinha prestado atenção na idolatria doentia do mundo virtual…mas nada que um blogcamp para abrir os olhos de quem tem visual seletivo para aquilo que lhe interessa. hahahahahahaha…mas há uma coisa que é válida repetir idolatria e busca pela fama sempre existirão e, na minha opinião, jamais influenciará a colaborativa rede que por meio do conteúdo aprende a fazer amigos, aprende a acrescentar, aprende a ir além, isso é troca voluntária e não é para muitos…bjkas!
Neto, não fui no Jô não! 🙂
Graças a Deus posso sair tranquilamente nas ruas sem ser reconhecido 😛
Ih, aqui estou eu de novo pensando se eu sou aspirante a Miss Cangaíba! Mas acho que vc não conversaria comigo se eu fosse, né? Hehehe!
Só me resta dizer que, se alguém criou um blog pacumêmuié, então tá no caminho errado! O.o
Abraço!
Bela camisa, Marmota, você está vendendo? 😉
Um dos maiores injustiçados neste mapa foi o makingoff.org uma super comunidade… mas fazer oque né!?
Adorei o post!
Gostaria muito de participar de algo do gênero.
“… encontrar amigos (que não conheço pessoalmente), conhecer pessoas, conferir a diversidade de idéias e pensamento…”
Um grande abraço
Alex Costa
Tapa na Cara
André, adorei a camiseta. Sugiro que você faça várias e traga para vender no BarCamp aqui no Rio ;).
Ah, e o seu texto resume bem o meu pensamento. Mas ainda fico em dúvida se esses “Miss Cangaíba” da vida entendem o que você quis dizer. Mesmo desenhando, não sei não…
Eu quero uma camiseta dessas!!! Venda nos encontros de blogueiros!
Relevância É Que Nem Bunda
Ouvi no rádio sobre uma pesquisa, provavelmente feita na Inglaterra, já que lá eles parecem ter tempo e dinheiro para pesquisar literalmente qualquer coisa, que dá conta daquilo que já sabemos há tempos sem gastar um centavo.
60% dos visitantes …