As Olimpíadas da Rede Globo

Você pensava que essa seção havia morrido para todo sempre? Pois graças a um evento realizado há dez dias pela faculdade, consegui material extra para ressucitar esta seção antes de 2004 acabar. Tive a oportunidade de conhecer pessoalmente uma das imagens mais brilhantes da TV Globo: a jornalista Glenda Kozlowski!

Funcionária da Rede Globo desde 1996, Glenda cobriu duas Olimpíadas diante das câmeras da Vênus Platinada. O que não quer dizer que ela só se esforce a cada quatro anos: dividindo sua agenda com a apresentação do Globo Esporte e do Esporte Espetacular, além da produção de reportagens, ela tem apenas uma folga a cada seis semanas – sem deixar de ser a Glenda de sempre (e eu ainda reclamo da minha vida). “Sem paixão, não se trabalha”, resume.

Sobre Atenas, ela conta como foi a logística da empresa. Antes de mais nada, grandes eventos são pensados dois anos antes – ou seja, a essa altura, já estão trabalhando para a Copa de 2006. Para os Jogos de Atenas, a coisa foi complicada. “Foi muito difícil. Dois meses antes das Olimpíadas, nada estava pronto. Ninguém sabia o que iria acontecer”. E não estava falando apenas nos estádios: a produção da emissora precisou pagar adiantado as diárias em um hotel que ainda não existia!

Enfim, hora de viajar com as traquitanas. Antes dos 104 profissionais – de todos os setores, incluindo os seres supremos da programação (talvez o setor mais respeitado da casa) e onze equipes de reportagem (o sujeito que aparece diante das câmeras e seus auxiliares), a Globo descarregou 10 toneladas de equipamentos. Incluindo um equipamento digital, que seria usado pela primeira vez em Atenas. Mas depois dos testes, o esquema falhou justamente na véspera. “Os engenheiros tiveram que montar ilhas de edição, câmeras, tudo um dia antes da abertura”, lembrou Glenda.

Finalmente, mão na massa. O trabalho do dia-a-dia era intenso. Mesmo como apresentadora, Glenda produzia reportagens, encarando um trabalho às vezes inglório – já que a segurança de alguns ginásios era rigorosa, às vezes até estúpida. “Teve um dia que fomos barrados num dos treinos da Daiane”. Quando consegue o material, hora de preparar cinco matérias diferentes. Uma para cada telejornal.

Glenda contou dois exemplos práticos de como o bicho pode pegar. Após a cerimônia de abertura, que acabou à meia-noite de Atenas (seis da tarde no Brasil), o repórter Marcos Uchôa precisava transformar quatro horas de festa em uma matéria de no máximo cinco minutos para o Jornal Nacional, que começava duas horas depois. Isso tendo participado ainda da transmissão, ao lado do Galvão. É claro que ele conseguiu.

Outro exemplo vem da natação, onde seu colega Renato Ribeiro enfrentava o pior ambiente dos jogos – arquibancadinha para o setor da imprensa, distante alguns metros e degraus das piscinas e da concorrida (e estreita) área de entrevistas. Na despedida de Gustavo Borges, após a eliminatória do revezamento 4 x 100m, o repórter ele saiu correndo nas arquibancadas, e antes que o atleta deixasse o local, gritou um “Gustaaaaavooo!!!”, para que ele pudesse esperá-lo. “Nessa hora, é preciso conhecer o atleta”.

Glenda também tem a sua história inusitada: pronta para uma entrada ao vivo no Globo Esporte, no caminho da tocha olímpica por Atenas, é abordada por uma baixinha. Depois de algumas palavras, descobre que é a melhor ginasta local, e que está prestes a participar do revezamento. Minutos antes de entrar no ar, Glenda pede a pequena atleta para “segurar a tocha um pouquinho”. E começa sua apresentação aos telespectadores portando o grande símbolo olímpico! Absurdo…

Com experiência de dois Jogos Olímpicos, Glenda não pensou duas vezes na hora de compará-los: Sydney planejou tudo por doze anos, até chegar ao dia da abertura. “Atenas foi emocionante, deu tudo certo, mas sem dúvida Sydney realizou os melhores jogos da história”. Dá até para sonhar com Olimpíadas no Brasil, por que não? “Se até Atenas recebeu uma Olimpíada, a gente também recebe”. Sem falar que, em matéria de desorganização, nada pode ser pior que o Pan-americano de Santo Domingo…

Em compensação, ela acredita que a cobertura jornalística da Globo melhorou. Até porque, em 2000, a emissora convocou o Pato Fu e toda a nação para “ver o Brasil brilhar” e, no final, amargou com seis pratas e seis bronzes. “Naquele ano não deu certo porque focamos apenas nos brasileiros. Dessa vez contamos mais histórias, apresentamos os heróis, mostramos o que é uma Olimpíada”. No enfoque pessoal, ela também melhorou – ao menos garantiu que se emocionou menos. “Quando o Brasil conquistou a primeira medalha em Sydney, o bronze no revezamento masculino, eu me emocionei muito! E estava chorando ao vivo, ao lado dos atletas”, confessou.

O longo bate-papo com os poucos e privilegiados alunos terminou com uma pequena lição de humildade: “jornalismo se faz por equipe”. E uma constatação: se já era fã de Glenda Kozlowski antes, imagine agora – ainda mais depois de ter ganho um beijo no rosto e um abraço apertado dela!!!

(Postado em 23/11/2004. E esse texto vem a calhar para apresentar um evento bacana: na próxima segunda-feira, alguns dos responsáveis pela cobertura dos Jogos de Pequim estarão num evento gratuito na próxima segunda-feira, em São Paulo, contando tudo sobre o planejamento para a cobertura das Olimpíadas 2008. Com o apoio do canal SporTV e organização do Comunique-se. Vamos lá?)

Comentários em blogs: ainda existem? (6)

  1. Cara, recebi o seu e-mail, pelo qual agradeço muito. Valeu!

    Tô morrendo de vontade de voltar a fazer um curso aí com vocês. Não vai dar para ser esse ainda, por conta do horário do trabalho lá na firma, mas não vai demorar muito, não!

    Depois me conte os detalhes – principalmente agora, que eu tô devorando qualquer informação sobre Olimpíada, né? Se entrar lá meus pitacos, você vai descobrir em que “encrenca” eu acabei me metendo, hehehe…

    Abração!

  2. Belo texto. Gostaria de ver uma Olimpíada aqui, como foi a de 1984. Quando cheguei em 1985, a cidade ainda tinha vários lugares pintados de verde-turquesa e rosa, as cores de Los Angeles, naquela época.

    Olimpíada no Brasil, porquê não? Dá emprego, turismo, destaque ao Rio de Janeiro…

  3. eu não sou muito fã de esportes no geral, mas o globo esporte sempre foi meu programa favorito da redeglobo.
    parabens pra glenda 🙂

  4. Ótimo post, está de parabéns, ou melhor, os parabéns vai principalmente para Glenda Kozlowski, que é uma exelente jornalista e como profissional se destaca entre os melhores da tv globo.

  5. Como brasileiro patriota que sou, só posso ter ogulho dos resultados relatadosa aqui. Toda a sorte do mundo pra Glenda. Não deve ser fácil ter a missão de atlas, de segurar o mundo nas mãos. Como ela foi atleta durante muito tempo, aprendeu a se superar, né?

  6. AAAAAAAAAAAAAAAAAAdoreiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii,iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

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