Como diria o Lello Lopes, essa noite a web foi dormir com o Bozo e amanheceu toda engraçadolha. Todas as minhas fontes diárias de consulta vindas de blogs, twitters e afins, estão impregnadas de primeiro de abril. Mas enfim, desconsiderando a overdose de lorotas, segue a que mais gosto entre todas as histórias envolvendo o Dia Internacional da Pegadinha do Mallandro. Contada certa vez por um amigo sorocabano, o Mateus Soares.
Foi há exatos dez anos, em 1999. O jornal Cruzeiro do Sul, de Sorocaba, tomou uma atitude ousada – explicada em detalhes no Observatório da Imprensa por Djalma Luiz Benette. A partir de uma sugestão do departamento comercial, o jornal aproveitaria a data para contar algumas “mentirinhas”, pensando em mexer com a cidade (especialmente o mercado publicitário).
Detalhe: as “mentirinhas” seriam publicadas na capa do jornal!
A idéia original amadureceu de maneira genial. A capa mentirosa seria explicada logo nas páginas dois e três, que trouxeram, respectivamente, a capa verdadeira e um editorial, explicando a brincadeira de maneira aparentemente contraditória: a redação das manchetes fantasiosas refletiam exatamente os anseios da população sorocabana. Ou seja, eram mentiras para falar a verdade. “Por trás de cada uma das piadas se oculta o desejo de um dia ver as coisas transformadas naquilo em que a primeira página mostra”.
Assim, naquela manhã, o Cruzeiro do Sul estampou: oferta de empregos faz salário mínimo chegar a R$ 3 mil; poupança rende 20% ao mês e dólar vale R$ 0,50; peixe fisgado nas águas outrora poluídas do rio Sorocaba; fim das guerras e da criminalidade; a cura da Aids; um Oscar para Fernanda Montenegro; Ronaldinho Gaúcho disputando a Libertadores com a camisa do São Bento…
“Até o momento do envio do jornal à impressão havia a dúvida: funcionaria a comunicação que estava sendo proposta? Vão entender?”, lembra Djalma. Pois bem: a capa repleta de boas novas repercutiu não apenas na cidade de Sorocaba, mas também no Brasil inteiro. Virou reportagem de TV na Band e no SBT, em rede nacional. Imagine se, em 1999, essa tal “mídia social” já tivesse decolado…
Os próprios editores lembram que a idéia não é nada original: já no século 19, em 1º de abril de 1848, um periódico pernambucano batizado A Mentira trouxe a notícia do falecimento de Dom Pedro I. Levou 150 anos para que outro jornal brasileiro repetisse a brincadeira (até onde eu saiba), e provavelmente vai levar mais tempo até que outra redação utilize a fórmula (seria como contar a mesma piada).
Em compensação, em dez anos, duas notícias fantasiosas daquela capa já se materializaram: a inauguração de uma universidade pública na cidade e a duplicação da rodovia Raposo Tavares. O que nos deixa com alguma esperança: quem sabe nossos sonhos possam, um dia, deixar de ser história de primeiro de abril.
Muito boa a idéia.
Ainda sobre o jornalismo, hoje no STF vão decidir a obrigatoriedade do diploma para o ofício jornalístico.
Espero que votem a favor. Enfim… Palhaçada.
Forte Abraço!
Putz, se o salário mínimo chegar a 3.000 antes do próximo século, eu já fico satisfeito. =P
Realmente a história é ótima.
Abs!
a idéia foi fantástica… mas será que sempre temos que brincar para sermos – ou ao menos tentarmos ser – levados a sério?
será que só levam sério as brincadeiras e, quando não brincamos, acham que isso não acontece?
oh discórdia!
ps.: hehe, acho que estou meio sorumbático hoje… =P
Estamos na torcida desde já por Ronaldinho Gaúcho no Bentão.
Bom… essas “mentiras” podiam todas se transformar em “profecias” mesmo. Seria tão bom!
fantástico, isso!
essas piadas de primeiro de abril só tem graça se tiver a leveza de uma brincadeira inocente ou se servir para sonhar como se a realidade se movesse pelos sonhos.