Depois de uma campanha desgastante e após um dia de grande movimento eleitoral, o país escolheu seu novo presidente. Um líder concebido pela própria força do povo, carregado de carisma, que foi capaz de contaminar o país com seu discurso de mudança e união do povo – a despeito de sua falta de experiência administrativa. Um dia após o pleito, todos os jornais propagaram a boa nova. O país ainda celebrava a escolha, o fim do continuismo. Demonstrava, em cada face, o significado real da palavra “esperança”.
Isso foi numa segunda-feira, dia 28 de outubro de 2002.
Quando percebi a sensação de euforia em torno da escolha de Barack Obama como novo presidente dos EUA, a comparação foi inevitável. Lógico que há motivos para celebrar, ao menos por uma razão: é impossível alguém comandar a poderosa nação norte-americana de maneira mais desastrada que o Bushinho. Agora, mesmo festejando, tenho certeza de que você também pensou algo como “já vi esse filme antes”.
As comparações, evidentemente, só fazem algum sentido ao analisarmos dois elementos. Um é a euforia pós-vitória; outro é o regime de governo. Em nossas democracias, o poder está nas mãos de um cidadão eleito pelo povo; este, ao lado de seus partidários, só consegue governar após uma criteriosa composição de equipe, onde o escolhido distribui o poder entre confiáveis e competentes. Ou não.
Pois diante de tamanha expectativa, há o risco da decepção naqueles cuja confiança foi depositada com tamanho fervor. Provavelmennte, entre as próximas decisões a serem tomadas pelo novo presidente dos Estados Unidos, a mais óbvia pode ser pinçada desta nação dos trópicos: para não acabar com as crenças e esperanças alheias, certifique-se de que está cercado pelas pessoas certas.
Enfim, a melhor comparação entre Lula e Obama foi feita pelo Maurício Savarese, que ainda cunhou a frase que sintetiza como será o amanhã: “o mundo pode estar apaixonado por Obama, mas gosta mais de si mesmo”.
Me emocionei muito ao ver as imagens da multidão à espera de Obama em Chicago – e NA HORA lembrei de quando esperei pela chegada do Lula à Avenida Paulista na noite de 27 de outubro de 2002.
Por isso mesmo, assino embaixo ao que disseram você e o Savarese. A vitória de Obama é mesmo histórica, mas é bom ir devagar com o andor, né? Em 2002, jurei para mim mesmo que nunca mais me deixaria empolgar além da conta com qualquer “Messias” ou “Salvador da Pátria” que aparecesse por aí.
Esse negócio de “a esperança venceu o medo” é um perigo danado…
É impossível não ter essa sensação de deja vu, não?
Realmente foram depositadas muitas expectativas em cima do Obama, só que a maioria da população não entende que nenhum presidente pode fazer milagre e por isso, quando os dias forem passando e as mudanças estiverem demorando para acontecer, talvez a imagem do Obama fique até manchada. Mas, tomara que ele tenha um excelente mandato, faça um bom governo.
Beijos
Como sempre fui muito realista e nunca vi o presidente como o deus que vai resolver todos os problemas,não estou decepcionada;muito pelo contrário.A esperança venceu o medo,sim;e continua vencendo a cada dia,a cada passo,apesar dos erros,dos percalços.Gostei demais do seu post.
Concordo. Fiz uma reflexão bem parecida estes dias, comparando um trecho de uma entrevista que fiz com Lula em 2002 com as expectativas sobre Obama.
Aqui
http://escrevinhamentos.blogspot.com/2008/11/obama-lula-e-meu-medo.html
Se a esperança é a última que morre quero morrer depois …bem depois!!!
O que pode-se esperar dum país ode traficante se vicia; cafetão se apaixona; puta goza e a esperança é unha e carne com o medo??? Sartei de banda.