Já escrevi isso aqui, mas não custa nada repetir. No dia 14 de outubro de 2005, saí do Brasil para participar de um curso de jornalismo esportivo. A idéia da Deutsche Welle era reunir brasileiros e lusofonos africanos para tratar de temas específicos à nossa área, sem esquecer de apresentar o país que receberá o Mundial em junho. Tratava-se de algo bastante específico, que eu não fazia a menor idéia do que encontrar.
Mas logo na manhã de domingo, dia 16, já sabia que as semanas seguintes seriam de intenso aprendizado mesmo fora da sala de aula. Imaginem minha convivência intensa com dois jornalistas de São Paulo, mais dois de Porto Alegre e um de Belo Horizonte, juntos com um de Angola, outro de Cabo Verde, mais um de São Tomé e Príncipe, um de Moçambique, um de Guiné Bissau e uma heróica jornalista do Timor Leste, que tomou seu contato com a língua portuguesa de maneira bem mais tempestuosa que os demais. Acompanhados por dois professores – um de Maputo e outro do Rio, dois guias (uma brasileira e um peruano) e um coordenador meio alemão, meio gaúcho.
Foram dias de longas conversas, muitas histórias, trocas de experiências… Visitas a cidades, dentro e fora do programa do curso, estádios, jogos in loco – futebol, basquete e hóquei no gelo, num ginásio com 15 mil pessoas. Encontros em universidades, federações, confederações, museus, num barco em pleno rio Reno, e até uma feijoada brasigermânica, na casa da mais simpática moradora de Colônia.
Já não falávamos mais em um curso. Éramos uma familia espetacular, certamente uma das maiores experiências que fiz em toda minha vida. Os últimos dois dias do curso já transpiravam saudades, e o jantar jantar na casa do coordenador na quinta-feira, dia dois de novembro, praticamente materializou o conceito familiar que já estava impregnado.
O resultado desses longos dias de convivência não poderia ser outro. Em se tratando de uma emissora de rádio alemã, com profissionais ligados ao veículo, o resultado do curso foi um programa de 40 minutos, onde se falou muito sobre o Mundial 2006. O nome não poderia ser mais apropriado: A Copa entre Amigos. Trata-se de um negócio que dificilmente qualquer um de nós terá condições de fazer outra vez: doze pessoas de diferentes culturas e apenas um idioma em comum reuniram suas vozes e experiências, em uma mistura que dificilmente seria veiculada em uma emissora comercial – não só pela diversidade, mas especialmente pela presença de profissionais ligados a empresas concorrentes.
Enfim, demorei um bom tempo para disponibilizar o arquivo por aqui, mas como faltam apenas 70 dias para a Copa, e toda informação valer a pena (apesar destas serem de novembro), aqui vai. Quem tiver paciência, clique aqui com o botão direito do seu mouse e salve o arquivo em sua máquina. Ouça com calma e aproveite bem essa miscelânea de gente falando sobre o Mundial.
Obviamente vai ter gente querendo desligar o som na metade. Por razões óbvias, já ouvi umas cinquenta vezes.

Uma das grandes lições do curso: vimos muitas coisas, e dificilmente saberíamos como aplicá-las de uma só vez. O segredo é usar sua experiência na hora certa, como em qualquer momento da vida. Enfim, estive em Colônia, Berlim e Munique, cidades que estarão apinhadas de brazucas em junho, e que realmente valem uma visita. Sei que estou perdendo tempo, e que já devia ter feito isso antes, mas é questão de honra: vou registrar aqui todas as impressões que puder a respeito delas, mesmo que seja tarde.