Autobots e McClane: duro de conectar

Sabe aquela expressão surrada, que muitas vezes vem a reboque de grandes lançamentos cinematográficos da temporada (e parques temáticos sem graça) – “diversão para todas as idades”? O bom e velho clichê cai como uma luva (mais dois chavões aqui) em dois “blockbusters” cujos personagens podem não representar muita coisa para a moçada que passou a infância nos anos 90, mas que são verdadeiros ícones dos trintões de plantão.

É o caso do detetive John McClane, uma das traduções mais felizes do que o mundo virtual conhece simplesmente pelo substantivo “chucknorris”. É um sujeito durão, de convivência difícil – passou os últimos vinte anos (quatro longa-metragens) praticamente separado da esposa, sem tirar os olhos da filha Lucy, que está ficando “mocinha”. Mas essa figura primitiva e cativante, cujo histórico envolve batalhas perigosíssimas com terroristas em prédios e aeroportos durante feriados (véspera de Natal ou 4 de Julho), adota o lema “alguém precisa fazer o serviço sujo”, tornando-se, apesar dos ferimentos leves e das roupas rasgadas, o herói do dia.

Duro de Matar Quatro (os outros McClane mata com extrema facilidade – piada fraca) remete, inevitavelmente, a um tempo onde “rede de computadores” era obra de ficção científica, tão complexa quanto a história de um cubo responsável pela “vida” no planeta Cybertron, terra de robôs-operários (autobots) descontentes com a tirania dos robôs-militares (decepticons). Uma batalha que vem parar no planeta Terra e ganha um nome comercial poderoso: Transformers. Dois ícones dos anos 80 empacotados em pleno século 21 numa embalagem de encher os olhos.

Assim, atrair as “crianças” de vinte anos atrás foi moleza. Mas como fazer para a turma plugada na rede consumir autobots, decepticons e John McClane sem aquela sensação de “quanta coisa do tempo do meu pai”? As soluções nos dois casos foram as mesmas: recheá-los com saborosas, explosivas e inverossímeis cenas de ação e mergulhá-los na Internet até o último quadro. Não à toa, as duas sensações de julho apresentam hackers como coadjuvantes fundamentais para o desenrolar das histórias.

Em Transformers, é através da web que os complexos alienígenas mecânicos descobrem informações preciosas sobre a localização do cubo, seja no sofisticado sistema de defesa norte-americano ou no site de leilões eBay. A ação gira em torno do Shia “Witwicky” LaBeouf e da Megan “Mikaela Ah Se Ela Me Desse Bola” Fox. Mas não fosse pela ousadia da dupla de hackers Maggie (a bela Rachael Taylor) e Whitmann (o caricato, porém ótimo Anthony Anderson), o pobre Jon Voight veria seu país acabar em poucas horas a mais de filme.

Da mesma forma, é um nerd que ajuda Bruce Willis a salvar o mundo. A escolha foi feita a dedo: Justin Long, ator que interpreta Matt Farrell, é o mesmo trekker absolutamente fanático em Galaxy Quest. Anos depois de salvar Tim Allen e Sigourney Weaver da morte, ele se tornou um hacker muito esperto, totalmente contra o sistema e (para total azar dele) pouco fã de Creedence Clearwater Revival.

Mas não fosse por ele e Kevin “Warlock” Smith, John McClane jamais conseguiria se “conectar” ao problema envolvendo a rede de computadores que controla os sistemas bancários, de energia, trânsito, comumincações, enfim. Pequenas doses de sabedoria digital fizeram bem ao bom e velho detetive, que não deixou de lado seus hábitos costumeiros: ignorar violentamente “esta droga de kung fu” e invadir qualquer lugar “para pegar minha filha e matar esses caras”. Uma salva de palmas para quem faz bom uso da rede. E yippee-ki-yay, motherfucker!

André Marmota tem uma incrível habilidade: transforma-se de “homem de todas as vidas” a “uma lembrancinha aí” em poucas semanas. Quer saber mais?

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Comentários em blogs: ainda existem? (7)

  1. E não nos esqueçamos do hacker de Matthew Broderick em “Jogos de Guerra” (“War Games”, 1983), filme lançado durante o primeiro mandato do precursor-de-Schwarznegger Ronald Reagan, em plena Guerra Fria.

    Aliás, 1983 foi o ano de lançamento do seriado “Whiz Kids” (passou na Record), com seus disquetes de oito polegadas…

  2. E eu, tiozão ou não, já tenho três bonecos novos dos Transformers, bem aqui na minha mesa de trabalho! o/ Hehehe!

    Mas o ajudante do McClane não era o Mac? Dos comerciais “Oi, eu sou um Mac, e eu sou um PC”? 😛

  3. André, estou indignado com o que a adrenalina dos dois filmes conseguiram fazer contigo (estou falando do final do texto 😀 ).
    Enfim, vou assistir esses dois nesta semana que estará começando, acho que mais especificamente na quarta.
    Abração

  4. haha, cara, to alucinado até agora com os dois filmes. Ontem ví um número enorme de brinquedos lançados pela gulliver de Tranformers. Acho que vou ter que comprar todos 🙂

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