Quanto mais gente, mais dinheiro!

Você sabe responder quantas pessoas acessam a Internet no Brasil? Toda vez que precisei responder a essa pergunta, dei um verdadeiro chute no escuro, arredondando o número que já se convencionou por aí: somos mais ou menos 20% da população do país, o que dá quase uns 35 milhões. Mas é só um palpite, sem qualquer metodologia embutida.

É um valor que se aproxima bastante do “número oficial” divulgado em março, pelo Ibope/NetRatings: 33,1 milhões de brasileiros com mais de 16 anos. A empresa é praticamente a única referência nacional desde 2000, quando passou a soltar informações relacionadas ao tempo de navegação – aliás, segundo o Ibope, o brasileiro é o recordista mundial nesse quesito.

Os tais trinta e poucos milhões sempre foram contestados. Motivo principal: os números do Ibope/NetRatings levam em conta uma metodologia padronizada internacionalmente, envolvendo apenas usuários residenciais. Mas enfim, independente da matemática, é bom perguntar: pra quê mesmo a gente quer saber quantos são os usuários de Internet no Brasil?

Resposta possível, mas ingênua. “É importante acompanhar a penetração deste instrumento democrático em nosso país para descobrirmos os melhores caminhos para a inclusão digital, as pessoas percebem a importância de estar conectado, de ter um e-mail, usar o messenger, trocar fotos e músicas com os amigos…”.

Resposta provável: “a grosso modo, somando toda a grana investida em publicidade no Brasil, uns 65% vai para a TV aberta, 25% vai para jornais e revistas, 5% vai para o rádio e o resto é dividido entre TV fechada, outdoor, busdoor, ações de guerrilha, mídia alternativa e até Internet. Isso está mudando, mas a conta ainda não é justa. Precisamos dizer aos anunciantes que vale a pena investir na rede, porque as pessoas estão indo para lá em grande número. E quanto mais gente, mais dinheiro!”.

Talvez isso explique o fato da F/Nazca, uma agêcia de publicidade, divulgar uma nova pesquisa, em parceria com o Datafolha, apresentando números sensacionais, que podem mexer com esse mercado competitivo.

Fizeram assim: foram realizadas 2.166 entrevistas nos dias 19 e 20 de março de 2007, em 120 municípios do país, levando em conta o universo correspondente à população brasileira com 16 anos ou mais. Perguntaram a eles: “independente de ter computador na sua casa, você utiliza a Internet?”. 39% disseram que sim, seja em casa, no trabalho, na casa dos outros ou em outros locais (escola, biblioteca, LAN house, centros públicos).

Em segida, veio uma regra de três simples: se o Brasil tem quase 190 milhões de pessoas, sendo quase 130 milhões com mais de 16 anos… 39% dá quase cinquenta milhões de internautas.

Vão mais longe: a Internet chega aos brasileiros com alto poder de consumo: 69% classe AB, e a 86% com ensino superior (o que não é novidade). Mas nas classes C e DE, a rede chega, respectivamente, a 38% e a 16%. Como existem muitos brasileirinhos com menos de 16 anos plugados na rede, o Ricardo Cavallini tem grandes motivos para superestimar os números e celebrar. “E agora José? O penúltimo bastião caiu. A web não tem poucos usuários… E agora José? O último bastião caiu. Temos 38% de penetração na Classe C. SOMOS 60 MILHÕES! E QUASE 40% DE PENETRAÇÃO NA CLASSE C!“.

Não sei se o mercado vai engolir um número propagado por uma agência de publicidade, mas se ele pegar, podem esperar por um chacoalhão na rede. Para que a coisa fique boa de verdade, só falta a Polishop começar a vender o Encore Mobilis (traduzindo: quando uma empresa 100% varejão vai botar vendedores em todos os programas femininos da tarde oferecendo uma maquininha baratinha para acessar Internet).

Hábitos de divulgação de conteúdos pessoais – A pesquisa da F/Nazca com o Datafolha fez uma segunda pergunta aos seus pouco mais de dois mil entrevistados: você já colocou na Internet algum conteúdo feito por você mesmo na internet como por exemplo: um texto, uma foto, uma música, um filme? 42% disseram que sim, e destes, 7% o fizeram para divulgar seu trabalho, 5% para contar histórias ou notícias, e 33% (maioria esmagadora) para se relacionar com outras pessoas (leia-se orkut e afins).

Como a principal função de um blog é justamente “conversar”, será que dá pra dizer que o investimento em publicidade nos blogs vai aumentar?

André Marmota tem uma incrível habilidade: transforma-se de “homem de todas as vidas” a “uma lembrancinha aí” em poucas semanas. Quer saber mais?

Leia outros posts em Plantão Marmota. Permalink

Comentários em blogs: ainda existem? (5)

  1. Tentando entender a internet[…]li hoje no Marmota números impressionantes sobre o crescimento da internet no Brasil. Somos cerca de 50 milhões de internautas, espalhados em diversas classes sociais — com assustadora parcela de 38% na classe C. Seja você blogueiro, blogueiro-l…

  2. cara , com todos esses dados, eu ainda tenho amigas que MORREM de medo da internet e se pelam só de imaginar que vou citá-las no blog. E uma realidade, e tem tudo a ver com seu post sobre internauta padrão, estrela, sei lá…
    o que fazer?

    a choe que não existe controle na nternet, e aqui é terra de ninguem, pouca legislação , pouca divulgação, e nenhuma etica, se olhar de forma direta.
    julio verne teria pirado, e da vinci seria rei.
    tenho pena esses caras não poderem particiapar disso.
    pirei.
    bfd
    bjos

  3. Mesmo que sejam os 50 milhões… é uma mixaria perto do número de habitantes desse brasil…
    Isso só prova que ainda somos um povo “desplugado”.

    Quem sabe toda essa movimentação de inclusão digital surta algum efeito.
    Abraço

  4. 39%???? nossa muita gente plugada! que maravilha! e o melhor é que tudo indica que vai crescer muitooooooooooo:
    -computador em 10 vezes
    -acesso á internet a preços populares
    -telecentros lançados todo dia
    -cidades digitais sem fio com acesso de graça onde modem wi-fi custa 200 reais
    – e se a política de inclusão digital andar….o que será a internet de amanhã?

Vai comentar ou ficar apenas olhando?

Campos com * são obrigatórios. Relaxe: não vou montar um mailing com seus dados para vender na Praça da República.


*