Já repararam que, quando algum evento é transmitido em horário humanamente impossível pela TV Globo, a voz padrão das chamadas se limita a dizer “na madrugada de sábado para domingo”, ou coisa parecida? Foi assim com o GP da Malásia, que começou às quatro horas da manhã.
Eu sabia do horário, mas preferi acreditar na voz da propaganda e ficar ligadinho na tela por toda a noite. Mal terminei de jantar e me instalei no sofá. Até o horrendo Zorra Total eu decidi assistir. Revi pela enésima vez o bonitinho Uma Linda Mulher, do Supercine. Achei engraçadinho o debate das Fernandas (Young e Torres) com a Tais Araújo e os Mutantes, no programa livre de sempre do Serginho Grossman. Ele mesmo falava: “espere, a corrida já vem”.
Continuava instalado no sofá quando começou um desenho muito estranho. Uma família da pesada. Piadas politicamente incorretas, típicas desses desenhos adultos descolados que fazem sucesso nos canais fechados. Imaginei que a atração seguinte fosse parecida – como aquele sem graça, onde um copo de refrigerante contracena com uma almôndega e um punhado de batatas fritas. Engano: veio Futurama! Eu nem imaginava que o “Simpsons futurista” passava na Globo! E esse episódio, então… Parecia muito interess…
Zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz…
Zzzzzz… …hã? Como? Acabou o Futurama? Hmmmm… Quê? Turma do Didi? Mas… Cacetada, perdi a corrida! Droga! Podia ter ido dormir mais cedo, colocado o despertador pra funcionar… Odeio essas corridas madrugada adentro. Quando é que vai começar a temporada européia da Fórmula 1?
Só depois percebi que valeu a pena ter cochilado. Felipe Massa, minha aposta ao título mundial da temporada, fez lambança. Largou na primeira fila, mas viu as flechas de prata comandadas por Fernando Alonso e Lewis Hamilton passarem à frente logo na primeira curva. O brasileiro mostrou algum destempero e partiu para cima, errando uma ultrapassagem e saindo da pista. Voltou em quinto, e não saiu mais.
No final, Alonso em primeiro; Robinho em segundo; Raikkonen em terceiro. Os três, que já estiveram no pódio na Austrália, parecem protagonizar a briga pelo titulo. E minha adversária na aposta, que apesar da preferência pelo espanhol pode se dar ao luxo de ver qualquer um deles com o título, deve ter adorado.
Mas deixe estar. Ainda faltam dezesseis corridas – isso se a FIA não decidir aumentar o calendário. Massa ainda tem tempo para colocar a cabeça no lugar e evitar besteiras. E se o domingo não mereceu a insônia, o treino oficial de sábado valeu a pena – até porque, aconteceu uma hora mais cedo. Foi muito legal ver o Massa abocanhar a pole na última volta, no braço, diante dos dois pilotos da McLaren, praticamente na mesma toada da Ferrari.
Mas a magia está mesmo na transmissão mais legal da televisão. Descobrir que, como Sepang fica perto da Linha do Equador, “Malásia é igual Belém: as pessoas marcam seus compromissos para antes ou depois da chuva”. Comemorar com Galvão a presença de uma faixa branca nos pneus macios, “agora sim dá pra ver, ao contrário da bolinha”. E secar o finlandês Heikki Kovalainen com o Galvão, “te prepara, Nelsinho, daqui a pouco você toma o lugar desse cara, ele erra muito”.
Mas o mais legal foram as novas informações visuais da geradora oficial de imagens. Em uma delas, a câmera “on board” estava no bico do carro de Alonso, e a cada curva, uma bolinha acompanhava o traçado do circuito e informava a marcha e a velocidade. Em outra, a figura do conta-giros é substituída por um círculo, semelhante a um alvo, e um pontinho informava, em tempo real, a força G nas curvas. Informação relevante para ver o esforço que o piloto faz na pista.
Relevante mesmo? “Ah, esse ponto G aí não serve para nada”, sentenciou Galvão. Então tá, né?
Ah, ainda teve o Rubinho, que segue seu triste ano: largou em último e chegou em 11o (péssimo-primeiro). Tá feito o registro.
(Para entender a aposta, leia a parte 1. E se quiser mesmo acompanhar e entender de verdade o mundo do automobilismo, leia o Livio Oricchio, o Fábio Seixas e o Flávio Gomes).
Ah, quer dizer que piloto de F1 também tem ponto G? Ahm… er… então tá.
Não sei o porquê, mas não me surpreendo com o fato do Galvão não saber o que é Ponto G.
cara, devo ser uma pessoa meio estranha, mas não gosto nem um pouco de transmissão de esportes na TV. De vez em quando vejo uma final da Copa do Mundo. Fiquei mais interessado nos desenhos que você citou. Antigamente passava American Dad (igualmente politicamente incorreto, hehe), mas éra muito divertido e passava as 3 horas da manhã. Perdi muito sono para ver esse desenho. Esso novo que está passando ainda não vi, mas vou dar uma olhada semana que vem.
André, valeu por ter prestigiado meu recém-nascido blog e dado o toque sobre o WordPress.
Sobre o Massa, Eh, Brasil!