A Claudia Lyra, responsável por estas belas fotos, não pensou duas vezes antes de me convidar para um jantar árabe muito bacana, realizado com total sucesso no último sábado. Mas para isso, ela precisou abrir uma pequeno precedente, dando brecha para uma tremenda revelação. Especialmente por conta da minha correria de praxe: os percalços para conseguir meu “passe” aos 49 do segundo tempo só fez com que eu percebesse o tamanho desse segredo, tão bem guardado pela Claudia e suas amigas.
Mesmo desconfiado, decidi aparecer no restaurante Dumas, na Gomes de Carvalho (pertinho da rua Funchal). Acostumado em surgir discretamente em festas repletas de gente desconhecida, pude passar quase despercebido por longos minutos – logo após “carimbar minha autorização” com uma das organizadoras da noite, a Faby Zanelati. Escorado num canto da parede, tratei de observar aquele curioso ritual. Eram quase oitenta pessoas que quase nunca se viram, mas todos velhos conhecidos. Trocavam cumprimentos entusiasmados e muitas palavras devidamente codificadas, sob a forma de piadas internas e assuntos circunscritos àquele grupo.
Entusiasmado com aquela troca sensacional de energia positiva, tratei de consultar algumas fontes fidedignas, que logo revelaram como surgiu esta confraria nada inocente. No final do ano passado, uma das blogueiras mais populares da paróquia promoveu a tradicional brincadeira do “amigo secreto”, onde cada participante recebeu um texto de presente. Na busca pelas palavras certas, os amigos trocaram muitas impressões pessoais e pequenas confidências em uma lista de discussão. A sucessão de bons fluidos por e-mail foi intensa o suficiente para que estes amigos permanecessem secretos, mas constantemente organizados.
Assim é o Priorado da Fal, um grupo que decidiu trocar a data de validade por uma segunda família. Dessas que, ao menor sinal de dificuldade enfrentado por qualquer um, todos os outros membros se mobilizam, transformando fortes abraços em outras coisas palpáveis, como jantares num cantinho aconchegante da capital. Testemunhar um negócio desses é acreditar que a espécie humana ainda tem salvação.
Ah, sim: entre os diálogos compreendidos apenas por seus interlocutores, os mais recorrentes diziam respeito ao Mauro. “Viu que o Mauro tá aí?”, “Ai, eu amo o Mauro!”, “Sim, eu já agarrei o Mauro!”, Era Mauro aqui, Mauro acolá… O Mauro deve ser o Grão-Mestre.
Anarriê!!! A parte antropológica da noite deu lugar aos reencontros bacanas de praxe: Doni, Pat, Tuca, Juju, Biajoni, Branco… A “panelinha” se fechou com a Claudia, o Trotta, além do casal Rodrigo e Marília: verdadeiros heróis que aguentaram o sono até o último cliente. Como prêmio, a patota teve o privilégio de experimentar a última cortesia da Drica Maeda, outra das organizadoras da noite. Além de comandar o buffet de comidinhas árabes e protagonizar a dança do ventre, a dedicada mocinha instalou um narguile em nossa mesa.
Aliás, a montagem do clássico aparelhinho para fumar rendeu uma das cenas mais espetaculares, já nos acréscimos da Convenção do Priorado. A Drica fez o que podia para deixar o narguile em ordem (eu prefiro chamar de “anarriê”, sei lá por quê), mas a cada passo, ela fazia questão de lembrar que “foi um árabe que explicou aquilo”, e que “não lembrava muito bem como fazer”.
Vai água nesse bujãozinho? Pra quê serve essa pecinha? E isso aqui, é brasa? Tem que esquentar? Nossa, esse fuminho é gosmento… Armar o anarriê parecia algo tenso, a ponto da Drica soltar a pérola: “agora é só furar aqui usando esse palito de dentes”. Mas… Era um lápis!!!
Aquilo me deixou assustado: resolvi sair da mesa e acompanhar o desfecho na rua, diante da janela – vai que aquele negócio se arrebenta, sei lá… Contrariando minha expectativa estúpida, o anarriê funcionou perfeitamente, para intensa alegria do Rodrigo e do Trotta. “Eu tinha certeza que daria certo desde o começo”, concluiu o Doni. Tanto quanto eu, ele quis dizer.
Enfim, o melhor indicativo de uma boa noite: ela só acabou no Franz, após aquele bate-papo intercalado com um atendimento daqueles, no meio da madrugada.
Quer mais? Então vai ver a versão da Claudia Lyra do final de semana.
Seeeeensacional!! Nunca me diverti taaaaaanto, hehehe!
Foi muito maior dos legal essa nossa noite de risadas, pena que eu sou velho e logo fiquei feito um zumbi de tanto sono! O.o
Agora fica sempre aquela vontade de dizer “precisamos fazer outras vezes”, mas esse tipo de coisa fica só na promessa, né! XP Então só me resta esperar ser chamado pra outros eventos bloguísticos, porque esse eu adorei! 😀
E ainda HEI de saber quem é esse Mauro!
Abração, Marmotones!
André, foi muito bom te conhecer. Foi divertídissimo e, é claro, sua presença abrilhantou o evento. Pensa que não fiquei sabendo que a Fal deu gritinhos de tiete quando você a foi cumprimentar? Huahuahauahuahauhaua…
Foi tudo uma delicia mesmo Marmota, foi muito legal vc ter ido e presenciado isso e seu post está maravilhoso, vc realmente captou o “sprito” da coisa! Valeu, por tudo! Beijão!
Fiquei deliciada com o relato de nossa noite das Arábias, e sua descrição da criação do Priorado da Fal.
Fazedr parte dessa “sociedade secreta” é um privilégio, assim com ter tido a oportunidade de conhecê-lo!
POuco nos falamos, mas já me deixou muito feliz. Adoro seu jeito de escrever, e apesar de ser leitora coruja, estou sempre passando por aqui.
Um beijo!
Seu relato e o da Cláudia estão complementares, e pra mim, que sou do Priorado, foi HILÁRIO!
O Mauro é, digamos, o bendito fruto, manja? E ele só surge no meio de nós a cada sete lunações, o que nos fazia duvidarmos de existência palpável dele. 😀 Mas ele existe e cantou La Boheme no telefone pra mim!
Você é simpático até nas fotos, que fofura.
Adorei seu relato, André. Este trecho aqui diz muito do que eu pensei do jantar também:
“Assim é o Priorado da Fal, um grupo que decidiu trocar a data de validade por uma segunda família. Dessas que, ao menor sinal de dificuldade enfrentado por qualquer um, todos os outros membros se mobilizam, transformando fortes abraços em outras coisas palpáveis, como jantares num cantinho aconchegante da capital. Testemunhar um negócio desses é acreditar que a espécie humana ainda tem salvação.” 🙂
Ah, a parte do narguilé foi SENSACIONAL, com gente chorando de rir na mesa. 😛
Foi muito engraçado, divertido… enfim, foi muito melhor do que eu esperava! Ri muito!!
Precisamos nos encontrar mais!
ahahahahahhahahahaahahahah quase um mês depois eu acho isso aqui :)))
Adorei, vocês me conheceram de verdade e captaram perfeitamente o meu jeito atrapalhado de ser.
Já é tarde pra dizer isso mas: foi muito bom ter vcs lá!
Beijo!!!
Esse dia foi MASSA.