Um mês sem qualquer notícia (era: Vai, Massa)

“Cara, viu que essa história de blogueiras na Playboy foi parar no Terra?”. Assim o Ian me encontrou no MSN dias atrás, em algum ponto qualquer do outro lado do oceano. Peço desculpas ao meu camarada, mas eu senti uma alegria tão intensa ao responder, com todas as letras: “não faço a menor idéia do que você esta falando”. Tão delicioso quanto desconhecer essa historia “egofágica” e totalmente desnecessária (como muitas que envolvem blogs) foi deixar passar uma sucessão de fatos bem mais determinantes na vida nacional.

Toda navegada pela web era limitada a alguns e-mails e poucos minutos em comunicadores instantâneos. Notícias? Praticamente nenhuma. Manchetes de jornal em idiomas poucos conhecidos davam conta da morte de Pavarotti e de Marcel Marceau, além da surpreendente história dos monges da Birmânia. A CNN passou o mês insistindo no sumiço da pequena Madeleine, além de repercutir (e zombar) da nova prisão de O.J. Simpson. Boa parte dos canais esportivos destacaram o Mundial de Rúgbi, na França.

Lá fora, tudo que vi do Brasil foi alguns momentos do Lula em Estocolmo e, com algum atraso, o VT de Corinthians e Botafogo pela Sul-americana na Grécia, país que consome intensamente qualquer produto relacionado a futebol (um desanimado narrador se esforçava para falar “Zeláo” e “Betáo”). Um amigo me contou, já na Alemanha, que a seleção feminina de futebol estava na decisão, após vencer os Estados Unidos com inacreditáveis quatro gols.

Todo o resto vou descobrir nos próximos dias, mediado por interlocutores que servirão como filtros ao se surpreenderem com meus sucessivos “putz, não sabia disso”. Em pouco mais de 24 horas, já soube, por exemplo, que o Salsifufu foi se encontrar com a Vovó Mafalda no céu (perda irreparável); que o Nelsinho assumiu o Curintia prometendo Libertadores (seria melhor prometer o título da Série Bê); que aquele senador, ex-namorado de uma jornalista que vai sair naquela revista masculina e envolvido em uma porção de escândalos, foi absolvido (nada surpreendente); e o mais relevante: foi o Capitão Nascimento, protagonista de um filme que vazou em barraquinhas no Rio, o assassino daquela gêmea bonitona (nem sabia que a novela estava para acabar, mas deu pra entender tudo apenas com a reprise do último capítulo). Perdi alguma outra coisa interessante?

Com a Fórmula 1 não foi diferente. Ignorei completamente os resultados dos GPs da Itália, no último dia nove, e o da Bélgica, no dia 16. Mas foi melhor assim: uma rápida pesquisinha fez com que eu nem desse o trabalho de recolher minha toalha, jogada muito antes das minhas férias.

Em Monza, Alonso ignorou o fato de seu nome permanecer vinculado ao tal caso de espionagem e venceu na casa da Ferrari, seguido por Lewis Hamilton. A escuderia italiana viu apenas Kimi Raikkonen completar a prova, em terceiro. Massa abandonou com problemas mecânicos. Alguns dias depois, veio a punição à McLaren, por conta desse vergonhoso episódio envolvendo mecânico e desenhista. Na tradicional pista de Spa-Francorchamps, Raikkonen venceu de ponta a ponta. A segunda posição de Massa serviu para reforçar o título de construtores para os ferraristas.

Ainda tomado pelo sono e cinco horas adiantado em relação à minha vida normal, não vi o primeiro Grande Prêmio do Japão no Monte Fuji. Mas com aquela chuva e neblina no circuito, garanto que nem os pilotos viram a prova direito. Alonso que o diga: sofreu um acidente a 26 voltas do final e viu Hamilton vencer e abrir doze pontos, colocando uma das mãos na taça.

Restam apenas duas corridas, e o Robinho pode garantir o titulo já na China, no próximo domingo. Basta sustentar a diferença de pontos, ficando à frente de Alonso. Para levar a decisão para Interlagos, Alonso precisa vencer. Ou pontuar e torcer para Hamilton ficar bem longe dele. Se você tiver a chance, faça o seguinte: desligue seu computador e a TV até o final de outubro, mantenha o cérebro desintoxicado e comemore com o campeão em novembro.

Comentários em blogs: ainda existem? (6)

  1. Cara, parabéns pela viagem! Poxa, que legal! Dava uma invejinha boa a cada post de lá, hehehe…

    Como eu previ no começo do ano, não deu para o Massa mesmo. Mas, ao contrário do que imaginava, também não vai dar para o Alonso.

    Hamilton é o São Paulo da Fórmula 1. Doze pontos à frente do segundo colocado, já é campeão. Mesmo que ainda não seja, matematicamente.

  2. É tão boa essa sensação de fuga da realidade, de se sentir alheio aos fatos do mundo, que mal deve dar vontade de voltar para casa no final das férias 😛

    No dia-a-dia, parece que somos obrigados a nos informar – é tanta informação, é tanta notícia, que fica fácil fácil se sentir infinitamente pequeno frente à imensidão do mundo.
    Enfim, espero que tenhas tido um bom retorno 🙂

  3. Seja bem-vindo à tribo (interprete como quiser). E, pensando bem, você não perdeu nada! Trocar essas notícias chinfrins daqui pela cultura que você adquiriu lá foi um negócio da China (é, eu sei que a China não fica na Europa! :oP). Bom retorno à vida paulistana! E boa sorte na sua nova fase.

  4. Oba, cara, vc de volta…
    sou a unica cinquentona que é assumidamente apaixonada pelo seu blog…
    saudades de vc,marmotinha..
    Que viagem bacana vc fez.
    Inda bem que voltou, quem sabe vc tira da cartola um solução pro meu time não voltar pra segundona?????
    segura nois…. que estamos por um fio…(rss)
    bjão!

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