Tentem imaginar a vida de alguém que, após um tempo como comissário de bordo num Jumbo, recebe num belo dia a incumbência de segurar um dos manches, além do quepe de co-piloto. No mesmo instante em que lhe dão a notícia: o controlador de vôo, mestre em seu ofício e verdadeira referência para seus comandados, não está mais na torre.
Não poderia ter um início de agosto mais turbulento. Dentro da aeronave, passageiros, aeromoças e homens-bomba infiltrados passaram toda a viagem observando a ação das correntes de ar. Enquanto serviam o jantar, alguns choravam. Outros fitaram o horizonte enquanto brindavam: aos novos tempos.
A trilha sonora para esse episódio marcante é um grande clichê que já tem quase 25 anos. Quando compôs e gravou “Novo Tempo”, em 1980, Ivan Lins estava sob efeito da ditadura militar. Fazia referência a uma época difícil, em que só a esperança alimentava o povo. A redemocratização do país transformou a música, presença garantida em qualquer baile de formatura, numa verdadeira ode ao otimismo.
No novo tempo, apesar dos castigos
Estamos crescidos, estamos atentos, estamos mais vivos
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
Da força mais bruta, da noite que assusta, estamos na luta
Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver
Pra que nossa esperança seja mais que a vingança
Seja sempre um caminho que se deixa de herança
No novo tempo, apesar dos castigos
De toda fadiga, de toda injustiça, estamos na briga
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
De todos os pecados, de todos enganos, estamos marcados
Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver
Pra que nossa esperança seja mais que a vingança
Seja sempre um caminho que se deixa de herança
No novo tempo, apesar dos castigos
Estamos em cena, estamos nas ruas, quebrando as algemas
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
A gente se encontra cantando na praça, fazendo pirraça
Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver
Enfim, enquanto o baque não passa, só nos resta cantar.
Estamos em cena, estamos nas ruas, quebrando as algemas
Beijos e abraços merecidos. C/ mto carinho.
Só faltou dizer que o comissário de bordo já segurava o manche a muito tempo…
olha, isso é demais. concordo com lello lopes… estava falando com uma amiga hoje. às vezes a gente mesmo se dá um novo título, às vezes entregam ele pra gente. de um modo ou de outro, é um fato que a função já estava sendo desempenhada.
Muitas metáforas nesse post. Eu ando pensando que, assim como a barba, a cachaça, o futebol e o churrasco, as metáforas sairão da moda com esse governo que aí está.
Putz, dessa vez, quem ficou no vácuo fui eu! Acho que eu não estou devidamente inteirado nos assuntos, ou então tem metáforas demais aqui, hehehe!
E tem aquela outra música…”só nos resta viver…”
Boa sorte, comandante.