Transforme-se em um mestre do jogo da velha

Fazia tempo que eu não passeava de metrô no começo da tarde, aquele horário em que os vagões estão repletos de colegiais jogando conversa fora. Um casal simpático poluía as últimas folhas de caderno com o tradicional jogo da velha. Sem qualquer critério, o rapaz jogava com uma caneta azul, trocando o X pela letra E. A moça, com uma caneta lilás, marcava L ao invés de O. Tratavam a brincadeira como um passatempo aleatório.

Se jogassem por mais algumas horas, certamente descobririam o óbvio: o perfeito jogador de velha é imbatível.

Para quem não sabe a regra tradicional (vai saber), joga-se entre duas pessoas. O tabuleiro é formado por quatro linhas: duas paralelas entre si na horizontal, mais duas paralelas na vertical cruzando com as primeiras, formando nove quadrículas. Quem começa marca um X em qualquer uma delas. O seguinte marca um O, e a alternância prossegue. O objetivo é simples: completar três figuras em uma linha, impedindo seu oponente de fazer o mesmo.

Uma continha besta (nove fatorial, ou 9!, ou 9 x 8 x 7 x 6 x 5 x 4 x 3 x 2 x 1) nos dá a quantidade de combinações possíveis: 362.880 jogos da velha. Mas levando em conta que existem apenas três formas de começar um jogo da velha (no canto, no lado ou no meio), que podemos descontar a simetria e rotações do tabuleiro, e finalmente, que nem todo jogo acaba com nove marcações (dá pra ganhar um jogo com apenas cinco movimentos), o número total de jogos da velha possíveis cai para 26.830.

Este artigo de Stephen Ostermiller divide as tais possibilidades de acordo com quatro níveis de experiência:

– Jogador novato: começa um jogo aleatoriamente, é facilmente derrotado
– Jogador intermediário: onde a maioria se encaixa. Bloqueia os oponentes e vence quando dá (também joga aleatoriamente)
– Jogador experiente: sabe como começar um jogo, e dificilmente perde.
– Jogador imbatível: não perde nunca. Jamais.

O grande segredo para se tornar invencível é começar pelos cantos. É a forma garantida de tentar uma “armadilha” para o seu adversário: jogando direito, é possível chegar à vitória usando duas possibilidades. Veja alguns exemplos: ao lado do X ou da O, o número da jogada.

X1 O1
X O2 X
X3 X X2
X1 O1
O2 X3 X
X2 X X
X1 O2 X2
X X X
O1 X X3
X1 X3
O2 X X
X2 X O1

A melhor opção para quem vai de O é, evidentemente, marcar o centro e torcer por um deslize do X. Quando isso acontece, o jogo ainda está na mão de quem começa: concentre-se 100% e, ou o X vence ou teremos empate. Mais exemplos:

X1 O2
X O1 X
X3 X X2
X1 X3
X O1 X2
O2 X X
X1 O2
X O1 X
X3 X2 X
X1 O4 O3
O2 O1 X3
X4 O4 X2

Se você realmente não tem o que fazer, experimente o programinha desenvolvido pelo Stephen Ostermiller, dividido inclusive nos quatro níveis acima. Se você acha que consegue ser imbatível, tente o nível “expert” e veja quantas vitórias seguidas consegue.

Para saber muito mais, outro belo tratado (arquivo PDF) assinado por Ryan Aycock. E transforme-se no grande mestre do jogo da velha.

André Marmota dialoga muito com o passado, cria futuros inverossímeis e, atrapalhado, deixa passar algumas sutilezas do presente. Quer saber mais?

Leia outros posts em Faça fazendo. Permalink

Comentários em blogs: ainda existem? (14)

  1. esse é para quem n tem mesmo o q fazer, hehehe

    mas o segredo é mesmo sempre no canto, com o agravante de que a ‘bolinha’ não pode jogar no canto na segunda jogada… ou no meio, depois no canto forçando a bolinha para o outro lado, e depois fechando… bom, me empolguei

  2. não acredito. mais um joguinho virtual viciante. Estou perdido. Assim não trabalho mais. Isso me lembra o clássico filme Jogos de Guerra de 1983. O computador que ia destruir o mundo com um ataque nuclear é levado a desistir ao comparar a guerra nuclear com o jogo da velha. Ou seja, se os dois lados tem a mesma preparação não tem como vencer. Recordar é viver.

Vai comentar ou ficar apenas olhando?

Campos com * são obrigatórios. Relaxe: não vou montar um mailing com seus dados para vender na Praça da República.


*