Toque de recolher à toa para ver a seleção?

Todo mundo já falou muito sobre a estréia do Brasil na Copa do Mundo, e concordo com todos eles. Kaká foi o nome do jogo, marcou muito e fez um golaço. Ronaldo Gordômeno desafinou no “buraco mágico” de Parreira, há tempos o camisa nove não sabe o que quer dizer “boa forma”, e se realmente deseja marcar três gols e virar recordista, tem que mostrar mais vontade (nem precisa emagrecer muito). A zaga, eterno “Calcanhar de Aquiles” da seleção, se saiu muito bem. Até o Dida se destacou! E apesar de dar sono em muitas oportunidades, o que importa é a vitória. Foi magra e decepcionante, mas valeu três pontos.

O que me chamou a atenção, na verdade, foram as horas pré-jogo. Fazia tempo que não ficava tanto tempo no trânsito, mesmo no contrafluxo: todos iam para casa enquanto eu saía da minha. Mesmo assim, não lembrava mais como era esse clima eufórico, que só a seleção brasileira numa Copa é capaz de proporcionar (morram de inveja, militantes do PT).

A começar pelas ruas, muitas delas pintadas e enfeitadas com as cores da bandeira. Nos carros, flâmulas presas na janela. Quem não tem pode comprar panos verde-amarelos de várias formas e tamanhos com qualquer camelô. E camisas? As genéricas estão muito, mas muito parecidas com aquela de R$ 170 da lojona. E fazem sucesso: a cada dez cururus fora de casa nesta terça, uns seis traziam consigo alguma referência ao Brasil.

Devia chegar à Avenida Paulista às três da tarde. Mas levei vinte minutos a mais, graças à onda da torcida. Ainda faltavam uns trinta minutos para o início do jogo e a mais conhecida das avenidas paulistanas ainda estava abarrotada: gente a caminho de um bar ou mesmo de casa, que certamente perdeu o gol da partida (simplesmente o único momento que valia).

Definitivamente, os paulistanos levaram a sério a idéia de feriado em dia de jogo do Brasil. Mas diante da estréia sofrida, até meio chinfrim, fazendo muita gente dormir no sofá ou fazer outra coisa útil, fica a pergunta: valeu a pena tanto sacrifício?

Balanção da primeira rodada – Não consegui assistir a um único jogo de ponta a ponta. Nem mesmo em casa: meu organismo já se acostumou a levantar depois das dez da manhã. Mas depois da primeira rodada, quando todas as seleções já estrearam, dá pra fazer uma análise bem elementar sobre as primeiras partidas da Copa.

Alemanha 4 x 2 Costa Rica – Os donos da casa jogaram bem, mas a Costa Rica não seria campeã da Série A-2, para tristeza do meu bolão.
Equador 2 x 0 Polônia – Os poloneses são ruins demais. E os sul-americanos têm tudo pra chegar às oitavas, o que já é ótimo pra eles.
Inglaterra 1 x 0 Paraguai – Pobre Gamarra, artilheiro do Grupo B. E os ingleses não desmentiram meu palpite: rumo ao título.
Suécia 0 x 0 Trinidad e Tobago – Joguinho feio, mas os caribenhos comemoraram como se fosse decisão. E os suecos decepcionaramson.
Argentina 2 x 1 Costa do Marfim – Um dos melhores jogos até aqui. Os hermanos mostraram força, mas ainda dá pra salvar o anúncio da Schin.
Holanda 1 x 0 Sérvia e Montenegro – Robben promete ser um dos grandes nomes da Copa. E a Sérvia derrubou o meu bolão, malditos.
México 3 x 1 Irã – Por um instante, vi a zebra iraniana se dar bem. Mas logo a ordem natural das coisas se estabeleceu.
Portugal 1 x 0 Angola – Pobre time do Pedro Cirne, é bem fraquinho. Mas enquanto Felipão continuar comandando portugueses soberbos, vai fracassar.
República Tcheca 3 x 0 EUA – O Bruce Arena é a cara do Dedé Santana. E os tchecos de Nedved e Rosicky foram os melhores até aqui.
Itália 2 x 0 Gana – Carlos Eugenio Simon não deu dois pênaltis para os africanos. Mas nem precisava. As duas seleções líderes do grupo assustam.
Austrália 3 x 1 Japão – Mais um time que naufragou com o meu bolão. E a Austrália é a grande surpresa. Ao menos até domingo.
França 0 x 0 Suíça – Permanece a maldição: mesmo com um grande time, os franceses não marcam um gol em Copas desde 1998. Bem feito!
Coréia do Sul 2 x 1 Togo – É de arrepiar a torcida coreana gritando “Daehan Minguk”. E nem o feiticeiro ou o ex-desistente técnico de Togo deu jeito na mais surreal das seleções desta Copa.
Espanha 4 x 0 Ucrânia – As duas me surpreenderam. A Espanha está mais lúcida, e a Ucrânia está uma draga. Mas ambas devem se classificar.
Tunísia x Arábia Saudita – Duelo árabe na Copa! Mas ah, na boa, tanto faz quanto vai ser esse. Atualizado: foi 2 a 2. Realmente, tanto fez.

Amigos do povo – A Ana Cláudia Vicente, do blog português O Amigo do Povo, descobriu este espaço – muitíssimo obrigado! Ela escreve: “jornalista paulista que se encontra em serviço lá para as bandas da Alemanha, tem publicado no seu veteraníssimo blogue alguns dos posts mais interessantes e desenjoativos que tenho lido sobre o omnipresente assunto”.

Adoraria realmente estar na Alemanha ao lado de muitos amigos que fiz em outubro. Também adoraria passar mais tempo aqui no blog, mas ando num ritmo que me fez esquecer do feriado essa semana (que não vou ter, claro). Mas vamos em frente.

Comentários em blogs: ainda existem? (9)

  1. (Pode crer, Pinguim. Eu também escuto algo parecido.)

    Em todas as Copas aparece um time africano como grande surpresa da competição. Esse ano, parece que a supresa será, justamente, que nenhum time africano vingará. Uma pena.

    De resto, vamos ficar de olho na Espanha. Toda Copa eles são apontados como time em ascenção, mas sempre decepcionam. Quem sabe nesse ano…

  2. Poucas seleções se destacaram ao menos no meu entender. Esperava mais da polonia contra o LDU ops Equador e mais do Japão esses dois me quebraram no bolao hehe
    abraço

  3. Brasília (a cidade, não só os políticos) também parou por causa da Copa. O centro da cidade ficou deserto – pior que em feriado de Semana Santa ou Finados. Em compensação, ao longo da cidade, os barzinhos mais badalados que ofereciam telão lotaram de gente.

    Quanto ao próximo jogo do Brasil, confesso: eu tô com medo da Austrália…

  4. Oi! Nossa… essa descrição do pré-copa pode ser facilmente indentificada pela maioria de nós, pelo visto!!! Senti a mesma coisa ao ir pro jogo.. mesmo de manhãzinha…parece que o uniforme do dia era verde e amarelo!!!!

  5. Ai que argolada que dei, Marmota! É evidente que me enganei, confundindo a sua permanência espiritual na Alemanha (por uma presença corporal. Para a próxima passarei mais atenta, sorry 🙂

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