Finalmente um programa romântico em Porto Alegre. Jantar no sofisticado (mas muito agradável) Riverside´s Grill, no shopping Praia de Belas. Mas a noite ainda estava no começo. Além disso, tínhamos uma cidade inteira para conhecer, em um curto espaço de tempo. Decidimos então por uma volta noturna pelas principais avenidas da capital gaúcha!
Deixamos o shopping e caímos na avenida Borges de Medeiros, em direção ao centro. Depois de uma subida, um viaduto, denominado “açoreano”, rodeado de arcos, muito bem iluminado. Parecia querer nos contar parte da história da cidade. Não paramos para ouvir: seguimos até a avenida Salgado Filho e, algumas quadras depois, entramos na João Pessoa.
Alguns metros depois, já dava para ver o Parque Farroupilha – ou da Redenção, como é chamado pelos nativos. De tanto olhar para os lados, não percebo que as faixas de rolamento são divididas, de acordo com as opções de conversão – ou mesmo para quem quer seguir em frente. Para “saltar” de uma para outra, acabei fazendo uma manobra arrojada (a popular “paulistada”) ao lado de uma viatura da EPTC – ou “azulzinhos”, os nossos “marronzinhos”.
Mas não fomos abordados – já era bem tarde, era de se esperar que nada acontecesse. Sem querer, acabei cometendo outra paulistada alguns metros depois, já na Avenida Ipiranga – uma das mais importantes de Porto Alegre. Ela termina em uma avenida que beira o Guaíba, bem perto da Usina do Gasômetro e do Centro Administrativo Estadual. Ciente de estar no caminho certo, dou de cara com três veículos no sentido contrário. Mais alguns segundos e o estalo: estava na contramão! Parecia ouvir os gritos de “maluco!” dos outros motoristas…
Felizmente, minha acompanhante parecia tão perdida quanto eu. Entre as inúmeras coisas em comum, descobrimos outra durante o nosso passeio: ela também troca a esquerda com a direita. Foi assim para voltarmos ao centro da cidade: passando por trás da UFRGS, entrando num túnel, caindo na rodoviária e voltando pela Avenida Mauá, bem perto do gasômetro. Quando estávamos prestes a dar uma volta completa, dobramos na última rua possível. Fomos parar em frente a Igreja das Dores.
Entre uma conversão e outra, caímos na rua Duque de Caxias. Como naquele comercial de Kodak Ultra, passamos por inúmeros pontos famosos: o Palácio Piratini, a Assembléia Legislativa, o Momumeno à Júlio de Castilhos, o Teatro São Pedro… Tudo em menos de trinta segundos. E nem estava com a máquina fotográfica em mãos.
Alguns metros adiante, outra cena insólita: estávamos no final da Avenida Independência – a “dos hospitais”, quando ouço um aviso: “não repara, mas tem um ladeirão logo na frente, vai parecer que vamos cair”. E era verdade! “Nããão, não quero cair não”, gritava. Tarde demais. A queda foi tamanha que, ao invés de entrarmos na Avenida Goethe como planejávamos, seguimos em frente. Perdidos, de novo.
Caímos na Avenida Ipiranga mais uma vez – e não seria a última – antes de voltarmos a Goethe, um dos pontos de encontro da moçada. Um bar atrás do outro. Um deles, chamado Manara, resiste ao tempo, que como em qualquer metrópole agitada, faz com que aquele antigo point se transforme de uma hora para outra. Como aconteceu com o Veneza, uma mega-danceteria que fez muito sucesso mas acabou fechando. Foi demolida e, aos poucos, vai virando Habib’s.
Mais algumas voltas, agora pelo bairro de Santa Cecília (me senti em São Paulo), para cairmos na Avenida Carlos Gomes, que aos poucos, está se transformando em Perimetral. Enquanto passava pelo lugar, recém inaugurado, lembrava que aquela era uma antiga promessa da prefeitura: evitar os congestionamentos na ligação entre as zonas norte e sul da cidade. Mesmo com custos milionários envolvendo desapropriações e as obras propriamente ditas.
Tanta discussão serviu para que caíssemos mais uma vez na Ipiranga, bem perto das suntuosas instalações da PUC. E mais uma vez na Perimetral, dando a nítida impressão de que estávamos gastando gasolina percorrendo os mesmos lugares. Tudo bem, descobri que os jovens porto-alegrenses também adoram rodar pela cidade: curiosamente, além dos bares, eles também se concentravam nos postos de gasolina…
Bah, que chinelagem…
– Faltou a óbvia explicação do título. Durante três horas percorrendo a cidade, esbarrava a cada instante com as triviais placas indicativas. Três a cada cinco faziam referência a Viamão, uma das cidades da Grande Porto Alegre, que faz divisa com praticamente toda a zona urbana da capital. “Minha nossa, todos os caminhos levam à Viamão”, dizia, espantado.
– Porto Alegre tem o seu “aerotrem” do Levy Fidelix. É o Aeromóvel, um trem monotrilho movido pelo fluxo do ar. A obra, alternativa de transporte com um mínimo impacto ambiental, parou no meio do caminho: os trilhos terminam de uma hora para outra, assim como o dinheiro usado para começar esta brincadeira.
– Está pensando em ir à Porto Alegre e se dar ao luxo de passear de carro? A dica é procurar a Hertz e alugar um – a diária de um “pé de boi” é a mais em conta entre as empresas que prestam esse serviço. Para não se perder, a Livraria do Globo edita o Guia de Ruas da cidade – cujo mapa-índice, com as principais entradas e saídas, você confere aqui.
– Paulistada curiosa, já no retorno ao aeroporto Salgado Filho. Um motorista desatento, guiando sua caminhonete branca, tentava desesperadamente vencer um ônibus, que vinha na direção contrária, num espaço onde só um era capaz de passar. Depois de alguns minutos, o cururu fez o óbvio: deu ré e abriu caminho. “Nem alguns animais que vivem no meio do mato fazem o que muita gente é capaz”, soltou o motorista da van. Assino embaixo!
– Para o leitor assíduo do MMM: o termo “paulistada”, além dos gritos de “maluco!”, fazem referência ao especial Na Ilha da Magia, quando os Estúpidos se encontram com o Rei Medas – clique aqui para matar saudades. E não perca os próximos episódios desta série – mais inspirados, prometo!
Depois de ter gastado quase um tanque de combustível, embora “perdidos” conseguimos chegar em casa… a salvo…-> Na próxima vou aprender as “quebradas” e atalhar o caminho… sem precisar cair na Ipiranga…
Resumindo: quanta barbeiragem! Êh Brasil!!!
Parece eu: senso de direção zero!!!
Isso me lembra a Família Silva que tinha no TV Pirata eu acho! Aahahahah