Sobre os inviáveis relacionamentos a distância. Ou não.

Ela é uma jovem simpática e cheia de esperanças. Sonha com o príncipe encantado, mas se diz bastante feliz com o atual namorado. Na última semana, porém, a nossa heroína quase conseguiu o que tanto almeja: um antigo conhecido, boa pinta e extremamente qualificado, reapareceu em sua vida.

O rapaz cresceu ao seu lado, na mesma vizinhança, fazendo com que os dois tivessem uma bela história de amizade e companheirismo – isso até o mocinho ir embora para a Europa. Sua aparição atual, depois de alguns anos, despertou em nossa heroína sentimentos que sequer eram cogitados até poucas horas.

A passagem do nosso “Don Juan” ao Brasil seria breve. Por isso mesmo não perdeu tempo: chamou a bela jovem de jeito e propôs a ela um belo futuro a seu lado. Disse que não suportava mais tanta saudade, que somente ela trazia dentro de si tanta formosura, capaz de transformá-lo no ser mais feliz da face da terra.

O xaveco furado não foi suficiente para convencer nossa protagonista. Não apenas pelo fato de seu atual cônjuge ficar em profunda mágoa com isso, mas principalmente pelo oceano inteiro entre Europa e São Paulo, que o tratariam de mantê-los bem longe.

“Ora ora, mas isso não é qualquer problema”, tratou de emendar o galanteador, retirando do bolso uma passagem para Londres. “Venha comigo, eu insisto. Nos primeiros dias trato de custear tudo, mas com o tempo você conquistaria sua independência e seria feliz, comigo!”, argumentou insistentemente.

Antes de contar a você qual foi a resposta dela, vamos lembrar a pergunta que esteve no ar aqui no MMM durante os últimos dois meses, sobre relacionamentos à distância. Com os problemas que tivemos recentemente, nossa enquete precisou começar do zero há algumas semanas. Mas o resultado final foi praticamente o mesmo nos dois casos.

Nossos visitantes se mostraram divididos em relação ao tema, mas o lado negativo falou um pouco mais alto. Entre os favoráveis, 30% dizem que permanecem felizes em seus namoros, mesmo havendo algum empecilho geográfico. Outros 15% encaram com naturalidade esta modalidade, já que a Internet permite esta aproximação entre “almas gêmeas”, onde quer que elas estejam. Temos ainda um pobre coitado que votou na opção “Com o meu desespero, estou topando!”.

Do contrário, 20% já encararam um relacionamento à distância e não recomendam. Outros 30% não acreditam que algo assim dê certo, pela falta da convivência diária entre os parceiros – sem falar em uma provável falta de perspectiva, afinal um dos dois lados precisa “largar tudo” para que isso aconteça. Corroborando a tendência negativa, menos de 1% dos visitantes disseram que já namoraram dessa forma e fariam de novo.

De fato, a distância assusta muita gente, inibindo muitos casais que poderiam ser muito felizes. Problemas existem, e isso é inegável. Mas mesmo quem namora a mesma pessoa há anos, como ocorre com a nossa amiga do começo da história, passa por maus bocados mesmo morando na mesma cidade. Sem falar em outros rolos complexos, que viram “à distância” sendo na mesma rua. As palavrinhas chave são as mesmas em todos os casos: amor, paciência e compreensão.

Se você não deu a sua opinião sobre o tema, abuse dos nossos comentários. Aproveite para votar em nossa nova enquete, sobre o horário de verão – esse maldito ritual, adotado pela 30ª vez, que faz com que eu me atrase uma hora, invariavelmente, no meu plantão de domingo. O objetivo do Governo ao alterar os relógios das regiões Sul, Sudeste e parte de Centro-Oeste até 14 de fevereiro é economizar meio porcento de energia. Ou não, sei lá.

Quanto ao fim da história, ela ponderou, pensou no trabalho, na família e no namorado. Olhou de novo para o boa pinta, percebeu que não nutria um sentimento tão forte assim por ele e concluiu: “você surtou, só pode ser isso”. E decidiu continuar sonhando com aquele rapaz garboso montado em um cavalo branco. Pode ser que, um dia, ele apareça. Sem passagens aéreas.

Comentários em blogs: ainda existem? (9)

  1. Esta história de horário de verão me lembrou minha ida ao Rio, em 2001. Estava passeando no calçadão de Ipanema quando uma repórter carioca da Globo veio me perguntar sobre o assunto. Eu falei que era favorável, porque já era tradição. Resposta rídicula, por sinal.

    Eh, Brasil

  2. Por experiência própria, Marmota?
    Eu não iria. A não ser que acreditasse realmente que o “Don Juan” é meu príncipe encantado e que o “felizes para sempre” é plenamente possível, inclusive com alguma certa perspectiva de emprego etc desde logo, pois em “amor numa cabana”, nem que seja em Londres (se é que tem cabana em Londres) eu não acredito. E não deve ter coisa pior do que ter que pedir dinheiro pro namorado até pra comprar absorventes, só pra citar algo bem ilustrativo.

    Não, nunca larguei tudo e quebrei a cara, mas já tive proposta parecida, não aceitei e acontecimentos posteriores me deram a plena certeza de que não daria certo, me deixando um certo alívio!

  3. André,
    desta vez tenho q concordar com a moça que foi bem lucida.
    Ela pode não estar totalmente feliz com a vida atual, mas não foi maluca o bastante pra ir atrás de um convite que mais parece carência em leilão.
    Caras brasileiros que se mudam para o exterior ficam desesperados atras de mulheres que também o sejam e topem ir morar por lá.
    Conheço vários. O problema é que as garotas estrangeiras são bem diferentes.
    Podia ser que ele só estivesse a fim de tapar um buraco. Quem sabe se ela foi mesmo a primeira a ser convidada? Ninguém cai do céu assim com uma passagem na mão. Porque ele não sondou as intenções dela antes?
    Se ela tivesse ido certamente iria se decepcionar.
    Mas como vc sabe sou totalmente favoravel a relacionamentos a distancia.
    O meu vai indo incrivelmente bem.
    E me mudo em breve pra la.
    bjos

  4. Eu queria dar opinião, mas é difícil sem realmente conhecer os envolvidos, ainda que o texto seja bastante esclarecedor. Só acho que cavalos brancos andam fora de moda desde os tempos do Napoleão, hoje em dia um corcel negro faria mais sucesso, não?

  5. O que eu acho é: siga seu coração. Seja perto, longe, mais ou menos, tanto faz… às vezes a distância realmente não se resume à geografia – afinal, sempre existe a escala do final de semana para atrapalhar, não é?

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