É curioso perceber que, durante duas semanas, a monocultura do futebol – um fato inegável em nosso país – se transforma. No caso dos Jogos de Atenas, a coisa ainda é mais clara, já que nossa competente seleção brasileira não conseguiu se classificar no Pré-Olímpico, em janeiro.
Assim, o país se transforma no país da vela. Modalidade que, pela TV, é um verdadeiro martírio. É como se fosse a Fórmula 1 em câmera lenta. Mas por uma obra do acaso, o “Schumacher” da classe Laser (um dos nove tipos de barco que competem em Atenas) nasceu em São Paulo. Além de Robert Scheidt, outros navegantes carregam chances de medalha olímpica.
Ou ainda o país do judô. Com as conquistas de Henrique Guilheiro e Flávio Canto, o esporte chegou à marca de 12 medalhas – mesmo número do atletismo e da vela, modalidades que mais renderam louros ao país em sua história olímpica. Independente disso, tenho certeza que muita gente acordou cedo para torcer por ippons, waza-aris ou mesmo shidos para os oponentes (aquele sinal com os braços que lembra a “reversão”).
Existe ainda outro esporte que, durante os 15 dias de ausência do futebol, deixa sua posição de vice para assumir o comando: o vôlei. E os atletas estão cumprindo bem a missão – haja vista o confronto entre Brasil e Itália da última quarta-feira. Aquele tie-break de 33 pontos foi uma das coisas mais eletrizantes que há muito não se via.
E vou mais longe: a última vez que um evento esportivo reuniu tanta gente diante do mesmo televisor (aqui na redação, Luis) foi em julho de 2002, na final da Copa do Mundo de futebol. E pensar que esse Brasil x Itália foi apenas a segunda partida da primeira fase…
Pena que, passados os Jogos Olímpicos, todas as atenções voltam para o bom e velho curintia. E ninguém vai lembrar que o Brasil está se tornando, aos poucos, o país da natação, do handebol, da ginástica artística…
Eh, Brasil! – Maldição! Por culpa do Honorato (o Honorato, Deus do céu…), do Mário Sabino e da Edinanci, minha previsão das três medalhas tomou ippon nos primeiros segundos… E podem escrever: pelo menos três das quatro duplas do vôlei de praia vão rodar também!
Justiça seja feita – Não dá pra dizer que o Thiago Pereira, mesmo tendo a terceira melhor marca do ano nos 200m medley, amarelou ao nadar na mesma prova do Nerso. O rapaz tem 17 anos e tem pelo menos umas cinco Olimpíadas pela frente – assim como as belas meninas do revezamento.
Alô Marmota – Fernando Max, criador do “Eh, Brasil”, pergunta: não teríamos atualizações diárias por aqui? Pois é, a coisa tá feia… Mas garanto que amanhã tem mais. Sempre tem. Aproveito para lembrar aos amigos que o relapso aqui está praticamente alheio ao mundo exterior – ao menos até o dia 29 de agosto.
Atualizado – Disse que três das duplas do vôlei de praia iam se estrepar… Pois agora é fato consumado: elas podem se enfrentar logo nas quartas-de-final, acabando com qualquer chance de duas duplas brazucas no mesmo pódio…
Ahá! Finalmente descobri quem é a criatura que estampa o banner do “Êh, Brasil!”
Em tempo…”em tempo”, não. “Em tempo” é termo de redator limitado! :-p
Existem três tipos de punição no judô:
shidô – equivale a 1/8 de ippon
chuí (pronuncia-se “tiuí”) – equivale a 1/4 de ippon
hansoku make – desclassificação.
As punições podem ser aplicadas tanto por falta de cambatividade, como por atitude anti-esportiva (um chute no saco, por exemplo).
Caro Marmota,
Como sempre, você está corretíssimo! Assistir vela pela TV é um desafio de Morfeu. Pessoalmente, não entendo até onde vai a prova, quando o barco tem que virar… Já viu, né? Quanto ao Honorato, foi feio. Foi muito feio. Não ele ser desclassificado. Mas ele ser desclassificado depois de lutar apaticamente, e de ter dito para todo mundo que não se contentava com menos que o ouro. Abração, Marmota!
Oi André!
Meu comentário fica no futebol…
Tu já reparou que, justo quando começaram as Olimpíadas, a Confederação Brasileira de Futebol lançou uma propaganda na TV falando das conquistas das nossas seleções?
Não tenho memória muito boa, mas não lembro de já ter visto propaganda do gênero, no caso do futebol. Francamente… Patético…
E a tua cobertuda das olímpiadas está muito interessante, viu?
Bj!
Apenas por curiosidade, de onde tu tirou aquele dado sobre a audiência da partida de vôlei? Achei estranho, ainda mais porque rolou dentro do horário comercial.
Só para complementar, acho que a papagaiada do “quem matou Lineu” deve ter reunido mais gente em frente a TV. E esse é apenas um exemplo 😉
Luis, a estatística é interna (contei apenas o povo que trabalha no prédio). Sobre a audiência geral, precisava comparar Brasil x Itália com Brasil x Haiti, que foi praticamente no mesmo horário…
Ah bom 🙂
Eu não quis ser cri-cri, me perdoe se isso soou xarope, mas é que a afirmação realmente me surpreendeu e eu fiquei curioso em saber se isso apareceu oficialmente em algum lugar.
Eh Brasil!
Marmota, terça-feira eu tô aí. De repente, dou um pulinho na Gazeta, se houver tempo…
Quanto à natação, já tem gente dizendo que o fato do Brasil não trazer medalhas foi decepção. Mas o fato é que o nível está cada vez mais alto. O tempo do Fernando Scherer que o deixou em 7o. foi melhor que o tempo que deu a ele a medalha de bronze no seu triunfo olímpico anterior.
Tenho acompanhado na medida do possível e feito alguns comentários no meu humilde blog, o Cinzas de Batalha. Deixo o convite para quem desejar conhecer:
http://www.marcelobatalha.blogger.com.br/
Um abração,
Marcelo Batalha