Sai caro ser voluntário…

Por trás do sucesso das competições, onde brilham os atletas, ou mesmo das cerimônias e frufrus, onde quem aparecem são as celebridades, existe o trabalho dos voluntários. São dezenas de milhares, entre 18 e 31 anos, envolvidos apaixonadamente em diversos setores da organização: esportes, serviço médico, tecnologia, auxílio ao espectador, recepção turística, transportes… Enfim.

Segundo os organizadores dos Jogos de Atenas, nunca um recrutamento olímpico despertou tanto interesse: foram incontáveis os formulários de interesse, enviados dos quatro cantos do mundo desde janeiro de 2002. Inclusive do Brasil.

Uma das voluntárias selecionadas é a jornalista Laura Prado, que como toda boa aquariana, adora viagens, variação de atividades, conhecer gente do mundo todo…

Depois de quebrar todos os cofrinhos possíveis, driblar a crise da imprensa e conseguir uns trocados para viajar, ela está pronta: embarca no próximo dia quatro de agosto para cuidar de transporte de oficiais técnicos. No tempo livre, vai passear por Atenas, comprar cartões postais para a minha coleção e cuidar de um blog especial no UOL Esporte – mais uma demonstração que como essa ferramenta pode ser útil ao jornalismo, aliando dinamismo e interatividade a informações pessoais e, com isso, mais próximas dos internautas.

Tá, chega de lero-lero e vamos bater um papo com a viajante!

Marmota olímpico: Bom, vamos lá. Comecemos com o princípio: como assim “voluntária em Atenas”? De onde saiu a idéia de ir trabalhar nas Olimpíadas?

Laura Prado: Bom, a história é a seguinte: minha irmã, que é viciada em esportes, falou sobre isso, disse que ia se inscrever. E eu, que não tinha nada melhor pra fazer, me inscrevi também. Nem pensava em ir realmente, sabia que ia ser um gasto astronômico e etc. Isso foi em agosto do ano passado, acho. Mandei o formulario no site e nunca mais ouvi falar deles. Achei que nem iam me chamar. Só em março é que recebi o questionario e só em maio me disseram que era certeza. Me chamaram, eu nem acreditei. E ontem eu assinei o contrato e enviei pra Atenas!

Marmota: Mas então, antes de bater o martelo, surgiu uma dúvida: “vou ou não vou”. E aí?

Laura: Quando chegou o contrato , pensei pensei e pensei: não tenho grana. Mas quero ir. Mas eles não pagam nada! Como vou fazer? Fiz umas contas, penei e cheguei à conclusão de que não ia, porque ia ser caro demais. Comecei a entrar nos fóruns de viajantes e entrar em contato com gente que também ia, pra achar outros voluntários, e também ver quanto as pessoas estavam desembolsando pra ir. A sorte suprema foi que eu conheci uma menina, daqui de São Paulo também, que tinha se inscrito pra ser voluntaria. E ia de qualquer jeito. Ela estava ligando pra embaixada brasileira lá, pra conseguir acomodação, pra igreja ortodoxa grega, pra deus e o mundo. Enfim, essa menina conseguiu acomodação de graça na casa da amiga de uma amiga de uma amiga, e me incluiu nisso! Ela é tudo!

Marmota: Que sorte a sua! Mas você sabe se vai muito brasileiro, além de vocês duas?

Laura: Muitos! só dos fóruns que eu frequento, vão umas dez pessoas que eu conheci. Mas todo mundo conhece ainda outros que também vão. Estamos até combinando uma festa brasileira por lá!

Marmota: Legal! E a sua irmã, vai também?

Laura: Vai, mas só por uma semana lá, passeando mesmo. No fim, não conseguiu se inscrever pra voluntária.

Marmota: Entendi. Enfim, Além de filar hospedagem na casa da amiga da amiga, o que mais você pensa em fazer pra economizar por lá? Sai caro ser voluntária?

Laura: Sai, viu… Estar em qualquer país onde tá rolando um evento desse tamanho é caro. Porque todo mundo tenta te meter a faca. Uma brasileira que mora lá (indicada pela embaixada) queria cobrar 150 euros por noite pra gente dormir na sala. De cada uma! Sem café da manhã, nada! Enfim, o comite olimpico fornece um almoço por dia e a gente pode usar transporte publico de graça. isso já vai ajudar bastante. De resto, a gente vai se virar com muito pão de forma e miojo!

Marmota: Hehehehehe! Bom, ao menos você conseguiu arrumar um freela – depois de correr muito, né?

Laura: Isso aí. Estava tentando de todos os lados possíveis. Queria aproveitar essa oportunidade do voluntariado pra ganhar algo com isso. Afinal, sou jornalista pra quê? Aí o UOL se interessou pelo projeto. Pode esperar pelo blog da voluntaria a partir de 9 de agosto!

Marmota: Sensacional! E como vai ser o blog? Que tipo de “cobertura” você pretende fazer?

Laura: Bom, ainda não tenho nada 100% definido, porque não sei como vai ser minha mobilidade dentro da Vila Olímpica. Se eu puder andar pela vila tranquilamente, a idéia é fazer relatos do que eu vir por lá. Um atleta andando por aí de chinelos e calção, um nadador agarrando uma ginasta, o que houver. Tentar mostrar momentos divertidos e humanos das pessoas envolvidas com o evento e o esporte. É menos voltado para o lado “voluntário” e mais para o “insider”, sabe?

Marmota: Legal. E usando blog como ferramenta jornalística…

Laura: Ainda não foi decidido o formato completo, porque a idéia é ter mais coisas, fotos e afins, tudo conjugado numa coisa só. Então ainda estão estudando qual vai ser a melhor solução, mas tenha certeza que a cara e a linguagem serão “bloguísticas”!

Marmota: E aos poucos a “cara de blog”, mais pessoal e próxima dos internautas, vai ocupando o jornalismo, né? Mas enfim, o que você vai fazer lá? Recepcionar atletas no aeroporto?

Laura: Hehehe! Infelizmente não, Eu vou dar assistencia no transporte de oficiais técnicos. Árbitros, juízes, etc. Minha amiga vai ficar no transporte do centro de imprensa. Espero que seja produtivo, como material…

Marmota: Ah, sim! Você vai se deslocar bastante, vai ver muita coisa – sem falar que poderá conversar com quem mais entende dos esportes!

Laura: É, também acho… Vou falar com gente que manja e ama a coisa!

Marmota: Aproveite pra falar pros juízes de ginástica artística que a avaliação deles é totalmente subjetiva. Isso deixa eles putos da vida, vão te encher o saco falando que existem “critérios técnicos” e o cacete. Tudo balela!

Laura: Huahuahuahuahuahua! Genial!

Seguimos em contagem regressiva: menos de 40 dias…

André Marmota tem uma incrível habilidade: transforma-se de “homem de todas as vidas” a “uma lembrancinha aí” em poucas semanas. Quer saber mais?

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Comentários em blogs: ainda existem? (3)

  1. Eu já fiz tanto trabalho voluntário que desanimei, mas ir pra Atenas é um bom incentivo… Não, atualmente estou no melhor do esquema economia-total-para-projeto-de-própria-moradia.Marmota, você poderia incluir/divulgar o link do blog dela pra gente acompanhar? Obrigada, Ju

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