Raaaiii definiiichionnn!!!

Eu ainda não me animei completamente com a idéia de investir alguns trocados num conversor e experimentar a tão falada TV digital. Primeiro porque, para que o trocinho funcione corretamente, são necessários três requisitos básicos: morar em uma cidade que já transmita o sinal digital (dã), uma televisão batuta e antena UHF.

O último item é, certamente, o mais simples: quem já consegue sintonizar canais imperdíveis como o Mix TV, a MTV ou o Canal 21 (que voltou ao nome de origem depois de ser rebatizado por “Play TV”) já está praticamente apto. Não é o meu caso: ainda sou do tempo da boa e velha antena externa no telhado, feita da mais pura lata oxidante. Na última mega-montagem seguida pela power-troca, a armação UHF mostrou-se extremamente deteriorada. Vai demorar até instalarmos a substituta…

O item seguinte é o mais caro, ainda. Torço para que a evolução das telas de plasma e LCD – cujos modelos mais recentes estão preparados para a resolução de 1080 linhas do sinal HD – seja inversamente proporcional aos preços. O mesmo se aplica aos conversores: alguns aparelhinhos chegam a custar o mesmo valor de um bom televisor tubão velho de guerra. E para comprar uma caixinha apenas para turbinar minha TV arcaica e ver qual é, pra quê?

Soma-se a isso o fato das emissoras ainda não aproveitarem de verdade as vantagens do sinal digital. Mesmo as mais elementares, que não dependem de qualquer interação do público, como a possibilidade de transmitir, no mesmo sinal, quatro canais diferentes. O que custava para a Globo liberar um “canal degustação” do SporTV durante as Olimpíadas, por exemplo? Vou mais longe: se tomarmos apenas a programação atual como referência, o que vou fazer com a altíssima resolução de Galvão Bueno, Palmirinha Onofre, Luciana Gimenez, entre outras atrações?

Mas enfim. Comecei a repensar minha bronca ao conhecer os novos brinquedinhos de um amigo. Ele já ostentava uma TV de LCD em casa, e graças a uma pesquisinha vagabunda na Internet, encontrou o set top box a um precinho bastante camarada. Assim, do dia para a noite, a sala recebeu a visita do que Silvio Luiz vem chamando, em suas narrações olímpicas, de “raaaiii definiiichionnn!!!”.


Brasil x Nigéria entre mulheres: graças ao Dunga, foi o
único duelo futebolístico entre estes dois países em Pequim

A baixa definição das fotos tiradas a partir do celular talvez não ajudem. Mas para quem assistiu a alguns eventos na humilde TV de 14 polegadas do quarto, com direito ao que minhas tias chamam de “um vurto a mais” no canto da tela, a diferença é de saltar os olhos. Incrivelmente sensacional.

Provavelmente você já deve ter ouvido falar nas readaptações das emissoras, que precisam ficar atentas aos cantos da tela (imagem desprezada nos televisores tradicionais, mas que faz a diferença em HDTV). Pois veja os caracteres que, normalmente, informam o placar do jogo e outras informações: essa quantidade extra de imagem traz uma sensação de bem estar, especialmente diante de um jogo de futebol.

Ainda não tive acesso a estatísticas relacionados a HDTV durante os Jogos Olímpicos, mas certamente os números não serão muito animadores: no primeiro semestre de 2008, houve muita confusão a respeito da nova tecnologia, o que deve representar uma audiência bem baixa. Agora, numa comparação grosseira, a TV digital está para os Jogos de Pequim assim como a Internet estava para os Jogos de Atlanta.

Traduzindo: não há dúvidas de que o consumidor vai embarcar nessa onda nos próximos anos, a ponto de uma bela maioria acompanhar a Copa de 2010 usufruindo das maravilhas do “raaaiii definiiichionnn”. Especialmente se o Brasil estiver na África do Sul sem o Dunga.

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