Pode ser impressão, mas desde que o Conar, em comum acordo com os publicitários, estabeleceu critérios para regulamentar a propaganda de bebidas alcoólicas, parece que a criatividade dessa turma foi mutilada. Talvez para não transmitir a idéia de que só se vende cerveja com algum tipo de apelação ou incentivo descarado, vai saber. Ou será realmente possível acreditar que trata-se de um turbilhão de idéias geniais? Será? Será?
A sensação de que os siris e tartarugas fazem falta é maior para sujeitos como eu, que detestam cerveja e adorariam passar as férias na Ilha Quadrada, em detrimento a banalização das bundas e apoio incondicional aos beberrões da praia. Independente da minha visão careta de mundo, a opinião é a mesma da maioria dos nossos visitantes, que participaram em peso da nossa enquete: foram 121 pessoas – obrigado!
Desse total, 43% definiram como “insuportáveis” todas as propagandas de cerveja bombardeadas a cada minuto através de nossas televisões. Entre a gama de opções, alguns nomes individuais se salvaram. É o caso da Antárctica, rejeitada por pouco mais de 4%. Sinal de que a BOA – Bebedores Oficiais de Antárctica, com direito a hino, Bussunda e Juliana Paes, até passa.
Outra “poupada” pela crítica é, na verdade, uma surpresa: com 6%, temos o nananana da Brahma, cuja entonação diversificada entre as vozes-padrão das chamadas simplesmente detona com a identidade da expressão. Mais do que isso, promoveram o nananana a verso de jingle. Cá pra nós, fico com a introdução de “Puteiro em João Pessoa”, antiga canção dos Raimundos: na na na o diabo!
Quem também praticamente escapou foi a Nova Skin, com 7%. De fato, colocar dois sujeitos numa praia de ivetes sangalos, ou contar com atores globais para defenderem a “nova” diante das velhas, me parece algo pouco ousado – bem diferente do lançamento da marca, que deu origem ao bafafá Zeca Pagodinho. Mas enfim, de lá pra cá, acredito que todos chegaram a uma única conclusão: a cerveja é ruim mesmo. E olha que nem citamos a tal NS2, mistura horrenda de cerveja, tequila e limão…
Finalmente, uma marca cuja votação ultrapassou os dois dígitos. Com 13%, o “Vem Kaiser Vem”. Até que, para a TV, o samba-rock mequetrefe da campanha não sobressai tanto: os criadores conseguiram mesclar o bordão com algumas idéias engraçadinhas – como convidar a Taís a integrar a mesa ou convocar o falecido do céu para uma “escala”. Mas tente ouvir a voz cavernosa do cantor e seus versinhos modorrentos (posso abusar / vou pedir mais um pouquinho / então vem cá / deixa eu falar de pertinho) na propaganda de rádio. Pra ser ruim, tem que melhorar muito.
Enfim, a campeã. Será que você adivinha qual foi eleita a mais insuportável? Será? Será?
Ele mesmo. O personagem Serazinho, criado para a Skol, empesteou o verão com o seu “redondo será”. E criou-se o meme: não demorou muito para que o grunhido “será” fosse propagado como vírus. Certamente os criadores da campanha ficaram extremamente satisfeitos em ver a reação em cadeia gerada por esse cururu engraçadinho. O que, pressuponho, possa significar um problema: até que ponto vale a pena fixar sua marca tendo como base algo tão sacal? Não seria um anti-marketing?
Ou será que estou sendo ranzinza e ignorando a linguagem jovem e inovadora desse tipo de peça publicitária? Será que é um mero desrespeito a uma categoria vital na vida do ser humano, voluntariosa e preparada para nos oferecer sempre os melhores produtos? Será que estou sendo exagerado demais pelo fato de não tomar um gole de cerveja e, por essa razão, me sentir deslocado diante das possibilidades (entenda-se “muié”) que poderia alcançar com uma garrafa na mão?
Será? Será?
Enfim, já está no ar nossa nova enquete, sobre outro fenômeno televisivo exibido pela Errei de TV. Será que alguém vai votar? Será?
André, acho que esse pessoal precisa tomar uma cerveja para abrir a criatividade. Ou então entrega o serviço pros profissioná, nóis!!
É coincidência. A regulamentação do Conar não tem absolutamente anda a ver com a cretinice dessas campanhas.
Por exemplo, a primeira campanha da Schin, com o Zeca Pagodinho, é estruturalmente igual a todas essas. Mas tinha uma grande idéia por trás (a do Zeca Pagodinho para a Brahma, por sua vez, também tinha; mas eu não vou entrar nesse assunto). Coisa que eu não consigo achar no “Vem Kaiser Vem” e outras do mesmo quilate.
O que acontece é pura e simples falta de criatividade, aliada ao fato de, aparentemente, publicitário andar em bando e seguir desesperadamente a tendência do momento. Se o Fábio Fernandes usa uma tartaruga, outro vem e coloca um siri (ou vice-versa, sei lá). Se alguém pensa num “guetardado”, outro vem e usa um imbecil. E assim vai. Por outro lado, temos paulistas fazendo comercial de cerveja em pescaria (passatempo paulista, até onde sei; o resto do Brasil vai à praia — com exceção de Minas, que vai ver avião), ou com aquela visão acariocada do eterno verão.
Talvez o pior caso seja o do baixinho da Kaiser; quando ela mudou de agência, resolveram acabar com o personagem, substituindo por algo como “Kaiser é 10”.
E se você conseguir uma mulé que seja — pode ser o maior bagulho — só por estar bebendo cerveja, André, me avisa que eu me torno alcoólatra…
Ei, anonymous uma ova! Eu sou Rafael Galvão! Anônimo só quando eu, trocando rr por gg e cantando nanana, virar alcoólatra de tanto pegar mulé… 🙂
As propagandas que eu achava mais criativas eram as da Skol. Mas realmente essa do “Será” acabou com minha simpatia. Mas uma coisa eu tenho certeza: “Nananana”, “Será”, “Vem Kaiser Vem” e “A Boa” são os filhos invejosos do “Experimenta”.
Ah, já bebi muita cerveja e nunca vi tanta mulher se aproximar de mim por causa disso. Devíamos, isso sim, é processar as cervejarias por propaganda enganosa, heeheehee.
O “Será” é simplesmente medonho… Quando vi pela primeira vez o raio da propaganda tive vontade de nunca mais tomar cerveja… Exceto uma boa Erdinger, que não precisa de propaganda, hehehe.
Cadê as fotos dos anúncios da Antarctica com a Juliana Paes mostrando suas curvas maravilhosas e seu rostinho lindo? Dane-se a celulite. Com celulite e tudo, daria minha vida para ficar com a Juliana Paes.